DIAS ATUAIS
NARRAÇÃO FERNANDO
- Oi!
Sussurro observando seu rosto. Clara esta ainda mais linda e seus olhos mais azuis do que nunca. Minha mente esta dando um nó tentando entender o que ela faz aqui.
- O que você veio fazer aqui?
Pergunto ainda segurando seu rosto.
- Precisamos conversar.
- Agora?
- Sim...
Tomado pelo desespero de tocá-la e senti-la novamente, agarro sua mão e a puxo para o andar de cima da nossa casa, mais precisamente meu antigo quarto.
- Fernando...
Ignoro o chamado de Carla e continuo subindo a escada. Abro a porta e entro com Clara. Sem espera-la falar, avanço em sua boca e selo nossos lábios. Tudo dentro de mim se acalma. Por nove anos estive em uma tormenta e agora tudo se acalma como um milagre.
- Fernando, não!
Clara separa seus lábios dos meus.
- Para!
- Por que você veio?
Pergunto encarando seus olhos.
- Vim impedir que você cometa o maior erro da sua vida.
Seus olhos estão tristes.
- Você não pode se casar com essa mulher.
- Você só veio pra isso?
- Sim...
Solto seu rosto me sentindo um i****a por achar que ela veio por mim, por nós. Me afasto e sigo para a porta.
- Não fuja de mim, Fernando.
- Eu fugir?!?!?!
Grito me virando pra ela.
- Quem correu para Londres pra fugir de mim foi você Clara.
- Eu precisava.
- Não... Você não precisava. Se não estava disposta a lutar por nós, bastava me dizer que eu entenderia.
- Você não entenderia, Fernando. Seria uma tortura vivermos de baixo do mesmo teto amando um ao outro.
- Você foi covarde.
Seus olhos ficam marejados.
- Fiz por você, precisava me esquecer e achar alguém que pudesse fazê-lo feliz.
- Ótimo! Já achei, pode ir se enfiar em Londres novamente.
- Ela não é a pessoa certa pra você.
- Como você tem certeza disso?
- Você esta tentando achar uma Clara.
- Não estou...
Cruza os braços e me olha irritada.
- Ela se chama Carla.
- E você Clara.
- Consegue ver a semelhança?
- Quer dizer que a p***a do nome parecido já faz você concluir que estou tentando achar você na Carla?
- Ela é uma cópia de merda minha.
- Não é.
- Fernando ela tem cabelos castanhos e olhos azuis.
Respiro fundo e não vou dar o braço a torcer. Realmente me aproximei de Carla por causa da semelhança, mas ela não chega aos pés da Clara.
- Gosto de morenas.
Ela da um passo em minha direção.
- É só uma casca parecida comigo.
- Ela é muito melhor que você.
Clara paralisa me olhando.
- Carla nunca me machucou. Se quer feriu meus sentimentos ou fodeu a minha vida.
Meu peito dói ao lembrar da dor que senti e ainda sinto.
- Esta do meu lado quando preciso. Carla não foge quando os problemas surgem.
- Você não a ama.
- Não...
Digo sentindo meus olhos arderem.
- Acho que nunca mais vou voltar a amar de novo.
Suspiro desviando dela e indo para a janela. Posso ouvir seus passos em minha direção.
- Não cometa o erro de casar sem amor.
- O que isso importa pra você?
Pergunto me virando pra ela.
- Se não vai ser você, então para de tentar cuidar da minha vida.
- Se não serei eu, que seja pelo menos alguém que te mereça e que você sinta algo pelo menos. Por tudo que nossa mãe me contou, você se quer nutre carinho por ela.
Então tudo se torna claro pra mim.
- Você esta com ciúmes...
Posso ver os olhos dela arregalarem assustados.
- Por isso esta aqui. Você esta com ciúmes.
- Não é ciúmes, Fernando.
- Sei...
Começo a rir, porque realmente gostei de saber disso. Ela ainda sente algo por mim e veio de Londres até aqui movida pelo ciúmes.
- Para de rir.
- Não... Estou amando ver o que seu amor por mim esta fazendo.
- Eu...
Tenta parecer indiferente.
- Eu não te amo.
Sua voz quase nem sai.
- Ama sim! Você passou 9 anos em Londres escondendo esse amor e quando percebeu que podia me perder, veio de volta pra mim.
- Você é um i****a.
Bate em meu ombro.
- Diz que ainda me ama.
- Não...
Ando até ela que da um passo pra trás.
- Diz que me ama e mando a Carla pro inferno.
- Não...
Ando ainda mais até ela, até seu corpo bater na parede.
- Só termino com ela se me der um bom motivo.
- Você não a ama.
Meu corpo cola no de Clara e ele esta vivo depois de tanto tempo.
- Não quero esse motivo.
- Você não vai ser feliz com ela.
- Com quem eu seria feliz?
Lambe os lábios encarando os meus perto dos dela.
- Quem pode me fazer feliz, Clara?
- Sei o que esta fazendo.
- O que estou fazendo?
- Não vai ouvir da minha boca, Fernando. Continuo com o mesmo pensamento.
Minha mão direita percorre a lateral de seu corpo e ela fecha os olhos suspirando.
- Sua opinião continua a mesma, assim como seu corpo?
Sigo para sua orelha.
- Sua cabeça diz que somos irmãos.
Sussurro e desço para seu pescoço, deixando um beijo nele. Geme de um jeito gostoso. Subo minha boca para seu ouvido novamente.
- Seu corpo diz que sou seu homem.
Sigo para sua boca e a beijo. Seus lábios como sempre acolhem os meus sem medo e culpa. Suas mãos sobem para o meu cabelo e ela me puxa ainda mais para seu corpo. Estamos os dois queimando de desejo. Com a minha mão direita puxo sua perna esquerda para cima e me encaixo mais nela. Empurro seu corpo na parede e me esfrego nela com vontade.
- Para!
Pede ofegante, mas não me empurra. Sua cabeça se inclina e meus lábios descem para seu pescoço.
- Fernando, para...
Agora suas mãos me empurram.
- Não!
Me afasto dela, soltando seu corpo.
- Isso não pode acontecer.
Vai começar a ladainha de merda de novo.
- Volta pra Londres, Clara!
- Não, até eu ter certeza que você não vai se casar com essa mulher.
- Então compre a p***a do vestido de madrinha.
Digo sentindo a raiva em meu peito.
- Já que não me ama e não vai ser você a mulher que vai viver ao meu lado pro resto da vida.
Aponto para ela.
- Então vai ser qualquer coisa e no caso a Carla.
Me viro pra ir embora.
- Não vou deixar você se casar com ela.
- Volta pra Londres pra não ver. Minha vida estava melhor sem você aqui.
Grito abrindo a porta e saindo.
- Fernando, nós não terminamos.
- Terminamos sim.
Desço a escada correndo e sigo pra porta de saída.
- Amor!
Escuto a voz da Carla.
- Agora não!
Abro a porta da sala e sigo pra fora em direção ao meu carro. Entro nele e saio cantando pneu. Hoje definitivamente foi um dia de merda.