Observando

1126 Words
Rocco DeLuca Foram 10 dias de merda. Fiquei procurando informações e coletando “depoimentos” durante tempo demais para não chegar a lugar nenhum! E questa è una stronzata totale! O dia começou como qualquer outro. Na tela do computador no meu escritório, Caterina seguia o mesmo padrão de sempre. Sim, eu admito que estava observando cada passo dela enquanto estive fora, mas estranhamente ela tinha um padrão. Acordava cedo, cabelos bagunçados e rosto levemente amassado pelo travesseiro. Caminhava descalça pela casa, fazendo questão de dançar um pouco antes de seguir para o banheiro e tomar um banho. Depois de pegar um café na cozinha, ia até o jardim, onde, para minha irritação crescente, ela gastava tempo demais conversando com o jardineiro. Javier. Era assim que aquele desgraçado se chamava. Sempre com um sorriso no rosto e comentários idiotas sobre as flores. Ele não tinha a menor noção de quem eu era para permitir que ela se sentisse à vontade com ele. Meu estômago revirava de ciúmes, um sentimento que eu não deveria ter. Porque eu estava com ciúmes daquela garota? Ela se ofereceu para mim e eu a recusei. Eu não deveria me sentir assim.Caterina era minha até que sua dívida estivesse quitada. Ponto final. Depois do ritual matinal, ela se dirigia à biblioteca, onde passava horas lendo livros antigos. Não conseguia entender como alguém tão jovem poderia se interessar por aquilo, eu mesmo só li o suficiente para aprender como administrar melhor o meu negócio. E assistir o ciclo repetitivo dela era frustrante. Ela parecia estar vivendo uma rotina monótona e desinteressante, mas algo dentro de mim insistia que ela estava tramando algo. Ninguém muda de atitude tão rápido sem um propósito oculto. E ainda assim, por mais que eu a observasse, não havia nada. Nenhum movimento suspeito. Apenas a irritante repetição do mesmo ciclo todos os dias. Dez dias fora foram suficientes para deixar minha paciência no limite. Quando finalmente retornei, era tarde da noite. A casa estava mergulhada em silêncio, como de costume. Subi as escadas em direção ao quarto dela, de maneira silenciosa para conferir se ela ainda estava ali, mesmo que eu já tivesse checado as câmeras antes de chegar na mansão. Eu deveria ter ido a boate antes e ter usado Irina para me aliviar. Ela era levemente parecida com Caterina quando não estava com aquele monte de maquiagem e roupas reveladoras. Ao abrir a porta, a luz fraca do abajur iluminava seu corpo encolhido na cama. Ela estava deitada de lado, os cabelos espalhados pelo travesseiro, a respiração calma. O lençol que deveria cobri-la estava emaranhado em suas pernas, expondo mais pele do que eu deveria estar confortável em ver. Mas mesmo que eu quisesse eu não conseguia tirar os olhos daquele corpo. Nenhuma outra mulher se compararia a ela, nenhuma jamais seria como ela. Senti uma onda de calor subir pelo meu corpo. Minha mente me traiu, trazendo a lembrança do dia em que entrei nas câmeras e a encontrei dançando. Ela havia ligado uma música qualquer e girava pelo quarto como se estivesse sozinha no mundo. Balançando aqueles quadros fartos e lindos de um lado para o outro. Era hipnotizante, o tipo de visão que um homem não esquece facilmente, mesmo que tente. Eu sei que não poderia esquecer porque me peguei batendo uma punheta como um adolescente no banho me lembrando de cada curva perfeita dentro daquela lingerie. Um sorriso tomou conta dos meus lábios e logo foi substituído por confusão. Por que diabos eu estava ali? Não era para isso. Eu deveria... verificar, só isso. Certificar-me de que ela não estava tramando nada, mas também o doce desejo de estar dentro dela só um pouco. Droga! O que eu estou fazendo? Vou cobri-la e sair daqui. — Pensei. Peguei o lençol caído e, com cuidado, o puxei para cobrir seu corpo. Minhas mãos hesitaram por um segundo ao sentir a maciez da pele dela, pousando ali tempo demais, mas me obriguei a recuar. Não era o momento, não era certo. Eu recusei a oferta de tê-la em minha cama, não recusei? Porque p***a eu a queria? Eu suspirei fundo, sentindo uma irritação crescente comigo mesmo por me deixar afetar dessa forma por uma menina. Sim. p***a, eu sou muito mais velho que ela e porque ela me afeta tanto assim? Arrastei uma poltrona próxima para o lado da cama e me sentei, cruzando os braços. O quarto ainda tinha o leve aroma do perfume que ela costumava usar, misturado ao cheiro de livros antigos e algo unicamente dela. Sem perceber, meus olhos começaram a pesar. O cansaço dos últimos dias me alcançou de forma traiçoeira, e antes que eu pudesse resistir, o sono me venceu. *** O som de lençóis sendo movidos me despertou. Abri os olhos devagar, piscando contra a luz fraca que invadia o quarto. Caterina estava sentada na cama, os olhos arregalados fixos em mim como se tivesse acabado de ver um fantasma. — O que você está fazendo aqui? — perguntou, a voz rouca de sono e surpresa. Ela puxou o lençol contra o corpo como se isso pudesse protegê-la de mim. Eu ri internamente. Esfreguei os olhos e me estiquei na poltrona, sentindo uma pontada de dor nas costas pela posição desconfortável em que havia dormido. — Boa pergunta, bambina. — Minha voz saiu mais grave do que eu esperava, ainda carregada pelo sono. — Parece que fiquei confortável demais nesse quarto. — Isso é tão errado. — ela murmurou — Minha casa, minhas regras, lembra? — retruquei, um sorriso enviesado aparecendo em meus lábios. Ela franziu o cenho, mas não respondeu. Apenas me observou por um momento antes de desviar o olhar, agarrando o lençol com mais força ao redor de si. Ela engoliu em seco, claramente desconcertada, mas manteve o olhar fixo no meu, como se estivesse tentando entender o que se passava na minha cabeça. m*l sabia ela que nem eu conseguia responder a essa pergunta. Algo sobre ela me deixava inquieto, e isso era inaceitável. Eu não podia permitir que ela tivesse esse tipo de poder sobre mim. Não Caterina. Não a mulher que deveria ser apenas uma devedora, uma peça no tabuleiro. — Isso não responde nada, senhor Rocco. — A voz dela ganhou firmeza, o que apenas me irritou. Mesmo assustada, ela me desafiou. Sempre me desafiava. Sorri, um sorriso que não alcançou meus olhos, enquanto me levantava e caminhava em direção à porta. — Quanto m*l humor para alguem que ronca igual um motor velho, Caterina. — eu falei, — Se vista e desça para o café. Você tem 10 minutos. — Eu saí do quarto, ignorando sua indignação e deixando ela sem resposta enquanto fechava a porta atrás de mim.
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