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1035 Words
Uma semana antes... Vénus Dovin Entro no corredor da minha faculdade e parece que o tempo para, vários rostos se viram em minha direção, com olhares julgadores, sorrisos maldosos. Baixo minha cabeça tentando evitar encarar os olhares em minha direção. O que está acontecendo? __Olha a p**a passando, cara de santa mas não passa de uma p**a como a mãe- ouço alguém dizer é várias gargalhadas explodem ao meu redor. Meus olhos marejam, mas faço esforço para engolir a bola em minha garganta me impedindo de chorar. Continuo meu caminho ouvindo comentários ainda mais maldosos. Quando chego na porta da minha sala vejo o porquê de tantos comentários. Na porta da sala tem uma foto bem grande de mim nua. Lágrimas descem pelo meu rosto de raiva, humilhação, dor, vergonha e muito mais. O que eu fiz para merecer isso? Arranco a foto da porta ouvindo risos atrás de mim, entro na sala e me sento no meu lugar de sempre. Minha vontade é de voltar para casa e me jogar na minha cama. E se tiver coragem acabar com a minha vida para não ter que olhar para esses rostos novamente. Mas sei que se voltar para casa mamãe não vai gostar e estarei sendo fraca. Nunca fujo das coisas, mesmo que eu vá morrer no processo. Assisto todas as aulas ignorando os comentários em minha direção, fingindo que não é comigo. Quando o sino toca na última aula, dou graças às asas e espero todos saírem. Me levanto arrumando meus materiais pronta para ir embora. __Senhorita Dovin- olho para a porta de onde vem o chamado e suspiro totalmente esgotada__Me acompanhe até a directoria. Não digo nada e simplesmente sigo a directora até sua sala, meus olhos marejam novamente quando vejo fotos minhas coladas pelos corredores da faculdade. Entro na sala da directora e sento na cadeira que ela me indica. A velha senta e me encara por um tempo até que abre sua gaveta e tira um papel estendendo em minha direção. Pego o papel e vejo minha foto nua porém ao lado há algo escrito. 50 por noite. Uma lágrima desce pelo meu rosto e a limpo imediatamente encarando a directora. Ela deve punir quem fez isso, mesmo eu sabendo quem foi. A merda do seu filho. __Senhorita Dovin, aqui é um lugar de aprendizado e não um lugar angariar mais clientes. O..o que ela acabou de dizer? __O que a senhora está insinuando?- pergunto tentando controlar minha raiva. __Não estou insinuando, estou afirmando. Aqui não é lugar para divulgar uma profissão tão baixa e ainda por cima espalhar por toda a instalação. Me levanto esmagando o papel em minha mão e jogo em sua direção batendo em seu rosto. __A senhora é tão burra ao ponto de não perceber que armaram isso tudo para mim, a senhora é tão cega ao ponto de não perceber o que eu passei todos esses meses nessa merda de faculdade. Que tipo de directora é a senhora? __Se não está feliz com o tratamento em minha instituição sugiro que procure outro lugar- diz se levantando me encarando com superioridade. Respiro fundo várias vezes tentando engolir toda essa humilhação. Eu aguento isso, eu sou forte. Sorrio para ela e limpo as lágrimas que fugiram dos meus olhos. Dou a volta a sua mesa ficando de frente para ela e sem me conter bato em seu rosto com toda a minha força, seguro a parte de trás do seu pescoço e bato sua cabeça em sua mesa. Com seu corpo tonto e fraco a faço sentar em sua cadeira a virando em minha direção. Vejo medo em seu olhar, a coitada nem conseguiu gritar. Sorrio para ela observando seu rosto se banhar do sangue que está saindo de uma a******a em sua testa. __Lembre-se bem do meu rosto, do meu nome e do que irei dizer agora. Eu Vénus Dovin juro nunca descansar até ver você, o merda do seu filho e toda a maldita faculdade que se ajoelha aos vossos pés, se ajoelhar aos meus pés, pedindo, implorando para não acabar com a vida mesquinha de vocês. Passo meu dedo pela sua bochecha levando seu sangue e o chupo olhando para ela vendo o espanto e medo. Um juramento de sangue. Me afasto dela e pego minha mochila caminhando até à porta, saio daquela sala e da faculdade sem olhar para trás. Cansei de ser contida, de ser calma, cansei de usar a educação que minha mãe me deu, cansei dessa maldita cidade. Sempre crecí sendo m*l encarada, vendo as crianças fugindo de mim, por não aceitarem minha mãe e a mim. Primeiro por ela ser n***a, segundo por ela ser mãe solteira, terceiro por ela ser uma exilada de Vod. Todos temem os Vod, o povo mais poderoso do universo e minha mãe foi expulsa desse povo e isso fez com que todos nos tratassem super m*l. Eles dizem que mamãe dormia com os inimigos de Vod e o Rei descobriu a expulsando de la. E mamãe só tinha quinze anos. Mamãe quis me proteger desde sempre, a partir do momento que ela viu a forma que as outras crianças me tratavam ela decidiu me educar em casa. Contratou alguns professores que me ensinavam e isso foi até eu completar dezanove anos e querer ser uma garota normal. Implorei mamãe que me deixasse entrar na única faculdade da cidade, fiz de tudo para ela aceitar e assim ela o fez. Eu só não imaginava o que me esperava ao pisar naquela maldita faculdade. Entro em casa completamente nervosa batendo a porta com força. __Quer quebrar a porta Vénus?- pergunta brava saindo da cozinha, assim que ela me vê sua expressão muda__O que aconteceu? __O QUE ACONTECEU?, ACONTECEU QUE EU ESTOU CANSADA DESSA VIDA DE MERDA, ESTOU CANSADA DESSA CIDADE, DA FACULDADE. ESTOU CANSADA DE VIVER MÃE, EU ODEIO MINHA VIDA. __Vénus se acalme e conte o que aconteceu?. Alguém te machucou?, fizeram algo? __Me machucaram a muito tempo mãe e tenho a certeza que se eu tivesse um pai, se eu tivesse alguém para me defender nada disso teria acontecido. Digo e subo as escadas correndo até meu quarto e me trancando nele. Sem nenhuma vontade de sair dele nos próximos meses.
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