Sofia Narrando Dentro daquele carro abafado, eu me sentia sufocada. Meu coração batia tão forte que parecia querer explodir dentro do peito. O choro vinha grosso, desgovernado, escorrendo pelo meu rosto como se meu corpo inteiro estivesse gritando de medo. Eu mäl conseguia respirar. Era como se o ar tivesse sumido dali. — Me deixa sair, por favor, eu imploro — murmurei, sem forças pra gritar mais. O homem ao meu lado continuava me segurando firme, como se eu fosse um pacote prestes a fugir. O olhar dele era frio, indiferente ao meu desespero. O motorista seguia em silêncio, os olhos fixos na estrada como se nada estivesse acontecendo. A cidade ia ficando pra trás. Já não via mais as lojas, os bares, as calçadas cheias de gente. Aos poucos, o asfalto foi dando lugar às ruas esburacadas

