Eduardo:
Assim que sou avisado que devo assumir o meu lugar, me coloco a postos no altar. Me fazendo companhia, estão os irmãos de malia, Amanda e mais duas primas por parte de pai.
Amanda não apareceu no ensaio de casamento, então é a primeira vez que ela vê os irmãos de malia, no qual um deles é seu par. Eu queria Amanda no altar comigo, mesmo ela sendo uma pirralha teimosa, ainda é minha sobrinha e uma das pessoas que eu mais amo nesse mundo.
- Parece que a noiva já chegou, vai mesmo fazer isso? - marcos, meu amigo me questiona.
- Vou. - Digo firme e cheio de certezas.
- Você tem milhares de opções, sabe o que eu penso. Não sei por que optou por fazer dessa maneira. - Ele fala, mas eu sei que não compreende, apesar de ter acompanhado tudo de perto.
- É mais rápido, se tudo der certo, vai continuar como se nada tivesse mudado ou talvez melhore.
- Mas e se não der certo? - ele pergunta, ja tivemos essa conversa várias vezes, mas como um bom amigo ele tenta me avisar no altar, antes que, do jeito que ele pensa, eu cometa um erro.
- Tenho 3 anos, se não der certo... Não quero pensar dessa maneira, vai dar. - Digo então a marcha nupcial começa a tocar e marcos coloca a mão no meu ombro me desejando boa sorte.
Ele volta para o seu lugar e depois de algum tempo a música ter começado, as portas da catedral se abrem, e la está malia, com um vestido azul claro, combinando perfeitamente com a decoração e com seu buque de flores brancas e azuis.
Ela está linda, malia tem uma beleza comum, mas que de alguma maneira a faz se destacar entre os outros. Ela caminha até mim, sorri para algumas pessoas no caminho e continua seguindo em frente.
Quando ela se aproxima o suficiente, seus olhos grudam nos meus e eu caminho o resto do caminho até ela, seu pai que eu não havia percebido me entrega sua mão e diz que é para eu cuidar de sua filha, após fazer minha promessa, pego em sua mão a colocando em meu braço e a levo para o altar.
- Você está linda malia. - Digo para ela que sorri, mas vejo que tem algo ali. - Aconteceu alguma coisa?
- Não se preocupe agora, depois eu te conto. - Ela diz com um sorriso maior e tranquilizador.
Eu apenas concordo e seguimos para o padre, contanto que não seja algo que a faria desistir do casamento, eu fico tranquilo.
O casamento começa, o padre nos abençoa e nos aconselha, então depois de uma longa hora, assinamos o documento que estabiliza nossa união no religioso e civil, junto com os nossos padrinhos, que servem como testemunha.
Só então, depois de tudo assinado, somos declarados casados.
- Sr e Sra. Lecler, podem se beijar. - O padre nos diz e eu me viro completamente para malia, que me olha em expectativa.
Me aproximo dela, lentamente seguro em sua cintura e a puxo com gentileza para mim. Levo minha outra mão colocando em seu rosto, eu olho em seus olhos pedindo permissão e como se entendesse, malia acena imperceptivelmente.
Aproximo nossos lábios um do outro e dou um beijo delicado em seus lábios macios, deixo que o beijo perdure por alguns segundos antes de nos separarmos e ouvirmos os aplausos dos convidados.
Vejo malia um pouco vermelha e sorrio, bom.
Pego em sua mão e caminhamos para fora da igreja, juntamente com o tumulto. Uma limosine nos espera na entrada da catedral, somos seguidos por uma chuva de arroz e pétalas de flores brancas, mas assim que entramos, um silencio acolhedor nos toma.
- Isso foi interessante. - malia diz sorrindo e se encosta no banco.
- Agora as coisas vão começar acontecer. - Digo e então me lembro do olhar dela. - Aconteceu alguma coisa malia? Você disse que ia me contar.
- Sabe, eu não sei se fiz o certo esperar a gente se casar pra contar, mas não tinha como eu te contar isso em cima do altar. - ela diz um pouco sem graça. - Cecilia veio me procurar um pouco antes de eu entrar. - Ela fala e eu respiro fundo.
- Eu já imagino, mas pode me dizer o que ela disse? - pergunto.
- Ela queria que eu desistisse do casamento e quando viu que isso não ia acontecer, ela disse... disse que estava gravida e que eu estava afastando o pai do bebe e que você devia ficar com ela. - malia diz e fico surpreso.
Eu sabia que Cecilia podia aparecer quando soubesse do casamento, acho que até mesmo demorou, mas dizer que esta gravida.
- Fico feliz que não tenha desistido. Cecilia disse isso só pra te desestabilizar, ela não está gravida e se tiver tenho certeza absoluta que o bebe não é meu. - Digo, com pena certeza.
- Certeza mesmo? - ela pergunta e sei que só está preocupada com o suposto bebe.
- Absoluta, não vejo Cecilia tem quase um ano. - Digo e ela apenas balança a cabeça em concordância. - Vamos falar de um assunto mais importante, a lua de mel. - Falo fazendo com que ela me olhe toda vermelha. - Eu tenho muito trabalho na empresa, então pensei em juntar o útil ao agradável.
- Eu não me importo com lua de mel Eduardo, você é um homem importante, seu trabalho também é. - ela diz já conformada, ela não parece esperar muito de mim.
Pelo o que parece, a única coisa que ela espera de mim é que eu cumpra a minha palavra quanto a sua filha.
- Você é a minha esposa agora malia, se eu desistir da nossa lua de mel para trabalhar o que vão pensar? é meu dever te deixar satisfeita. Eu tenho uma reunião com um advogado marcada, adiantei para a nossa lua de mel e vamos sair do país por 10 dias, enquanto trabalho você aproveita a viagem, ao menos durante o dia sozinha. Farei companhia a você durante a noite. - Falo e ela me olha.
- Para onde vamos? - ela pergunta curiosa.
- Santorini. - Digo e a vejo franzir as sobrancelhas. - Não sabe aonde fica? - pergunto sorrindo e ela balança a cabeça negando. - Bom, vai se surpreender quando chegar. - Falo e nesse momento a limosine para em frente ao salão.
Saio do carro e abro a porta para ela, lhe estendendo a mão. Entramos de braços dados no salão e mais uma salva de palmas nos recebe. Caminhamos até onde vamos ficar e daquele momento a diante, somos cumprimentados e parabenizados por cada convidado da festa.
- Você está linda irmãzinha e o seu casamento está maravilhoso. - Breno diz para malia a abraçando.
- A gente espera que você seja muito feliz. - Bruno diz deixando um beijo em sua testa.
- Cuida dela para a gente. - Bryan fala e me abraça.
- Vou cuidar, não se preocupem. - Digo e os três apenas concordam.
Logo depois são nossos pais que nos desejam felicidade, nos parabenizam e voltam para festa, mas começo a ficar preocupado e me perguntando onde Amanda está.
- Malia, se importa de ficar um momento sozinha? Vou procurar por Amanda. - Pergunto e ela apenas sorri indicando para que eu vá.
- Olha quem está vindo, não precisa se preocupar. Ou precisa. - Ela diz rindo e eu olho em direção a sua mãe, dona maria e mais algumas senhoras que se aproxima.
- Eu já volto para te salvar. - Digo dando um beijo em sua testa e me afastando.
Olho por todo o salão em busca de Amanda e não a vejo, continuo andando e procurando por ela, até que vejo seus grandes cabelos castanho ir em direção a saída do salão acompanhada por rapaz.
Amanda, Amanda.
Eu os sigo e saio pelas portas do salão. Em vez de ir em direção a saída, Amanda e o rapaz vão por outro corredor com várias portas.
Ela olha para os lados, não me vendo e entra com o rapaz nela.
Eu preciso dar um jeito nessa garota.
Caminho até a porta e a abro imediatamente, vejo que é um armário onde guardam os produtos de limpeza. Olho para Amanda que se separa imediatamente do rapaz que ela agarrava e revira os olhos ao ver que sou eu.
- O que você quer? - ela pergunta parecendo brava por eu interrompê-la.
Ignoro totalmente sua pergunta, me encosto no batente da porta e encaro o rapaz loiro e engomado que tem seus lábios um pouco vermelho. Creio que eles não começaram a se beijar agora. Olho nos olhos assustados do rapaz, ele não diz nada, apenas fica parado me olhando.
- Me deixe falar com a minha sobrinha, tudo bem? - pergunto educado, eu conheço Amanda, não preciso tratar o rapaz m*l sabendo como ela é.
- Sim senhor, nos vemos depois Amanda. - O rapaz diz se despedindo dela e nos deixa a sós.
Entro no armário, fecho a porta e acendo a luz que estava ali. Vejo um baldo no canto e pego para sentar, enquanto Amanda só me encara.
- O que pensa que está fazendo? - ela me pergunta quando eu já estou acomodado o suficiente.
- Sou eu quem pergunto, não estava namorando aquele i****a do Henrique?
- Brigamos e eu não vou ficar esperando a vontade dele de me pedir desculpas. - Ela fala cruzando os braços e fazendo cara f**a.
Tenho vontade de sorrir, mas também fico com um alerta na cabeça. Angelina falava da mesma maneiro sobre o pai de Amanda, as duas é igualzinha e me pego pensando se ela gosta tanto assim de Henrique como Angelina gostava de seu pai. Isso pode ser perigoso, muito perigoso.
- Eu não me importaria de vocês terminarem. Aquele rapaz parece ser uma pessoa boa. - Falo em uma tentativa falha de fazê-la mudar de ideia.
- é, ele beija bem. - Ela diz dando de ombros e desviando os olhos.
- Amanda, está tudo bem? - pergunto, ela está estranha.
- Eu é que pergunto, você acabou de se casar e está aqui trancado em um armário comigo. Qual o seu problema? - ela pergunta e eu estreito os olhos em sua direção.
- Amanda. - Digo como em um aviso e ela abaixa os olhos.
- Desculpa. - Ela pede emburrada e eu respiro fundo.
- Você quer vir com a gente? Posso conversar com Malia, ela é gentil e não vai se importar. - Ofereço para Amanda que revira os olhos.
- Não obrigada, eu não sou empata f**a. - Ela fala fazendo com que eu revire os olhos. - Posso ir? Quero comer.
- Claro, Amanda. Mas saiba que se você quiser ir, eu dou um jeito até o final da festa. - Digo e ela apenas me ignora e sai. - Pirralha. - Digo voltando para a festa.
Assim que entro no salão, eu a vejo de longe rindo com a minha mãe, a sua e suas amigas, elas parecem se divertir, então eu vejo meu pai e sogro conversando junto com os irmãos dela. Mas em vez de ir até eles, caminho até malia que assim que me ve se aproximando sorri.
- malia, que tal se despedir de todos? Vamos deixar eles aproveitando a festa, temos um voo pra pegar. - Digo assim que me aproximo dela a envolvendo pela cintura.
- Ja vamos? - ela me pergunta e eu confirmo.
Sei que ainda é cedo, mas até nos despedirmos, vai levar mais de uma hora. E dito e feito, estamos no meio da festa quando finalmente nos despedimos de todos os convidados, conversamos com alguns até que finalmente conseguíssemos sair.
Vamos para a limosine e assim que entramos no silencio reconfortante do carro, novamente Malia está sorrindo.
- Isso foi divertido. - Ela diz com um suspiro cansado. - Mas estou esgotada.
- Vai ter tempo de dormir no avião, é quase um dia de viagem. - Digo e ela fecha os olhos inalando o ar gelado do carro, que se dá por conta do ar condicionado.
- É bastante tempo para dormir, vou aproveitar já que não fiz isso nos últimos dias, se não se importa. - Ela fala e abre um olho para me olhar.
- Vai poder dormir à vontade, acho que você vai querer aproveitar a vista quando chegarmos. - Falo e continuo dessa vez olhando diretamente em seu rosto e analisando suas feições. - como eu disse, não vou poder passar todo o tempo com você, me desculpe.
Eu a encaro e ela apenas sorri meigamente com os olhos fechados.
- Não se preocupe, eu entendo que esse é o seu trabalho. Eu não vou uma esposa chata que pega no seu pé, mas vamos ser amigos não vamos? - ela pergunta dessa vez me olhando com os olhos bem abertos e brilhantes.
- É claro sim. - A respondo e respiro fundo.
Três anos, tenho tempo.