Capítulo 1

1218 Words
Maria Clara narrando: Olhando para o espelho, prestes a me arrumar para outro dia de trabalho, eu começo a lembrar tudo que já vivi ao longo dos meus 25 anos. Pensa em uma trajetória conturbada, e chegará na minha vida. Mas isso não importa agora, só quero me concentrar em mais uma noite de sucesso. Há 3 anos sou dançarina no Kabaret Fantasy. Um lugar onde me acolheu e me ajudou a ser quem eu sou hoje. Deve estar se perguntando se eu sou uma prostituta. E não, eu não sou. Claro que dançar e exibir o corpo não é a coisa mais pura que alguém pode fazer. Infelizmente ou felizmente foi a solução que encontrei. Desde novinha sempre trabalhei como modelo e como promoter de eventos noturnos. E em um dos eventos de música conheci Aline, uma da minhas colegas de trabalho que acabou me apresentando a Margot, dona do Kabaret. Na época eu não trabalhava de carteira assinada e ao me ver Aline disse encontrar potencial em mim, para dançar e seduzir homens. No começo tudo era um tabu a ser quebrado para mim. Só que depois eu fui me acostumando com a ideia. Não sou do tipo que realiza programas sexuais, longe disso. Mas eu tenho meu fogo e minha carência desde rompi com o canalha do William. Pensa em um homem que me magoou? O conheci aqui e não tinha a menor intenção de me apaixonar. Resumindo, ele só me usou. Claro eu trabalho em um cabaré, quem me levaria a sério? Pois bem, cai como um patinho na sua armadilha, pois o cafajeste era casado. Digo era no passado pois não me interessa nada que venha dele. A caminho do trabalho eu fui cantarolando em meu carro que não era dos piores, e me servia bem. Estaciono e já entro. Vou direto para o camarim onde já encontro algumas meninas na espera da noite que tinha como tema música anos 80. O look era todo temático e sexy ao mesmo tempo. Aline e Mari conversavam enquanto eu aproveitava para checar a maquiagem antes de me preparar. Estefani e Bruna já estavam a postos para subir primeiro. Geralmente eu era a última a me apresentar. Margot diz que sou a mais esperada das noites e talvez por isso sempre me deixa para o final. Além de Aline, Estefani, Mari e Bruna, tem outra garota que se apresenta aqui, e essa me odeia. Emily é também belíssima e uma excelente dançarina, mas o fato deu ter transado com o namorado dela a magoou muito. As apresentações começaram e fiquei sentada em um dos sofás que tinham no camarim. Billy não parava de me mandar mensagens. Billy é o namorado da Emily, ele só falta se arrastar por mim. Saímos juntos as vezes pois ele é um tremendo gato, e não mede esforços pra me agradar. Eu sei que é errado, o que fazemos, mas o compromissado é ele, não eu. E depois que me envolvi com William sem saber do seu casamento eu desencanei quanto a isso. ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ Mensagens: Billy: Que dia posso te ver meu amor? Eu: Hoje eu acabo por volta de meia noite. Billy: Estou com tanta saudades de você menina. Eu: Eu sei disse gatinho, aguenta teu fogo que tua namorada já não me suporta, imagine se descobrir que você ainda corre atrás de mim. Billy: Eu não ligo, ela que lute, você é especial, é sensacional. Eu: hahaha, sei disso. Mas agora me deixa ir que jaja eu entro no palco. Billy: Tá bem gatinha. Vou te esperar nos fundos como de costume. Eu: Tudo bem, beijo. Billy: beijo. ••• Deixei o celular de lado e assim que as meninas saíram eu assumi o palco. Na primeira fileira já tinha muito homens sedentos pela minha presença. A maioria dos rostos já eram conhecidos. Tinham clientes que já se acostumaram a me ver todas as noites praticamente. Claro que mesmo eu não me vendendo eles sempre me davam uma boa gorjeta a cada dança e olhar sensual. Todos os dias eu recebia propostas muito indecentes de muitos ali, e era comum que eu repensasse bem. Afinal eu tinha um bom salário mas dinheiro nunca é demais. A maioria das meninas faziam programas por lá. Principalmente as garçonetes. Eu não curtia pois assim entendia que eles sempre iriam me endeusar mais. Enquanto eu dançava, avistei um rosto diferente rodeado por outros que eu já conhecia. O homem era bem alto, forte, cabelos levemente ondulados e medianos. Seu rosto era mais angelical com uma barba por fazer que quebrava totalmente a expressão de bebê. O coitado estava hipnotizado por mim naquela noite e eu claro aproveitei disso. Minha curiosidade de vê-lo mais perto também falou mais alto. Desci do palco, ato que nem sempre eu faço, e fui me aproximando dos rapazes da frente. Não é bom fazer isso sempre pois alguns abusados acabam se aproveitando com a mão boba. Mas quando vi aquele rapaz eu precisei descer. Comecei a dançar próximo a primeira mesa e as gorjetas já começaram a sair. Na minha cintura eu fui encaixando as notas altas que eles me davam. Me aproximei do homem bonito e comecei a me esfregar nele que ficou imóvel me olhando. Eu dançava e rebolava enquanto os outros homens gritavam coisas obscenas pra mim. O tal homem que vestia um terno cinza me olhava nos olhos com muita luxúria, eu notei. E quando ensaiou me agarrar pela cintura eu me afastei sorrindo. Eu adorava causar essa sensação neles. Voltei para o palco finalizando minha apresentação que como sempre teve muitos aplausos e euforia. Me despedi das meninas que já estavam desarrumadas e foi me trocar. No celular já tinha uma mensagem do Billy avisando que estava me esperando. Eu tirei a maquiagem enquanto ouvia Emily reclamar para Bruna que Billy não pode buscá-la e muito menos dormir com ela. Aquilo me deixava um pouco incomodada, é claro. E já conversei com ele que se quiser levar isso a diante terá que se decidir se fica com ela ou comigo. As duas foram embora, e apenas Bruna se despediu. Fiquei guardado minhas coisas na bolsa quando Margot se aproximou. — Clara... que noite em! Você arrecadou muita grana. — Pois é Margot, hoje teve bom. — digo sorrindo mesmo cansada. — Clara... não sei se te disseram, mas você teve outra proposta de programa. Sei que não é sua praia, mas deveria repensar... — Aí Margot, sabe que odeio essas coisas. Prefiro continuar com meu posto de intocável. — digo com aspas. — Nem por 50 mil? — 50 mil? Que absurdo, quem pagaria isso por mim? — respondo impressionada, já que o valor mais alto que queriam pagar era 15 mil. — Eu não sei... não posso me envolver nisso. Apenas estou dizendo o que me repassaram. — Mais... porque tanto? — Depois que disseram que você não fazia, o valor foi só aumentando. — Mas e as outras meninas? — O que tem elas? — Ele não quis outra? — Não. Você mesmo. Só você que o rapaz queria. — Argh... que loucura!! Depois dessa eu preciso ir mesmo... — solto um riso — Então já que é assim, boa noite. — Boa noite.. — eu respondo já de saída.
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