Capítulo 1

1265 Words
Flávia narrando: No auge de meus 22 anos, eu estava já em meu segundo emprego. Meu pai também vivia pulando de trabalho em trabalho, isso quando não fazia empréstimos extremamente caros. Eu fiquei desempregada, e desde então procuro fazer qualquer coisa, só pra não passarmos fome. Quando ele contou de uma alta dívida com um agiota eu logo me preocupei, meu pai as vezes ficava cego, principalmente quando afundava no jogo de cartas. Pelo que entendi, ele tinha aceitado uma proposta de um tal homem. Que incluía a quitação da dívida caso ele ganhasse, ou alguma penalidade que ele escolhesse. O cachorro do homem ganhou, claro. Meu pai ficou em desespero e quando veio me contar eu não consegui acreditar. O que o homem exigia era meus serviços integrais. Uma espécie de primeira dama ou sei lá, garota de programa particular. Imagina como me senti? O pior é que eu tinha que aceitar, ou então meu pai morreria. Eu nunca o vi mas já ouvi boatos que era muito perigoso. Na manhã de domingo, um dia depois de tudo isso, um capanga seu veio me buscar. Eu estava decepcionada de me sujeitar a isso, o que será de mim? Sentia meu medo pulsar. (...) — Flávia, você precisa vir comigo. — disse o campanga dele, Henrique. Henrique era o braço direito dele, pelo que meu pai me disse. — eu não suporto isso, essa ideia. — Digo com ódio. — acostume-se, será assim até o patrão enjoar de você. — enjoar? Eu não acredito no que estou ouvindo. — vamos, menina! não me tire do sério! — ele diz com tom autoritário e engulo seco. — pegou suas coisas? — eu vou pegar, espere. — não tenho o dia todo! — como ele era grosso. — calma. — subo as escadas e pego uma mochila. Não tinha muita coisa, minha esperança era fazer da vida do tal homem um inferno, ele teria experiências horríveis comigo e logo me descartaria. — vai levar só isso? — ele me encara assim que eu retorno. — sim, porque? — você vai precisar de mais não acha? — não, não vou viver minha vida toda com um agiota. Só vou cumprir a promessa que meu pai irresponsável fez. — isso não me importa, vamos logo. — tá... — olho para trás e vejo meu pai sentado no sofá, a lágrima caia de seu rosto. Ele não conseguia nem me olhar, e não era pra menos, ele praticamente me apostou. Tá certo que ele não escolheu isso, mas tendo negócios com esse tipo de gente não seria por menos. — então vamos. — eu disse apreensiva. O carro que Henrique dirigia era bem luxuoso, daqueles que a gente se perde dentro de tão grande. (...) — esse carro não é seu né? — alfineto. — não. É do patrão. — patrão.. — rio e ele me encara. — tá rindo do que? — acho engraçado esse termo, se tratando de um trabalho bem honesto. — ironizo. — acho melhor economizar seus comentários. Eu sou bem tolerante. O Scott não. — Quem é Scott? — pergunto. — seu novo parceiro. E meu patrão. Pelo visto não sabe nada dele né. — não... — olha, eu sou bonzinho e vou te alertar. Felipe Scott é autoritario, rude, detesta afronta, vive cercado de mulheres e não gosta de ninguém no seu pé. Ele da as ordens e ele comanda tudo, se fizer qualquer uma dessas coisas você está ferrada. — Argh... então ele chama Felipe!! — bufo. — você ouviu o que eu disse menina? — ouvi, ué! Só fiz um comentário... — resmungo. — então se ouviu, já comece abaixando sua bola, falando assim com ele só vai piorar as coisas, e além de se sacrificar atoa pelo seu paizinho, você pode ser castigada. — que? Aí meu Deus... eu não acredito nisso. — acredite. Inclusive, já chegamos. — ele diz estacionando o carro. Com a euforia da conversa eu nem me toquei de onde estava. — é sério? Aqui é uma mansão! — digo olhando s enorme casa. — e você acha que Felipe Scott vai morar em uma casa sem reboco? Menina, precisa se informar. — reviro os olhos e desço. Ao entrar na casa eu me lembro do motivo que me levou lá. O que eu estava fazendo ali? Céus, eu estaria nas mãos de um homem que ameaçou nos matar! Senti meu corpo tremer e paralisei. Henrique viu que parei de andar e voltou. — o que tá fazendo? Precisa vir comigo. — ele me encara. — eu... estou com medo. — agora não tem que temer nada, se não viesse que seria pior. — ele pega meu pulso me guiando por uma escadaria enorme. Comecei a tremer, não sabia o que iria acontecer comigo. — pra onde tá me levando? — arregalo os olhos. — você vai ficar aqui. — ele abre uma porta e me da um empurrão sutil. — prepare-se com um banho e mais tarde eu venho te buscar. — que? Como assim? — não faça perguntas, se prepare pois a noite precisará estar pronta pra ele. Durante o dia mando comida. Tem tv e banheiro aí. — ele fecha a porta. — espera... — ele bate a porta e me tranca — o que tá fazendo? Porque eu tô presa aqui? Ei!! — começo a gritar. — pare de gritar, se ele souber do seu chilique eu tô ferrado. Fica na sua ou será pior. — me encosto na porta e começo a chorar. Minha ficha estava caindo, não seria nada fácil servir de brinquedo pra alguém. Eu não tenho sequer um celular pra me comunicar com alguém. Henrique pegou. Mesmo estando em uma mansão eu me sentia em uma cadeia, trancada e com medo. Fiquei ali chorando por mais alguns minutos. Me levantei e comecei a andar pelo quarto. A cama era boa, e o guarda roupa estava vazio. A janela do quarto estava trancada apenas com vidro. Mesmo se eu quisesse não conseguiria fugir, além é claro da altura. Meu medo era fugir e piorar tudo com meu pai, que com todos os defeitos do mundo era meu pai. Voltei e deitei na cama. Comecei a chorar e acabei adormecendo. Acordei com o barulho da porta se abrindo. — Trouxe seu café. — Henrique coloca a bandeja sobre minha cama. — porque eu tô trancada? — me sentei na cama. — pra não fazer bobagens, e são ordens que estou cumprindo. — eu quero água. — vou trazer. — vou ficar até quando presa? — até o patrão chegar. Depois eu volto. Não demore a se arrumar. Espero que tenha trago algo pra se vestir melhor. — que? Como assim? — fico assustada. — vai conhecer seu marido temporário e não vai se arrumar? Eu não acredito. — pois disse tudo! Eu nem conheço ele! Não vou fazer isso. — Flavinha, Flavinha! Não seja burra! Olha, eu vou pedir a Eliza pra te ajudar com uma maquiagem decente. — quem é Eliza? — a minha mina. Você vai gostar dela, depois eu peço pra ela vir te ajudar. — ele sai e fecha a porta. — que droga! Onde eu fui me meter!! — resmungo sozinha. Olho a bandeja e sinto ódio. Eu era una presidiária? Mas apesar da situação, o café parecia reforçado e bom. Tinha um sanduíche caprichado e alguma frutas com um iogurte pra beber. Eu não estava com fome, mas temia que não trouxessem mais nada pra eu me alimentar. Comi um pouco e deixei algumas frutas.
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