Sofia Narrando Acordei meio perdida no tempo, sabe? Aquela sensação de que dormi pesado, mas com a cabeça cheia de coisa. Estiquei o corpo na cama, respirei fundo e levantei devagar. A luz do sol já entrava pelas frestas da cortina, esquentando o quarto de leve. Fiz minha rotina de sempre: fui no banheiro, lavei o rosto, escovei os dentes, prendi o cabelo num coque desajeitado e coloquei uma roupa confortável. Enquanto fazia isso, a cabeça já fervilhava, é horrível ficar sem fazer nada, saudades de cozinhar, ir pra escola, sair de casa. Desci as escadas e logo ouvi a voz da dona Ingrid. Ela tava na sala, no telefone, andando de um lado pro outro com aquele jeito dela quando tá nervosa. Tentei não chamar atenção, mas era impossível não ouvir. — Eu já falei que isso não vai ficar assim!

