Dois dias depois...
-Então Sony o que me diz sobre a proposta de substituir o Leoni?
- Sr. Ventura, essa não será bem uma substituição; apenas livrarei a cara do meu irmão, garantindo mais alguns milhões de dólares para o clube.
-Aprecio sua empatia; mas lembre-se que todos ganharemos. A princípio para não lhe comprometer diretamente, faremos um negócio arriscado.
-Não gosto de riscos senhor.
-A vida é feita de riscos meu caro. Basta fingir que é o Leoni num jantar com o comitê do campeonato, assim ganharemos tempo até seu irmão resolver voltar.
-Usurpar o lugar do Leoni não é nada interessante. Ele não vai gostar disso.
-Se não gostar é problema dele. Assim voltará correndo.
-Tudo bem. Ele está merecendo um susto para deixar de ser t**o.
-Ótimo! Assim que eu gosto; uma pessoa de pés no chão.
-Vou precisar mudar um pouco minha aparência, digo, o cabelo e as roupas. Acho que não notarão muita diferença.
-Que nada! Vocês são idênticos, nem perceberão esses detalhes; afinal, vocês jovens vivem mudando cabelo a cada semana.
-Okay, vou me organizar para logo mais a noite. Até mais!
-Até meu jovem.
[...]
O Jantar
-Muito bem, já que firmamos um magnífico acordo, brindemos!- Ventura levanta a sua taça imaginando as cifras milionárias que viriam.
-Você não parece feliz.-Selena fala próximo ao ouvido do Sony enquanto roça sua perna na dele.
-Componha-se Selena. – Sony afasta-se dela. A propósito,me dê um motivo para está contente.
- Não seja ingrato com as oportunidades. Veja o que acaba de assinar.
-Eu não preciso disso. Já tenho tudo.
-Posso saber do que mais possui além de uma família que só te reconheceu na adolescência?
-Você não sabe de nada! Para quem sequer teve mãe, devia se colocar no meu lado. -Ele cochicha observando os demais à mesa.
-Não tenho problemas existenciais. Meu pai foi suficiente.
-Estou percebendo que sua mãe não fez falta. Seu caráter demonstra o bem que ele te fez.- Sony levanta em direção ao banheiro. Ela o segue.
-Espere! Quem pensa que é para falar do meu caráter Sony?
-Sou alguém que em menos de 24h no mesmo ambiente que você, provou de uma mulher v***a, mesquinha e prepotente. Para mim você não presta!- Sony a deixa sozinha, ela sai do restaurante.
-Onde está Selena?
-Não a vi senhor. Deve ter saído.
-Mas sem se despedir?
-O estranho seria se ela o fizesse. -Sony responde com desdém .
[...]
No Apart
Sony entra no Apart na certeza que terá resposta do paradeiro de seu irmão, mas não o encontra mais uma noite. Ele decide sair em busca, Selena está no carro estacionado próximo ao edifício. Ela o vê sair e segue discretamente. Sony para próximo a um desvio alguns km dali. Algo lhe diz que seu irmão poderia está por perto, mas o único modo de saber seu paradeiro com exatidão é transformando -se. Selena deixa seu carro um pouco afastado, segue discretamente pelo mesmo caminho que Sony adentrou. Está difícil de enxergar, a não ser pela luz da Lua que ilumina a discreta clareira. Selena não entendi o que Sony poderia está fazendo naquele lugar. Poderia está ocultando algo a respeito do seu irmão? O jeito seria correr riscos.
Após seguir a uma certa distância, ela perde a direção sem encontrá-lo. Selena ouve galhos sendo quebrados pelos passos lentos de alguém que se aproxima. Ela percebe que vêm de trás, sem saber o que fazer decide perguntar quem estaria alí:
-Sony, é você? Por favor não brinca comigo, eu...eu só queria ver para onde estava indo.
Ela sente uma respiração arfante. Selena caminha de costas lentamente até tropeçar e cair. Então, no meio da mato denso ela vê bem a sua frente um animal grande o suficiente para devora-la em segundos. Selena grita por Sony, então ouve passos largos se aproximando; o animal está agora de frente com outro semelhante, porém numa tonalidade de pelo diferente. Ele é âmbar com cinza. Seus olhos são fascinantes reluzindo um brilho em meio a penumbra. Selena tapa os olhos com as mãos imaginado seu fim. Mas o que ela vê é um embate entre eles. Os animais são lobos enormes e estão enraivecidos. Eles começam a lutar, ela não sabe o que fazer; o jeito é sair de fininho se arrastando até ganhar certa distância. Selena tenta correr, mas não sabe para onde está indo. O som dos lobos ficam para trás; ela acaba escorregando vindo a cair numa armadilha de caça ferindo seu pé. Selena não ouve mais som algum. Seu desespero reinicia ao ver que está sozinha, ferida e que poderá ser morta pelos lobos. Então, pela primeira vez ela chora como uma criança. Após alguns minutos de prantos e desespero; ela ouve passos. Selena tapa os ouvidos e fecha os olhos. Seria seu fim.
Algo a toca no ombro, ela sequer respira. Pode sentir por detrás de sua nuca uma respiração forte. Selena imagina que será devorada, ela desmaia.
Alguns minutos depois...
-On...onde estou?
- No apart, não reconhece?
-Pensei que era o céu.-Selena tenta se sentar mais sua perna inteira dói.
-Não se mexa! Preciso ver esse ferimento no seu pé.
-Aaaai, está doendo muito Sony.
-Fique quieta. Não quero ser preso por seu gritos. Preciso desinfectar esse corte. Está profundo.
-Não, não quero! Chame meu médico.
-Cala está boca! Eu sou o médico aqui. Quer que te perguntem onde achou uma armadilha para urso?
-Mas...como vou sarar? E a cicatriz? Não quero meu pé torto.
-Deixe de invenção Selena. Seu pé ficará novinho se repousar, tomar antibióticos e fechar sua boca.
-Sony, eu vi; eu sei de tudo!
-Tudo o quê?
-Os lobos, eu sei que são vocês!
-Hahaha, pelo visto a queda não só atingiu o pé.
-Não ria. Eu pude ler os olhos do Leoni. Era ele, eu sei.
-Está delirando garota. Você certamente foi bisbilhotar meus passos e se deparou com cachorros selvagens. Deu sorte de não a terem comido.
-Cachorros? Não, não pode ter sido. Eram enormes!!
-Sim, são grandes, não enormes. Agora beba isso aqui.
-Isso o quê?
-É só um comprimido para evitar que inflame o corte.
-Se eram cães selvagens, por que está com medo de me levar ao médico?
-Por que seu pai vai fazer perguntas, o médico vai indagar como caiu num armadilha naquela área restrita.
-Se fosse restrita ninguém caçava alí.
-Por isso mesmo . Alí é um clube de caça clandestino reservado aos milionários excêntricos que se divertem com a dor dos animais selvagens.
-Então os cães, eles serão mortos?
-Eu não sei Selena, possivelmente.
-Mas o que foi fazer alí?
-Fui urinar.
-Anh?? Não pode ser!
-Sim, eu estava apertado para me esvaziar; mas acabei entrando ao escutar grunhidos. Achei ser um animal em perigo.
-Conta outra Sony. Eu sei o que vi.
-Tá, então prove!
-Não quero provar nada. Só sei que me salvou de você mesmo. Essa é a realidade.
-Selena...
-Diga...
-Acho que seu pai deve ter lhe contado histórias de horror na infância ao invés de contos de fada.
-Não brinca Sony. Eu sei que é um lobo. Os dois são.
-Vamos esquecer o que pensou te visto. De hoje até melhorar seu pé, dirá ao Ventura que pegou uma virose.
-Ele não vai engolir essa história.
-Por acaso ele vai ao seu apartamento?
-Que nada! Ele nunca pisou os pés lá.
-Então não tem com que se preocupar. Ficará aqui até melhorar.
-Você vai cuidar de mim?
-Você não está impossibilitada de se cuidar. Apenas cuidarei para que não perca o pé.
-Credo! Está me assustando.
-Então faça tudo o que lhe orientar.
-Vou tentar. Mas não me deixe aqui sozinha por muito tempo. Eu fujo!
-Só se for de muletas chamando um táxi .
-Está bem. Vou ser boazinha, mas atenda as minhas ligações.
-Estarei em treinamento a partir de amanhã, até o Leoni aparecer; assim que termine, venho preparar suas refeições.
-Legal ter você cuidando de mim.-Ele sai sem nada responder.
...