BEATRIZ
Quando terminou a nossa aula já eram 18 horas, até chegar no morro ia estar escurecendo, mas, era o último dia. Gabi e eu, andamos até a saída da facul, de braços dados em silêncio, o que não durou muito.
— Nós vamos ter que nos ver nessas férias, se não vou pirar sem a minha melhor amiga! — disse emburrada e eu ri.
— Vou te mandar mensagem diariamente e nos finais de semana nós podemos ir lá em casa ver séries e encher o bucho, ou ir para algum lugar fora do morro, o que você acha? — falei empolgada, ia ser a primeira vez dela indo lá em casa e a minha mãe vai adorar conhecer ela.
— Nunca te falei nada, mas meu sonho é ir num baile no morro. Você nunca me contou como é. — falava empolgada com a ideia — mas a gente tem que se ver logo, não vou ficar aturando a minha mãe, sem ter você comigo!
— Nos bailes eu não vou, não posso sair pelo morro. Fico sempre dentro de casa e saio para o asfalto disfarçada, não me pergunta os motivos que um dia eu te conto. Mas se quiser fica lá em casa e vai para conhecer, dorme lá quando voltar. — disse com um sorriso.
— Ah amiga, tá bom então, vou logo, que o meu motorista gato tá esperando. Vou te mandar mensagem! — falou me dando um beijo na bochecha e apontou para o carro que chegou.
Eu segui o meu caminho até o ponto de ônibus, peguei o meu casaco e baguncei o meu cabelo enquanto colocava o capuz. Entrei no ônibus já era quase 19 horas e assim já estaria perto das 20, no morro.
Andei poucos metros até chegar na barreira, os vapores já me conheciam de longe e nem mexiam comigo, passei da entrada e sentia que estava sendo observada, olhava para os lados e estava tudo normal. Quando passei em um beco fui puxada rapidamente e gritei com o susto.
— Ahhh socorro! — falei tentando me soltar dos braços que me prenderam — me solta o seu filho da p**a — fiz mais força e nada, tive um ato de morder qualquer parte dele para me soltar e correr.
– Sua doida, desgraçada! — disse a voz rouca ainda ssegurando o meubraço com força — que cachorra, fez um estrago no meu corpinho — riu — tira esse capuz que eu quero ver tua cara.
— Solta meu braço primeiro! — falei sem paciência.
— Vou soltar, mas quero ver tua cara guria. E depois vamos trocar uma ideia olho no olho. — disse grosso.
Ele soltou meu braço devagar temendo que eu corresse, mas meu pensamento era só ir embora. Não queria que ninguém me visse, então assim que fiquei frente a frente com ele que ficou todo na postura e eu de cabeça baixa, tive meu plano rapidamente na cabeça, coloquei a mão no capuz e me aproximei dele que molhou a boca me olhando com curiosidade. Próxima o suficiente dele, dei uma joelhada no p*u dele e corri do beco escutando os gritos e ele falando:
— Trás a minha moto no beco 7 ratinho. — temi vir atrás de mim e confiante que não me conhecia fui pra casa correndo.
Entrei em casa e vi minha mãe dormindo no sofá com a TV ligada, fui direto ao meu quarto e fui para o banho. No chuveiro relaxei, lavei meu cabelo e quando iria sair enrolada na toalha do banheiro para ir no meu roupeiro me assustei.
— Oi gatinha — ouvi uma voz
Como não tinha chegado a sair do banheiro, fechei a porta e a tranquei em segundos antes de falar.
— Como tu entrou no meu quarto? Quem tu é? — falei segurando minha toalha com força.
— Sou o PH gatinha, sabe que fiquei bem curiosa contigo saindo do meu morro como uma fugitiva, depois quando quis conversar contigo numa boa, você chutou meu saco, tem noção disso p***a? — falou esbravejando e eu tremi com medo
— De- Desculpa, fiquei com medo de ser um tarado! Você me agarrou num beco sem luz! — me exautei — Sou mulher e tenho medo, podia ter chegado numa boa em mim que convserava contigo. — suspirei.
— Sai aí então que quero trocar uma ideia com tu. — falou.
— Não vou sair daqui enrolada na toalha! — Bufei impaciente.
— Só coloca a cara aí pra fora que quero te ver então pelo menos. — Disse tranquilo.
— Sai do quarto, eu me visto e vou trocar uma ideia contigo! — negociei, não iria deixar ele me ver.
— Beleza, vou te esperar no corredor.
Assim que escutei a porta abrir e bater quando ele saiu, dei uma leve espiada e fui me vestir. Coloquei uma calça de moletom e o casaco do mesmo conjunto, baguncei meu cabelo e peguei sombra de olho escura esfreguei no meu rosto para parecer suja, vesti o capuz e sai do quarto de cabeça baixa.
— Fala...
— Tira esse capuz e olha no meu rosto! — exigiu.
— Você disse que queria trocar uma ideia comigo e eu tô aqui, não quero que me veja, direito meu ué. — falei me estressado e comecei a bater o pé impaciente — fala logo.
— Posso ver a cara de qualquer morador. Sou o dono do morro c*****o! — se aproximou e eu sai de perto dele com medo dele tirar meu capuz.
Sentia ele me observar atentamente e eu só queria dormir.
— Tu tem que idade? — PH perguntou
— 21 anos, porquê? — quis saber
— Tu faz o que fora do morro todo dia desse jeito estranho? — ignorou minha pergunta
— Faculdade de medicina. — disse simples
— Não namora algum bota não né? — questionou bravo
— Só saio, estudo e volto. Não perco o meu tempo com isso. — falei envergonhada.
— Isso o quê? — quis saber.
— Namoro, ficante ou qualquer coisa assim. — disse cansada — Posso ir dormir já? To cansada... — falei baixinho.
— Beleza, pode ir. Vou tá de olho em tu, fica ligada na parada — falou saindo escada abaixo — falou dona Cláudia — a minha mãe respondeu um vai com Deus e a porta bateu.
Entrei no quatro e me joguei na cama apagando em seguida.