Se Miranda quisesse, podia tocar o céu com a ponta dos dedos, as pernas moles, a coluna parecia de elástico, a cabeça leve, uma pluma sobre o pescoço. Os cabelos agitados, a pele febril, meio litro de uísque dissolvido no sangue. Sim, podia voar. Só tinha de pular de cima da mesa, abrir os braços e se jogar. Sim, a música e o álcool a empurravam à beira de qualquer lugar, enguias voadoras escapuliam da sua mente atordoada, colorida, alegre, infantil. Mirou seus olhos nos olhos azuis do homem que lhe sorria com os braços estendidos. E se foi. Enquanto a música com cheiro de floresta sombria tocava no Cotard e Jenko a chamasse para voar, ela iria, sorriria, viveria, liberta de tudo, do passado, das feridas, do ácido, da justiceira, simplesmente abriria os braços e se jogaria. Caiu nos braço

