I

2244 Words
FREGUESIA BRASILIENSE Um lugar calmo, tranquilo e bem pacato. Suas ruas são pouco movimentadas, a praça era um excelente ponto, onde as crianças passavam a tarde brincando,e a noite casais e senhoras distintas, passeavam para ter uma vista incrível da lua. Por ter poucos habitantes, todo mundo se conhecia, vez ou outra, se vê alguma dona de casa, puxando a orelha de algum moleque travesso, e levando ao seus pais, de tanto que se conheciam. Haviam muitas coisas que não chegavam à cidade, em questão de alimento, mas o básico e algumas especiarias, eram encontradas no Armazém do seu Sérgio. Seu Sérgio, era um homem digno, responsável, sempre cortês com seus clientes e muito requisitado para preparar buffet de altas festas. Seu Sérgio era casado com Madalena, muito bem vista, entre as senhoras distintas, dona de casa, e apesar da idade, quase não se têm rugas. Juntos eles tiveram 4 filhos, todos já crescidos. Isabela, é a mais velha, e já se casou, com o filho do banqueiro, e está à espera de seu primeiro filho. Emília, também já se casou, seu marido é mestre de obras, ganha um salário considerável, e eles ainda não tiveram filhos, Elisa casou-se recentemente, com Gabriel, que abriu sua própria padaria, em outra cidade. O sonho de Sérgio e Madalena, era terem um menino e esse foi realizado no quarto filho, Samuel, um rapaz esforçado, recém completados dezoito anos, tem porte médio, cabelos social, olhos verdes como sua mãe, um rapaz que deixa muitas moças suspirando. Depois da abolição da escravatura, o negócio de Sérgio caiu bastante, a mão de obra não era mais escrava, e sim assalariada, com isso o transporte ficou mais caro, e consequentemente seus produtos. E como o pai da noiva deveria arcar com o dote da filha, a situação financeira de seu Sérgio ficou pior com os dotes das três filhas, mas fica feliz que elas estejam em bons casamentos. Dona Filomena, mais conhecida como maritaca, estava fazendo suas compras diárias. — Quero também, 3 quilos de tomate, carne de boi, quero fazer um guisado hoje, cenouras, tenho certeza que irá ficar uma delícia, e pimenta dedo-de-moça. - Filomena andava no mercado atrás de mais coisas junto com Sérgio, enquanto Samuel preparava as encomendas dela. - 1 quilo de farinha e lentilha. — Sinto muito Dona Filomena, mas a lentilha tá em falta. - Seu Sérgio falou um pouco envergonhado. — Mas de novo!? É seu Sérgio, esse armazém já teve mais variedade. — Sua língua também Dona Filó, agora que as festividades acabaram sua língua só sabe falar do armazém do meu pai, o país está em crise e nos afeta também, se preferir o armazém mais próximo é em outra cidade. - Samuel disparou sem paciência alguma. — Meu filho, isso é jeito de tratar uma cliente!?!? - seu Sérgio repreendeu seu filho. — Controle a língua de seu filho, seu Sérgio, ou passarei mesmo, a fazer minhas compras em outra cidade. - falou com raiva, pegou suas compras, pagou, e saiu do armazém com o nariz empinado. — TOMA CUIDADO, NARIZ EMPINADO DA VERTIGEM, DONA MARITACA!!! - gritou para ela, e depois riu. Seu pai queria repreender, mas acabou rindo. — Meu filho, apenas controle um pouco sua boca!! - pediu rindo da situação. — Não prometo nada! Mas o pior é que ela tem razão, já faz alguns meses que não temos lentilha, e o senhor sabe que nessa época, muita gente procura lentilha. - Seu Sérgio confirma, e respira fundo. — Realmente, mas depois do dote de Elisa, não pude pagar os fornecedores, a pimenta só tem mais um caixote, algumas frutas estão acabando, e o açúcar só tem mais duas sacas, realmente a situação não está fácil. — Vamos procurar Isabela, quem sabe ela não conversa com seu marido para nos ajudar — Eu conversei pessoalmente com Edgar, ele já nos ajudou muito e deu bastante crédito para nós, para fazer um empréstimo, teríamos que dar nossa casa como garantia, e não posso fazer isso, não estou tendo dinheiro para a mercadoria, que dirá para pagar prestações infindáveis de um empréstimo. — Então, a situação tá mais séria do que eu pensava! — Está sim, mas não vamos pensar nisso, me ajuda a fechar aqui, precisamos levar as encomendas do armazém e da sua mãe, para o Barão, ele nos deu preferência, e é um dos poucos que paga direitinho, não podemos deixar ele na mão. - Samuel ajuda seu pai a fechar a loja, eles vão pra casa almoçar. Madalena terminava o almoço, arroz, feijão, bife e uma salada. Quando terminava de montar a mesa, Sérgio e Samuel chegaram. — Chegamos bem na hora pai!! - Samuel esfregava as mãos, com um sorriso travesso no rosto. — Chegaram sim, mas vão lavar o corpo, estão suados e não podem ir no palacete do barão, de qualquer jeito. - Madalena ordenou, e eles nem pestanejaram, foram tomar o banho deles, e colocaram roupas limpas que já estavam passadas. Sentaram na mesa, cada um se serviu e começaram a almoçar. — Eu lembro quando era todo mundo, as meninas me ajudando, e vosmecê fazendo graça com elas. - Madalena falou a seu marido, pela saudade que sentia das filhas. — Também me lembro, sinto falta delas também, mas elas casaram com bons homens e tem que seguir com a vida, e a família delas. — E fora que agora, a senhora tem seu filho inteirinho. - todos tiram, e o almoço seguiu harmonioso. Ao terminarem, Madalena lavava a louça, enquanto Sérgio e Samuel, dava uma limpada na charrete para levar as encomendas do barão. Colocaram as sacas de um lado, e os doces de dona Madalena, no banco junto com eles. Tudo pronto, Sérgio deu um beijo em sua esposa, e Samuel recebeu um beijo na testa de sua mãe, e eles foram. Alguns minutos depois chegaram ao palacete, Sérgio conversou com um dos mordomos, que disponibilizou alguns empregados, para ajudar a levar as encomendas. Estava quase tudo guardado, Sérgio pediu para ir ao banheiro, enquanto Samuel bebia água na cozinha. De repente o barão aparece, e Samuel se recompõe. — Boas tarde, barão. Meu pai só foi ao banheiro, ele já vem para acertar com o senhor. — Não se preocupe, rapaz. Qual seu nome? — É Samuel. Samuel Gonçalves, filho do seu Sérgio. — Pensei que ele tivesse só meninas. — Não! Eu sou o único menino. Mas eu fico mais no armazém, ajudando ele. — Entendo. É muito bonito, e muito bem afeiçoado, deve haver muitas moças em seu interesse. — Algumas. Mas eu não penso muito nisso. - Samuel começou a ficar incomodado, com aquela conversa. — Pois deveria! Um rapaz forte, bonito, trabalhador, deve pensar em se casar, com uma esposa recatada, pensar em ter filhos. - Samuel não compartilhava desse pensamentos, principalmente porque nunca se interessou por nenhuma menina. Seu pai já o incentivou a ir em bordéis, para que se divertisse com alguma garota, mas ele não conseguia sentir atração por elas. Jamais contou a seu pai, para Sérgio, Samuel era um garanhão, mas a verdade é que ele era virgem, e nem sequer havia dado seu primeiro beijo. Antes que Samuel desse uma resposta grosseira ao barão, Sérgio chegou na cozinha. — Boas tardes, barão! Vejo que conheceu meu filho! — Sim! Estávamos conversando algumas coisas. Parabéns, um belo rapaz o senhor tem. - Sérgio sorriu com orgulho das palavras do barão - vamos conversar no meu escritório, vou acertar o pagamento, e quero lhe fazer uma proposta. - o Barão falou para seu Sérgio, que ficou intrigado , e segui ele até o escritório. Samuel terminou de descarregar as encomendas, e ficou esperando seu pai, até aparecer uma moça que devia ter seus 17 anos, linda, branquinha, usava um vestido de renda azul celeste, estava com um penteado mirabolante enfeitado com um tiara de pedras, realmente parecia uma princesa. — Boas tarde, senhorita..... — Suzana, sou a filha do barão - ela fala e Samuel beija sua mão, como educação. — Sou Samuel, filho de seu Sérgio, o dono do Armazém. — Há sim, já ouvi falar, meu pai, tem estima pelo seu pai, diz que é um homem honesto, de fibra e trabalhador, qualidades que certamente o senhor tem. — Modéstia a parte sim, meu pai soube criar bem seu filho. - ele deu um sorriso, e ela acompanhou. Eles estavam conversando tranquilamente, até um rapaz chamar por ela, de trás de uma moita, ela ficou constrangida. Samuel percebeu. — Alguma coisa de errado, quem é aquele rapaz? - ele viu que ela ficou temerosa em dizer - Não se preocupe, confie em mim! - Ela deu um longo suspiro. — Aquele é Bernardo. Nos conhecemos na aula de pintura, eu tenho estima por ele, mas meu pai não aceitaria nossa r*****o. — E por que não? — Apesar da e********o ser abolida, muitas não vêem os negros com bons olhos, e meu pai é um deles, não permitiria que sua filha se envolvesse com um n***o, palavras dele. - ela se entristeceu. — Olha, não fique assim, eu acredito no amor verdadeiro, e se for para vosmecês ficarem juntos, tenha certeza que vai acontecer. - ela se alegrou, e ia até Bernardo, mas seu pai e Sérgio apareceram. — Vejo que já conheceu minha filha, que bom que já estão se dando bem. Gostou do Samuel, filha? — Sim. É um rapaz muito gentil e simpático. - ela deu um sorriso sincero para ele, e ele retribuiu, seu Sérgio que saiu temeroso do escritório do barão, ao ver o modo como seu filho se deu bem com a filha do barão fez ele ficar mais calmo. — Bom, seu Sérgio, aguardo seu retorno sobre nosso assunto. - seu Sérgio concordou, Samuel estranhou mas não perguntou nada. Eles então foram para a charrete, deram uma buzinada e acenaram despedindo do barão e sua filha. O barão foi resolver coisa de trabalho, e Suzana foi até Bernardo. — Oi Bernardo! Senti sua falta? - Bernardo não estava com uma cara boa. — Quem era aquele branco, que estava de sorriso com vosmecê? — Samuel, o filho do dono do armazém, nós estávamos conversando, e acabei falando de nós. — Mas, Suzana, e se ele contar pro seu pai?! — Não se preocupe, ele sabe guardar segredo, e é um bom amigo, sabe o que ele falou sobre nós? - Bernardo negou com a cabeça - que se for para ficarmos juntos, iremos ficar, ele torceu pela nossa felicidade. - Bernardo ficou surpreso. — Que bom, que nem todo branco é igual, mas vamos para de falar dele, e falar da gente, vosmecê pode escapar um pouco e irmos pro ateliê? - Suzana corada de vergonha, saiu escondida, e foi com Bernardo, para o ateliê dele, simples e modesto, um pouco de bagunça, algumas tintas espalhadas, mas nada que uma faxina não resolvesse, ao entrar, Bernardo não perdeu tempos e atacou os lábios de Suzana, que se deixou entregue a ele, e assim, mas uma vez ela se entregou ao homem que amava. Na casa de Samuel, eles chegaram, Sérgio estacionou o carro e desceu indo direto tomar banho, Samuel estranhou mas não falou nada, só foi para seu quarto, descansar. A noite caiu, Samuel acorda, toma um banho para despertar, e escuta sua mãe chamando ele, para jantar, ele se veste rápido e vai até a mesa, por estar fazendo muito frio nessa época, Madalena optou por uma sopa de legumes com carne e pão, simples mas algo para aquecer o corpo. Sergio sentou na mesa, e pediu atenção de sua esposa e Samuel. — Hoje, quando fui entregar as encomendas do barão, ele me chamou no escritório dele, pra acertar o pagamento e me fez uma proposta, que pode ser nossa salvação! — Que proposta meu marido? — O barão agradou muito do nosso filho, fez elogios a ele, ele diz que está doente e teme pela sua saúde, e quer que sua filha esteja segura com um bom casamento, e um genro, para administrar seus negócios. - Sérgio respira fundo - ele quer casar a filha dele, com o nosso filho. Prometeu um generoso dote, que vai dar pra pagar as dívidas com os fornecedores e comprar mais mercadorias, ele também disse, que vai deixar um documento com um soldo mensal, pra mim e pra vosmecê minha esposa, e nosso filho, ia ter uma boa esposa, e viveria bem como sucessor do barão. - Samuel estava chocado com aquela proposta, o barão queria lhe comprar por dote e prestígio. — Meu amor, parece muito boa, mas não sei se concordo. Nosso filho é muito jovem, e ele nem ama ou conhece essa moça. — Besteira, com tudo que o barão está oferecendo, quem liga que eles se amam. — Eu ligo meu pai, eu não fui consultado, quem esse barão pensa que é? Acha que pode me comprar com dote e prestígio? — Não se trata disso, pense bem meu filho, seria um homem importante, aprenderia sobre negócios, e ajudaria sua família. — Eu não preciso dessas coisas que o barão está oferecendo, eu vou conseguir ajudar vosmecês, sem a ajuda do barão. — DEIXE DE INGENUIDADE, VOSMECÊ É MEU ÚNICO FILHO, SABE DA DIFICULDADE QUE ESTAMOS PASSANDO, E QUERENDO OU NÃO JÁ ESTÁ DECIDIDO, DEPOIS DE AMANHÃ IRÁ PEDIR A FILHA DO BARÃO EM NOIVADO!! Continua..
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