[NARRADO POR LEONARDO VERANO – MANHÃ SEGUINTE]
06h14.
O despertador tocou antes da cidade acordar.
Mas eu já tava de olhos abertos.
Não por ansiedade. Nem por insônia.
Por hábito.
Meu corpo funciona no fuso horário da disciplina. Dorme e acorda como máquina suíça. Mas essa manhã... tinha areia nos trilhos. Algo rangendo por dentro. Um incômodo que não se explica, só se sente.
Levantei.
A luz acendeu com sensor. Piso frio. Silêncio absoluto. Tudo como sempre.
Exceto eu.
Caminhei até o banheiro com a lentidão de quem tem o dia inteiro cronometrado, mas a cabeça... não encaixa no relógio.
Água quente.
Escova de dentes elétrica.
Rosto sério no espelho.
A barba por fazer me dava um ar menos CEO, mais humano. Mas deixei assim. Só hoje. Não por vaidade. Mas porque, de algum jeito, m
