Inseguranças

1365 Words
Nicole Após deixar Eloá na escola, encontrei com Emily e Charlotte para um café, conforme tínhamos combinado por telefone. Eu precisava conversar com alguém e ninguém melhor que as minhas irmãs para isso. — O que houve? — Emily perguntou antes mesmo que eu conseguisse sentar. — Preciso de um café — Desconversei. Emily e Charlotte conseguiram esperar que fizéssemos os nossos pedidos, mas logo que o garçom saiu, elas voltaram sua atenção totalmente para mim. — Notei que você tem andado estranha — Charlotte comentou — O que Martina aprontou dessa vez? Foi impossível conter as lágrimas naquele momento. A minha amiga me conhece bem o suficiente para saber que eu não estava bem, mesmo eu tentando enganar a todos. — Charlotte comentou comigo, mas pensei que seria apenas tensão pelo início do semestre na faculdade. A minha irmã não poderia estar mais longe da verdade. — A faculdade é o menor dos meus problemas, Emily — consegui dizer, limpando o rosto discretamente. — Então fala logo o que aquela bruxa da Martina fez — Emily pediu. Mesmo sem saber o que aconteceu, Emily já estava com raiva da ex-mulher do meu namorado, o que é bastante compreensível, afinal, aquela não seria a primeira vez que Martina me importuna e tampouco a última. — Ela me encontrou no parque, quando fui passear com Eloá — contei, tomando um gole generoso do café — Martina me disse coisas horríveis! Falou que tem provas de que Oliver e eu tínhamos um caso antes mesmo da separação entre eles. Que isso vai ajudá-la a conseguir a guarda da filha. — Não posso acreditar em tamanho disparate! — O rosto de Emily estava vermelho de raiva — Eu não consigo entender por que Martina insiste tanto em obter a guarda da nossa pequena, quando todos sabem que ela não está nenhum pouco interessada em ficar com a filha. — Ela não quer a guarda de Eloá por amor à filha, isso é claro para todos — Charlotte apontou com o seu costumeiro bom senso — O que ela quer é infernizar a vida do Oliver e da Nicole. E nada melhor que usar a própria filha para atingir os dois. — Mas vocês não tinham um caso! Vocês só se envolveram depois da separação. — Ela tem pessoas que podem depor a favor dela, Emily — Apontei o óbvio — Todos os funcionários da casa são fiéis a Martina. Assim como também pode distorcer vários fatos em seu favor. Ela já fez isso antes, pode fazer novamente. Martina tinha usado algumas fotos de passeios onde eu acompanhava Oliver e Eloá, mas foram tiradas quando estávamos apenas nós dois, e elas se tornaram bastante comprometedoras por terem flagrado momentos em que nós estávamos nos encarando. É nítido para qualquer um que vi aquelas imagens que há sentimento entre nós, Oliver tinha contado. — Eu sei que Martina só está fazendo tudo isso porque ela não aceita perder Oliver para alguém como eu — desabafei com tristeza — Uma garota pobretona e sem glamour algum, como ela já repetiu várias vezes. — A babá da própria filha, como ela faz questão de dizer — Charlotte lembrou. Algumas semanas atrás, em um evento ao qual eu acompanhei Oliver, acabamos encontrando Martina e ela me cercou no banheiro, me humilhando diante de algumas mulheres que lá estavam. Foi um momento h******l e perturbador. Cheguei a pensar em deixar Oliver, para o bem de todos nós, mas não tinha conseguido fazer isso. Como na noite anterior também aconteceu. Enquanto Oliver estava viajando, eu pensei seriamente em terminar tudo entre nós e deixá-lo resolver sua situação e, quem sabe, no futuro, quando eu já tivesse terminado a minha faculdade, trabalhando e independente financeiramente, eu me sentisse à altura do homem distinto e maravilhoso que ele é. Mas bastou vê-lo parado na sala de estar do apartamento, abraçado a Eloá e me convidando a juntar-me a eles, que as minhas resoluções foram esquecidas. Eu não poderia deixar Oliver agora. Eu não consigo fazer isso ainda. — Está pensando mais uma vez em deixar o Oliver? — Charlotte perguntou com pesar na voz. — Eu gostaria de fazer isso — concordei — Mas eu não sou tão forte assim. Mesmo sabendo que tudo seria mais fácil para ele, eu não consigo. Nós conversamos por mais algum tempo, até que Charlotte precisou voltar para casa, afinal, ela tem não apenas um bebê em casa, mas sim três bebês! Que loucura, pensei com um sorriso terno. — Eu também preciso ir — Emily disse enquanto conferia as horas — Tenho cabeleireiro e maquiador marcado daqui a meia hora. Não posso me atrasar. — O aniversário de casamento dos pais do Douglas é hoje? — perguntei, ficando surpresa diante da confirmação — Eu tinha esquecido completamente! Deve se apressar, então. Você precisa estar perfeita nesse evento hoje. Os pais do Douglas é um casal esnobe da alta sociedade nova iorquina que não estava nenhum pouco satisfeito com a escolha do filho. Portanto, Emily estava enfrentando alguns momentos bastante desagradáveis com os sogros e aquela festa seria mais uma prova de fogo para ela. — Eu realmente preciso ir — Emily repetiu — Mas saiba que estarei ao seu lado, não importa o que aconteça, está bem? Emily segurou a minha mão com força e depois de um abraço de irmãs bem apertado, ela pegou a bolsa de mão e caminhou apressada até a saída. — Sei que já repeti isso milhões de vezes, mas eu não queria estar no lugar da Emily — falei com preocupação. Nós tínhamos resolvido dividir um táxi, pois o prédio em que moramos fica a caminho da faculdade. Enquanto Charlotte ficaria em casa, eu seguiria para as minhas aulas do dia. — Todos têm suas dificuldades, Nicole — Charlotte pontuou — Veja o seu caso, não existem sogros desagradáveis, mas tem uma ex que é uma verdadeira bruxa. — Nem me fale… — lamentei com um suspiro cansado — Mas você não tem sogros, nem muito menos ex causando problemas entre você e o Brian. Eu não estava com inveja de Charlotte. Ao menos eu esperava que não. Mas aquele é um fato incontestável sobre a relação da minha amiga e o seu marido. — Mas tenho um homem teimoso e que se considera um idoso aos trinta e três anos! — Charlotte relembrou — Brian ainda se sente culpado pelo que ele acredita que está me privando de viver. Já disse-lhe que isso é uma grande bobagem. — Tem razão, cada uma com as suas dificuldades — concordei, me sentindo menos infeliz. — Mas também recebemos a dádiva de ter alguém que nos ame — Charlotte complementou — Obstáculos fazem parte, mas o principal é que estamos vivendo ao lado de quem amamos. — Você está certa, como sempre. Não posso deixar que Martina vença essa guerra. Ela não vai ficar com Eloá. Não posso deixar que isso aconteça. Naquele momento o táxi parou em frente ao endereço em que moramos. Eu não estava nenhum pouco animada para um dia de aula, eu precisava dessa "distração". — Não vamos deixar! Eloá já sofreu muito nas mãos daquela mulher maldosa — Charlotte ainda disse, antes de descer do táxi. Eloá é uma criança alegre agora que não tem mais contato com a mãe, mas tudo pode mudar se Martina conseguir a sua guarda na justiça. Mas eu me sentia ainda mais indignada por saber que Martina realmente não se importa com filha. Tudo o que ela quer é fazer maldades. A maior prova disso é que mesmo quando ela me encontrou no parque, fez questão de só se aproximar em um momento em que Eloá estava distraída com outras crianças e nem mesmo se importou de falar com a filha. Depois de dizer tudo o que queria e me ameaçar, ela simplesmente virou as costas e foi embora, sem nem sequer um segundo olhar em direção de Eloá. Preciso continuar a ser forte e ficar ao lado de Oliver, o homem que eu amo e que me ama também. Eloá é um presente especial e que torna tudo o que vivemos ainda mais especial.
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