Cap 4

1559 Words
Dante Dante – Quer dizer então que tu se acha o fodão, querendo me passar a perna, não sabe com quem tá mexendo não? Menor – Coé chefe, eu não sou retardado nesse grau não, não te roubei, eu juro por Deus Dante – Não coloca Deus nessa parada não que o tamanho do pecado aumenta, carai. Eu tô vendo no caderninho, a contabilidade tá mostrando, onde a grana foi para então c****e? Se é tu o responsável pela parada, tu que tem que dá conta do resultado também, tá me tirando? Menor – Não chefe, é que eu dei prazo pro José Dante – Quem é p***a de José? E quem te deu liberdade pra dá prazo? O CDD não vive de prazo não Menor – Tô ligado chefe, mas se eu aperto ele, o cara desconta na Sol Dante – Da pra parar de ficar colocando personagem na história, a coisa é o dinheiro da boca que não tá onde deveria estar Menor – O maldito , quando tá cabreiro, desconta tudo na filha o motivo dele tá cagado, ela que é a Sol. A menina não tem culpa chefe, menina direita, mó firmeza, é eu dá coça no noia e ele descontar a coça na menina. Ela já anda pelo morro toda desnorteada, medrosa, com roxo nos braços, tanto que no calor de 49 graus, a mina sai com blusa de frio, fiquei com dó Dante – Se eu for ter dó pra cada noia que choraminga na minha frente eu boto a comunidade pra falir carai Menor – Eu só penso na Sol, só nela, aquele filha da p**a nem passa pela minha mente, por mim, eu já tinha metido uma bala no meio da testa, mas daí a mina fica sem família Dante – Tu fez tudo isso por causa de b****a, Menor, é isso mesmo? Menor – Jamais chefe, com a Sol não, ela pra mim é . . . Não chefe, eu nunca vou tocar nela e mato quem fizer isso Na minha cabeça só passou a coisa de que uma hora aquela mina ia se abrir pra alguém, mas deixei o pensamento pra lá, o meu foco não era ela e sim o tal de José. O cara tem cacife pra dever pro Dante, mas não tem ** pra pagar, bora ver se ele é homem o suficiente pra enfrentar o inferno Eu tava pronto pra dar coça naquele Menor, mas decidi conhecer o digníssimo, saber mesmo se aquela história era verdadeira ou se eu tava mesmo sendo enganado. Se aquele menor tivesse mentindo pra mim, ele ia pagar com juros e correção monetária Dante – Vai buscar esse cuzão pra mim Minhoca – Jaé chefe Pelo o que saiu da boca daquele menor antes do cara dá uma de fodão dentro de casa, ele sempre passava no bar do seu Valcir, tomava uma ou duas e depois vazava, como já era hora de neguim voltar do serviço, foi lá mesmo que o Minhoca encontrou o homem Neguim nem abriu a boca, só seguiu caminho pro meu encontro Depois de quinze minutos me chega o homem, já com sinal de “te encontrei” do Minhoca, no olho direito e tropeçando no piso da minha salinha Eea já tava na ciência, geral sabe que o Dante só chama pra mostrar o inferno Dante – Preciso te falar alguma coisa? José- Pelo amor de Deus, eu vou te pagar, eu juro que vou Dante – Não precisa jurar nada não, eu sei que tu vai, a gente só precisa achar como, tá ligado José- Eu sei como e acho que tu cai gostar. Eu tenho uma filha, a Sol, ela é menina nova, virgem, tenho certeza que ela vai te agradar Dante – Comé que é? CE TA VENDENDO TUA CRIA? Porra, quer me deixar na fúria é tratar prole com desdém. Quer me deixar endiabrado é querer fazer troca com gente que carrega teu próprio sangue. Onde já se viu, o cara tava querendo trocar a filha por conta de dívida de droga? Tá de s*******m Dante - Primeiro, eu não aceito carne em troca de droga, segundo, a dívida é tua, não da tua cria. Te dou um dia pra pagar, senão, te faço cavar tua cova José – Não Dante, pelo amor de Deus Dante – Que mania que esse povo tem de ficar colocando o nome de Deus nas cagadas que faz, bora, rapa daqui, não quero mais ver essa tua cara cagada não. Amanhã a gente se vê e é melhor o dinheiro vir na tua mão O Minhoca tirou ele da minha frente, bem na hora que o meu mano, o Killer tava vindo me encontrar. Se eu já tava com nojo daquele noia desgraçado, com aquela frase de merda, ele atiçou foi a desgraça pra vida dele No dia seguinte, bem cedo, eu saí de casa, de rumo pra padaria, pensando na vida, curtindo minha caixinha do nada. Homem tem dessas né, aquele momento que ele tá pensando numa coisa e depois, nada, absolutamente nada passa na cabeça Mas uma coisa acabou me chamando a atenção, uma menina que de corpo, parecia a mina mais linda que eu já tinha visto na face da Terra, mas que dava pra ver que a tristeza pegava ela de jeito Tinha gente na comunidade que eu conhecia só de nome e aquela ali era uma. Sol, a filha do noiado que eu tava esperando encontrar no início da tarde, logo depois do almoço, pra cobrar uma dívida A gente se bateu dentro da padaria e aquela história lá, a que o menor contou, era verdade mermão, o cara ganhou ponto pro lado dele. Cheguei perto, como quem não quer nada e tentei trocar ideia Dante – Coé, não tá na hora da escola não? Sol – Hoje eu não vou Ela me respondeu sem olhar pra minha cara, dava pra ver que a mina não dava liberdade pra quem não conhecia, certeza que nem sabia pra quem tava dando resposta Dante – Não pode perder aula não, carai, o estudo é a única coisa que te leva pra frente, tem que pensar no futuro Sol – Eu não sei nem se tenho direito de pensar no meu futuro, mas obrigada Ela pegou a sacola com três pãezinhos quentes e saiu da minha frente, de cabeça baixa, tentando fechar ainda mais a blusa de frio que ela usava Aquilo me fez ficar com mais raiva, porque foi naquele gesto que eu me lembrei do menor falando “Ela já anda pela comunidade toda desnorteada, medrosa, com roxo nos braços, tanto que no calor de 49 graus, a mina sai com blusa de frio, fiquei com dó” Foi isso que me fez ficar com mais raiva do tal Zé, aquele maldito ia me pagar e pagar o que fez com a própria filha * * * Duas horas da tarde, a comida ainda tava se assentando no meu bucho, mas tava na espera do filadaputa. Fiz questão de mandar o Minhoca buscar aquela desgraça no serviço, queria que ele passasse vergonha mesmo Pensa numa vara verde, o cara chegou se tremendo todo e branco igual um papel, aquela cor queimada de sol deixou a brancura com mais evidência, o cara só não cagou porque não tinha bosta no ** Dante – Cadê meu pagode? José – Eu eu eu Dante – Não dá uma de gago não porque eu faço tu falar direito loguinho José – E só tu aceitar, Dante, que a Sol tá pronta pra ser meu pagamento Dante – Mas tu é um bosta mesmo hein, como pode cara, a mina é tua filha e cê tá me dando ela na troca de droga? José – Eu não tenho dinheiro, Dante, pelo amor de Deus e daí, tu pode me dar um a ver. A mina é bem treinada, sabe fazer comida, limpar casa, lavar roupa e de quebra, tá na tua disposição pra quando tu quiser Dante – Eu vou te falar uma única vez seu filadaputa, por conta dela, tu ganhou mais uma chance, tem uma semana pra me passar o que deve, mas se não molhar a minha mão, eu te passo na frente dela, devagarinho, só pra tu pagar cada merda que tá saindo dessa tua privada que tu chama de boca, depois, cuido dela, arrumo emprego e tudo, boto a mina pra cima, pra vida, enquanto tu paga entrada pro inferno, entendeu. Uma semana Killer – É bom tu não brincar com fogo, senão, eu mesmo peço autorização pra brincar contigo antes da tua viagem pra morte Dessa vez o meu sub tava presente, vendo a ousadia do cuzão chamado José, eu tive que segurar ele pelo olhar, dava pra ver que a paciência não tava ali, no seu alcance Depois que o Minhoca seguiu meu comando, eu decidi dar meus pulos, tentar ajudar aquela mina, se eu deixasse ela na mão daquela desgraça, de um dia pro outro eu ia receber notícia da sua morte Dante – Bora comigo Killer – Pra onde carai Dante – Lá pra marmitaria da tia Neide, eu vou descolar uma vaga pra filha do noiado Killer – Comé que é? Que carinho é esse aí? Dante – Bora comigo, no caminho eu te conto
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