Ela abriu a boca. Mas antes que qualquer argumento saísse, eu levantei a mão. — “E outra coisa. A senhora não vai mais se intrometer na empresa.” Ela arregalou os olhos. Aquela expressão típica de quem leva a primeira bofetada sem encostar a mão. — “Leonardo, eu ainda tenho parte das ações. Tenho voz.” — “Quer vender?” — “O quê?” Fui até a gaveta da escrivaninha na sala, puxei com força. Peguei o talão de cheques. Sim, eu ainda usava isso. Por um motivo específico: certas coisas precisam do peso do papel. — “Quanto vale teu silêncio? Teu distanciamento? Tua ausência nas reuniões, nas decisões, nos bastidores? Me fala. Agora.” Ela ficou em pé. Imóvel. Como se estivesse ouvindo heresia no meio da missa. — “Tu tá me comprando?” — “Tô te libertando da obrigação de controlar tudo.” P

