Verônica narrando Eu já tinha perdido as contas de quantas vezes olhei para o relógio naquela manhã. O ponteiro parecia andar de propósito mais devagar, testando a minha paciência, brincando com o meu cansaço. Eu estava exausta, com as pernas pesadas, a cabeça latejando e o estômago reclamando desde cedo. Só que ainda faltava muito pro meu plantão acabar, e eu precisava aguentar firme. O posto, graças a Deus, estava mais tranquilo que o normal. Depois do caos das últimas horas, aquele silêncio quase parecia um presente divino. Eu estava sentada na recepção, terminando de organizar umas fichas e pensando em um milhão de coisas ao mesmo tempo, quando vi a Natalie — a filha do chefe — chegando. Ela veio rápida, com aquele olhar preocupado que não conseguia esconder. Ela estava cansada e,

