Sofia Narrando
Quando eu e a Dona Ingrid saímos do postinho, já era noite. O céu tava escuro, sem lua, e o ar tinha aquele cheiro de terra molhada, típico depois de um dia abafado. O cansaço batia nas pernas, mas o coração tava leve. A reunião tinha rendido mais do que a gente esperava. Tudo ficou bem alinhado: abaixo-assinado, vídeo, mobilização geral. O povo saiu animado, e eu também.
Entramos no carro dela e seguimos em silêncio por uns minutos. O rádio tocava baixinho uma música antiga. Aí, sem tirar os olhos da rua, dona Ingrid soltou:
— Você se saiu muito bem hoje, Sofia.
Virei o rosto pra ela, meio sem saber o que dizer. Só consegui sorrir.
— Tô falando sério. Você tem uma força aí dentro, menina. Tem que usar mais. Agir sempre assim: cabeça erguida e olho nos olhos. — Ela me
