Lívia narrando Cresci ouvindo do meu pai que a vida pra quem nasce pobre não dá espaço pra erro. Ele dizia que, se a gente desse bobeira, a vida vinha como um chute no peito e a gente nunca mais levantava. Eu cresci acreditando nisso, carregando essa frase como se fosse uma tatuagem invisível na alma. Mas ao mesmo tempo, ele sempre tratou a minha mãe com um carinho tão grande que parecia até mentira. Em vinte e poucos anos, eu nunca vi os dois brigarem. Nada de gritos, nada de portas batendo, nada de falta de respeito. E todo mundo sabe que casal briga. Mas os meus pais não. Pelo menos, não na minha frente. Meu pai sempre dizia que eu tinha que arrumar um homem que me tratasse tão bem quanto ele tratava a minha mãe — ou melhor. E eu cresci com isso como regra. Só que a vida não é tão or

