[NARRADO POR LEONARDO VERANO – INSTANTE ZERO, PORTA DA SALA 27B] A maçaneta ainda estava na minha mão quando ela se levantou. Primeiro — o impacto físico: nenhuma daquelas silhuetas retas e quase subnutridas do dress-code de sempre. Marina ocupava espaço como quem assina contrato com o próprio corpo. Curvas generosas, poderosas, perfeitamente em desacordo com as linhas minimalistas daquele corredor. O blazer de oncinha não escondia nada — só sublinhava. E eu, que passo a vida decidindo onde cortar gorduras de orçamento, percebi de cara: ali não havia nada que eu quisesse reduzir. Segundo — os detalhes. A pulseira dourada batendo leve no punho quando ela ergueu a mão; a gola do top preto aparecendo um centímetro abaixo do blazer; a pele clara salpicada de tatuagens que escapavam do tecid

