Trégua

843 Words
Quando Helena acordou, já era dia. Com as recordações da noite anterior, pulou da cama. Incrivelmente, o quarto estava livre dos cacos espalhados na noite passada. Estava tão cansada que não despertara enquanto ele organizava o ambiente. Agora, mais calma, não sabia de onde havia tirado coragem para atacar Estéfano. Tinha lhe esbo.feteado o rosto. Se fosse Otávio no lugar dele, não só teria revidado, como a teria feito se arrepender amargamente de sua ousadia. Apesar disso, não confiava em Estéfano. Era impossível confiar em um homem. Estava perdida em seus pensamentos quando ele entrou no quarto. Imediatamente, Helena ficou tensa. — A esposa do chefe pediu que você ligasse para ela. Acho que está preocupada com você. — Sim. — Sim o quê, Helena? Seu nome parecia diferente na voz dele. — E devo ligar para ela? — Isso quem decide é você. Se tratando da mulher do chefe, tem liberdade para conversar com ela. Pode até mesmo se encontrar com ela aqui ou na casa deles. Mais uma vez, Estéfano se ajoelhou aos pés de Helena. Ela, que estava na beira da cama, se afastou o quanto pôde do ex-soldado. Não suportava a proximidade dele. Era grata por ele não a ter forçado a suportar mais uma vez um homem tocando-a, mas sentia uma aversão tão grande que lhe embrulhava o estômago. Ele a havia obrigado a se tornar sua mulher depois de tudo que passara nas mãos de Otávio. — Quero você na beira da cama agora, Helena. Helena se obrigou a se aproximar dele. Tinha raiva de si mesma por obedecer. Queria ter coragem de dizer não, mas sua obediência tinha sido forjada à custa de espan.camentos constantes e de coisas horríveis que havia sido obrigada a fazer na cama. Não sabia como conseguira suportar tanta degradação e dor. Quando sentiu as mãos de Estéfano em suas pernas, fechou os olhos e esperou. Pôde sentir o nariz dele deslizando por suas co.xas. Apertou os olhos e pediu silenciosamente que ele terminasse logo, que o atual subchefe da máfia americana se satisfizesse rapidamente e a deixasse em paz. — Helena? O silêncio foi a única resposta que Estéfano recebeu. Ele sentiu o cheiro do medo. Mas era mais do que isso. Acostumado a torturar pessoas, aprendeu cedo a identificar quando alguém tinha pavor dele. E era exatamente isso que aquela mulher sentada em sua cama estava sentindo. Respirou fundo para controlar o desejo. Precisava trabalhar, tinha ordens a cumprir, mas antes precisava sentir pelo menos o gosto dela, ou enlouqueceria. Tinha esse direito, era seu marido. — Me responda quando eu falar com você, Helena. Ela se sobressaltou, como se tivesse levado uma bofetada. Sentada na beira da cama, vestindo apenas uma camiseta, queria correr, nem que fosse em direção a um caminhão, mas não podia. — Me deixe te provar, Helena. Prometo que depois disso te deixo em paz. Vou enlouquecer se me negar isso. Helena olhou para ele sem entender. Por um momento, Estéfano interpretou o silêncio dela como recusa, mas ao observar melhor percebeu a verdade. — Helena, você não sabe o que estou pedindo, não é? Responda. — Não sei… provar o quê? — Deus… que tipo de homem era o id.iota do Otávio? Ao ouvir o nome do falecido marido, Helena deixou que as lágrimas contidas rolassem por seu rosto. Aquilo queimava como fogo. Apenas ouvir o nome dele já era um tormento. Ainda era grata pelo fato de que, por alguma razão desconhecida, Otávio sempre fizera uso de prese.rvativos. Pelo menos não fora obrigada a recebê-lo sem pro.teção. Três anos de casamento e não houvera frutos. Foi tirada de seus pensamentos ao sentir os movimentos de Estéfano. Ele encostou a cabeça contra seu local mais ín.timo e tentou, delicadamente, abrir suas pernas. Mas Helena as manteve firmes. — Helena, por favor… — O que você vai fazer? — Quero tocar você, sentir você com a minha boca. Posso, pequena? — Se eu disser não, o que vai acontecer? Estéfano deu um longo suspiro. — Não vai acontecer nada, ca.ralho. Já lhe disse que não forço mulheres. A frustração era evidente na voz dele. Estéfano se levantou e se afastou, apoiando-se contra a parede. — Suma daqui, Helena. Não apareça na minha frente até que eu saia para trabalhar. Helena mais que depressa fugiu daquele quarto. Mais uma vez se livrara de ser tocada por ele. Era grata aos céus por isso. Ainda preferia a morte a se ver intimamente envolvida com um homem. Estéfano deu um murro na parede, sentindo o sangue escorrer dos nós dos dedos. Desejava Helena mais que tudo na vida, mas não tinha coragem de forçá-la. Não depois de tudo que ela passara. Ele aprendeu da p.ior forma o que o a***o de um homem podia causar a uma mulher. Depois de deixar a mão sangrando ao esmurrar a parede, Estéfano saiu de casa. Tinha negócios a resolver e ordens do chefe a cumprir. Mas estava à beira da loucura por ter Helena em sua cama e não poder tocá-la.
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