- Me beijar? – pergunto com os olhos arregalados de surpresa com sua pergunta repentina.
- Sim, provavelmente seus irmãos verá e seria muito estranho se não vissem ao menos um beijo, ainda mais logo depois do jantar que eu falei que queria me casar com você. – Ele diz e concordo.
- Você tem razão, eu só fiquei surpresa... é... você vem ou eu vou? – pergunto o fazendo rir.
- Se acalma. - Ele diz colocando sua mão em meu rosto, me trazendo um pouco para perto de si.
Vejo ele olhar para a minha boca e depois para os meus olhos, nos encaramos por um momento, até que lentamente ele se aproxima e com delicadeza toca seus lábios nos meus.
Ele é carinhoso quando começa a me beijar, é um beijo gostoso e calmo. Continuamos ali até que paramos para respirar.
- Você está bem? – ele me pergunta, talvez para confirmar se não me sinto desconfortável.
Longe disso.
- Estou. – Digo baixo e ele sorri.
- Melhor entrarmos então. – Ele fala e olho para fora, onde já não tem mais ninguém.
Saímos do carro e eu pego Sófia no colo, que veio dormindo o caminho todo.
Entro em casa e vejo meus irmãos conversando na mesa da varanda com meus pais.
- Oi irmãzinha. – Breno diz com uma cara de quem sabia exatamente o que estávamos fazendo.
- Eu e seu pai já vamos deitar, estamos ficando velho, então dormimos cedo. – Minha mãe diz e os meninos riem.
- Aham, acreditamos. Vão namorar, igual Malia. – Breno diz e minha mãe olha para ele brava.
- Eu sei que você não pensa que a cegonha te trouxe, então fica quieto. – Minha mãe fala e puxa meu pai para o quarto.
- Você é nojento Breno, prefiro pensar que eles foram dormir. – Falo fazendo careta e ele ri.
- Me desculpe puritana. – Ele diz cruzando as pernas e fazendo bico. Acontece de as vezes ele desmunhecar.
Já entendemos a anos que Breno é gay, ele não precisou assumir e nem precisamos questionar. Apenas sabemos que ele gosta de homem, ele sabe que sabemos e ficamos por isso mesmo, nunca falamos disso como se fosse algo a conversar. Tratamos com naturalidade.
Não precisamos explicar sobre como o mundo vai ver ele, por que mais que ninguém Breno é o que mais sabe disso. Nossos pais nos orientaram bem sexualmente, não nos ensinaram a t*****r logicamente, mas sobre a importância da c*******a entre outras coisas. Nunca falaram meninas fazem isso e meninos aquilo e sei que fizeram isso por causa de Breno.
Ele não é muito afeminado, mas acontece as vezes de ele dar uma de donzela. Não é intencional, é apenas parte dele e na minha opinião isso não diminui a beleza do meu irmão. O deixa mais engraçado quando ele faz isso entre uma piada e outra.
- Não vou te dizer nada, vou dar um banho em Sófia e vou deitar também. – Falo e me viro para Eduardo. – Você vem?
- Pode ir, vou ficar aqui fora um pouco com seus irmãos. E ver como estão as coisas em casa. – Eduardo fala e eu concordo.
Vou com Sófia para o quarto e a sento na cama.
- Vamos tomar um banho amor? Mamãe toma uma ducha com você. – Falo tirando seu vestidinho.
Tiro toda a roupa dela e a fralda, assim que ela está pelada, pegou uma roupa confortável para ela dormir e o meu pijama.
Pego Sófia no colo e vou com ela para o banheiro levando nossas roupas e seu potinho de sabonete.
Tiro minha roupa assim que estou no banheiro e entro no chuveiro com ela, toda manhosa e risonha.
- Tomar um banho para dormir gostoso. – Falo dando um cheiro nela. Amo o cheiro de sabonete de bebê.
Como tomei banho mais cedo, apenas deixo que a água caia em meu corpo e me relaxe. Fico um pouco com Sófia ali embaixo e como eu não a deixei molhar os cabelos, saio com ela antes que se empolgue com a água.
Enrolo nos duas na toalha e abaixo a tampa da privada para que ela fique sentadinha enquanto me troco.
Coloco minha calcinha e o pijama. É um pijama simples de short e uma blusa de alcinha. Para Sófia peguei um pijama rosa, de calça e uma blusa com uma coala muito fofinha e de lacinho.
Eu a troco, arrumo o banheiro e saio dele com ela no colo.
A deito na cama e fico ali brincando com ela, até que vejo ela bocejar. Aproveito que seu sono voltou e apago a luz me arrumando na cama com ela.
Eu a deito em meu braço e ela se aconchega em mim. Isso mexe um pouco comigo e quando vejo minhas lagrimas já estão caindo.
Como eu vou deixar minha pequena de volta na casa de Henrique depois desse final de semana?
- Malia, você está bem? – Eduardo pergunta ao entrar no quarto escuro.
- Estou sim. – O respondo.
- Vou tomar um banho rápido e já venho me deitar. – Ele diz e eu concordo, só aí eu me pego pensando que iremos dormir na mesma cama.
Seria estranho ele dormir no quarto de hospedes.
Confio que ele não tentara nada e Sófia dormira entre a gente, mas ainda sim é estranho.
Fico ali deitada com Sófia que já dorme e não demora muito para Eduardo saia do banheiro com uma calça de pijama e sem camisa.
- Por que estava chorando? – ele pergunta depois de apagar a luz do banheiro e se deitar na cama.
- Não sei como vou conseguir entregar ela para o Henrique depois. – Falo.
- Eu sei, vai ser difícil. Mas prometo que assim que nos casarmos você vai ter ela em casa. Vou tentar fazer tudo o mais rápido o possível. – Ele diz baixo, estamos quase sussurrando para não acordar Sófia.
- Podemos nos casar amanhã então? – pergunto e ouço sua risada baixo.
- Vamos com calma ou seu pai me mata. - Ele fala e sei que ainda está sorrindo. – Você vai ficar ocupada com os preparativos do casamento, escolhendo a casa e arrumando tudo para a chegada da Sófia. Quando ver, já estaremos casados. O tempo vai passar rápido.
- Você quer um casamento grande? – pergunto um pouco com medo.
- Eu sou uma pessoa muito visada, tendo o casamento grande ou não vai ter uma grande repercussão. O problema é que muitas pessoas ficariam, como eu posso dizer? Acho que fariam uma cena por não ter sido convidadas. O motivo de eu me casar é para evitar muito dramas, haverá alguns por causa do casamento, mas quanto mais evitar é melhor. A não ser que você prefira algo mais simples e íntimo, só a família e amigos próximos.
- Não, tudo bem. Podemos fazer do jeito que você quer, só não sei como vou fazer para casar com todos me olhando. – Falo pensando na possibilidade.
- Não precisa se importar com ninguém, só comigo te esperando no altar. – Ele fala e eu sorrio.
- Você está estranhamente sendo fofo. – Digo com um sorriso. – Quando voltarmos vou precisar arrumar um emprego.
- Emprego?
- Sim, eu tenho que pagar o aluguel e as contas até o casamento. são dois meses até lá.
- Só foque no casamento, eu tenho um apartamento no centro e você pode ficar lá até escolhermos a casa. Mas estou pensando em comprar uma no mesmo condomínio em que eu moro, é pacífico e eu cresci ali com a minha irmã. É um ótimo lugar para Sófia.
- Tudo bem, eu não me importo de onde vamos ficar. Mas tem certeza sobre seu apartamento? – pergunto, seria ótimo não ter que me preocupar com o aluguel. Ainda mais agora que eu não tenho nenhum emprego.
- Sim, eu morava lá antes da minha irmã morrer. Como eu fiquei com a guarda da minha sobrinha, acabei voltando para casa com ela, não levo muito jeito com criança.
- Eu não acho, Sófia gostou de você. – Falo olhando para ele, mesmo no escuro.
- Sófia é uma princesa, ela é quieta. Amanda desde pequena é terrível, fogosa e não parava quieta. Estava sempre quebrando algo ou aprontando alguma coisa. – Ele fala, mas pelo seu tom de voz parece boas lembranças. – Ela é igualzinha à minha irmã.
- Sente falta da sua irmã, não é mesmo? – pergunto baixo.
- Sim, ela era quem trazia alegria para casa. Mesmo depois que ela sossegou e casou, ainda era a causadora de risadas lá em casa. – Ele diz saudoso.
- Eu não sei qual a sensação de perder um irmão e espero sinceramente nunca saber.
- é uma dor que nunca vai embora, espero também que isso não aconteça com você. – Ele diz e ficamos um tempo em silencio. – Boa noite Malia.
- Boa noite Eduardo.