O ARREPENDIMENTO DE DIMITRI VOLKOV

1162 Words
Capítulo 15 Narrativa do autor Quando Helena Bellucci virou as costas, Dimitri sentiu um aperto no coração. Logo caiu em si. — Estou errando várias vezes… Sinto algo por essa mulher, mas não consigo admitir. Não quero deixar a vida de boêmia, quero viver assim. Mas estou abrindo mão de uma pessoa que poderia, sim, ser a minha única mulher. Infelizmente, o que ela poderia sentir por mim acabou ontem, na hora em que adentrou aquele quarto do apartamento e me viu daquele jeito. Eu vi como ela ficou triste, abatida. Sei que ela não chorou para não dar o braço a torcer, mas ali tenho certeza de que algo se quebrou. Não sei o que estou sentindo e não quero falar com ninguém, mas não vou admitir que amo essa mulher. Estou com ela há pouco tempo, mas já casamos — vai fazer dois meses. Claro que a minha esperança era que ela estivesse grávida, mas pelo visto não está. Estou aqui olhando para esse exame… algo está errado. Eu vou descobrir. Vou perguntar aos empregados com quem ela foi e se pegou algum carro particular. Se pegou, com certeza as câmeras da casa anotaram a placa, e vamos na firma procurar onde esse motorista a levou. E se ele a levou aonde estou pensando… já até sei quem é esse médico. É um homem bom, verdadeiro, honesto, não aceita propina nem coisa errada. Se há algo errado, veio da parte da Helena. — Vou rápido antes que ela arrume toda a mala e coloque no carro para pegar o jatinho. O jatinho o pai dela havia dado de presente pelo nosso casamento, mas sei que ele disse que o jatinho era para ela. — Jonas, por favor, me leve até onde está registrada essa placa. Esse carro está em nome de qual empresa? — Sim, senhor. Posso levar. Mas o que aconteceu? Por que a senhora Helena não pegou o carro da família? — Eu não sei, Jonas. Só sei que ela não pegou o carro da casa, fez um pedido de um carro particular. Estou indo nessa empresa agora saber quem é o motorista. Pela placa, eu já sei o nome dele, mas quero ver a pessoa. Me leve até lá. É sigilo, por favor. Meia hora depois de procurar, conseguimos achar a empresa. Fui até o escritório, e já me conheciam. Claro… quem não conhece o “Dom Dimitri”, da máfia? O dono mandou que eu sentasse. Perguntei: — Quem é o motorista dessa placa? Ele olhou, digitou no computador e respondeu: — É o José. Está trabalhando agora. O senhor quer falar alguma coisa com ele? — Só pergunte a ele quando pegou minha esposa em casa, porque ele sabe quem é a minha esposa. Quero saber aonde ele a levou. O dono da empresa chamou José no rádio e perguntou: — Você pegou a senhorita Helena Bellucci hoje? — Sim, senhor. Peguei sim. — Aonde você a levou? — Infelizmente não posso dizer. Deixei ela na praça, perto de um shopping. Ela pegou outro carro, que eu não sei qual foi nem para onde foi. Me desculpe, não posso responder essa pergunta. O dono da empresa me olhou e disse: — O senhor ouviu. Agora, só ela poderá dizer para onde foi. Agradeci juntamente com Jonas e saímos. Voltei para casa e chamei Giovana. Mandei que ela fosse para o apartamento — aquele apartamento agora seria dela — e que não me procurasse mais. Ela começou a chorar, pedindo perdão. A pergunta que ela fazia toda hora era: — O que eu fiz? Eu respondia: — Você não fez nada. Simplesmente não te quero mais. Por causa daquele olhar que você me deu na mesa. Minha esposa está indo embora e, infelizmente, essa é a mulher que eu quero para mim e com quem quero viver o resto da vida. O casamento é indissolúvel, a não ser que haja traição. Eu fiz isso e quero me redimir com ela. Mas, para isso, preciso que você saia da minha casa. Aquele apartamento, de agora em diante, é seu. Minhas coisas o Jonas vai buscar juntamente contigo. Por favor, não quero show, confusão nem discussão. E se eu souber que você está falando alguma coisa sobre o nosso relacionamento passado, eu mesmo te matarei. Está entendido? Perguntei a Judite: — Sua patroa ainda está em cima? Judite acenou com a cabeça, confirmando, e saiu correndo. Falei com Helena: — Por favor, não vá embora. Eu preciso de você. Tudo o que eu fiz até agora… passa uma borracha em cima, porque não farei mais. Não faça isso comigo. Eu preciso de você. Preciso que fique comigo, porque também preciso de um herdeiro. Tá certo que você não está grávida, mas pode ficar. Eu sinto algo por você, diferente. Não é a mesma coisa que sempre senti pelas mulheres que passam a noite em sexo comigo. Com você, não foi só sexo. Foi diferente. Algo nasceu dentro do meu peito, só que eu não queria admitir. Por favor, ainda não assine o divórcio. Mesmo que não queira ficar aqui, vá para perto, mas não me deixe sozinho. Eu preciso de você. Faria isso por mim, Helena? Ela baixou a cabeça, olhou para mim e as lágrimas desceram de seus olhos. Vi sentimento ali, naquelas lágrimas. Fui abraçá-la. Ela recuou, botando a mão no meu peito, e disse: — Não faça isso. O que você fez comigo não se faz. Sou uma mulher bonita, nova, não mereço ser tratada como fui. Entreguei a ti a minha pureza. Não entreguei obrigada — entreguei com o coração, porque achei que você poderia ser diferente do que me disseram. Mas, infelizmente, você não mudou, Dimitri. Continuou a fazer o que fazia quando solteiro, e isso me entristeceu muito. Por isso estou indo embora. — Eu estava realmente sentindo algo por você. Não vou mentir — ainda sinto. Mas isso começou há pouco tempo, então dá pra matar esse sentimento no meu peito. Estou muito triste com você. Vou te falar a verdade: não vou para a casa do meu pai. Vou para um retiro. Vou ficar lá pensando no que aconteceu comigo, para que eu não caia em outra armadilha. — Gosto de você ainda, mas eu vou te esquecer. Se você verdadeiramente sente algo por mim, mude, para que a próxima esposa não sofra como eu sofri. Você não me conhece, não sabe da minha educação, de como fui criada para obedecer, para ser uma boa esposa, uma boa mãe. E você não deixou. Você simplesmente me tratou como um lixo, como nada. — Esses três meses vou passar em um retiro. Por favor, não me procure. Dentro de três meses eu saberei se assino o divórcio ou não, está bem? — Vou levar minhas malas no carro. Peço a Jonas que as pegue para mim. Vou voltar para a Itália… o lugar de onde eu jamais deveria ter saído.
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