TAQUICARDIA - micro contos de terror

9ª TEMPORADA

MARIA SANGRENTA

Tábata era considerada a aluna mais estudiosa de todas as escolas da Louisiana e era também a mais cobrada nos estudos, pelos pais e professores, desde que um concurso a elegeu dessa forma. Um dia, já no final do Ensino Médio, sentiu-se m*l durante uma prova e foi correndo para o banheiro, molhar o rosto, pois uns suores frios a uma sensação r**m tomavam conta de seu interior.

Ao entrar, Tábata deu de cara com outra menina que estava olhando-se no espelho e repetindo várias vezes “Maria Sangrenta”. A menina saiu rápido quando Tábata entrou, temendo ser taxada de louca. Então a aluna mais estudiosa da escola ficou sozinha. Ela abriu a torneira e molhou o rosto.

Assim que foi se olhar no espelho, uma loira cadavérica que estava por trás dela, a observava. Tábata tentou gritar de susto, mas a loira quebrou o pescoço dela, dentro do banheiro e ainda ficou assistindo sadicamente, a alma da jovem saindo de seu corpo.

Quando as outras alunas encontraram o corpo de Tábata, foi um rebuliço enorme dentro da escola. Pais, professores, policiais e peritos tentavam encontrar uma explicação para o acontecido, mas não encontravam, pois ninguém queria aceitar a existência do sobrenatural.

Eles passaram o resto do dia e até a madrugada procurando algo dentro da escola que pudesse explicar aquilo. Mas pararam as investigações, pois eram quase três da manhã e estava para começar o Circo Psicótico, com as histórias inexplicáveis do palhaço taquicardia, que prometiam ser ainda mais estranhas, do que nos programas anteriores.

O SONÂMBULO

Jimmy acordava todas as manhãs com a sensação de que não havia dormido nada, durante a noite anterior por causa do enorme cansaço que sentia durante o dia seguinte. Mas apesar desse cansaço, sabia que tinha adormecido por causa dos pesadelos que vinha sofrendo desde sua adolescência.

Esses pesadelos eram sempre o de estar matando brutalmente, pessoas pelas ruas. Mas como sempre acordava em sua cama, Jimmy tinha toda a segurança do mundo, de que o que acontecera não passavam de simples sonhos ruins, apesar do cansaço físico ser uma constante.

Um dia, ao sair de casa para o supermercado, fora abordado por vários policiais, que o algemaram e levaram imediatamente preso, com a acusação de ser um violento serial killer, que estava sendo procurado já haviam alguns meses, devido à quantidade de vítimas que tinha matado pelas ruas da cidade.

Já na delegacia, tranquilo e bastante cético quanto à acusação, Jimmy sentiu o sangue gelar, quando o delegado mostrou as fotos e os vídeos gravados por câmeras de segurança, dele matando pessoas a sangue frio. E o mais macabro nisso tudo é que as filmagens mostravam Jimmy matando aquelas pessoas de olhos fechados e com um semblante tranquilo, como se estivesse tendo bons sonhos.

GRITOS INFERNAIS

Dolores tinha largado o convento, pois percebeu que a vida de freira não era sua vocação. E logo que colocou os pés fora daqueles anos de clausura, se casara e estava feliz com seu matrimônio. Mas seu desejo s****l por homens religiosos ainda era bastante latente.

Sempre que podia, Dolores se arrumava com suas roupas mais provocantes e ia ao seminário para ser a tentação dos jovens aspirantes a padre. E não se saciava apenas em provocá-los: tinha que leva-los para a cama, custe o que custar.

O incrível nisso tudo era que ninguém desconfiava. Pois ela e o marido eram por demais religiosos e todos os domingos iam à missa, com uma fidelidade à igreja de dar inveja.

Um dia, seu marido chegou mais cedo do trabalho e flagrou Dolores a nua, fazendo s**o selvagem com um jovem seminarista em sua própria cama.

Transtornado, gritou com a esposa. Mas quando ela voltou sua atenção para ele, os olhos dela estavam totalmente enegrecidos, como se a mesma estivesse possuída por alguma entidade. E estava.

Com apenas dois gestos de mãos, ela quebrou os pescoços do marido e do amante, enquanto gritava guturalmente, sendo ouvida por toda a vizinhança, quebrando janelas com a força daqueles gritos.

Os vizinhos não sabiam que gritos eram aqueles, vindos da casa deles. Mas quando chegaram, encontraram dentro do quarto, dois cadáveres ressecados, como se todo o sangue de seus corpos tivesse sido retirado. A polícia, as famílias e até mesmo a igreja, procuram pela mulher até hoje.

A VOZ DO MUNDO

Hayley estava ensaiando para sua apresentação solo. Ela era uma das sopranos principais do coral em que cantava e sua chance finalmente havia chegado. Mas por causa da ansiedade, não conseguia alcançar as notas mais altas de seu grande momento solo.

De repente, após uma profunda tristeza ter tomado conta de seu ser, um forte cheiro de enxofre impregnou o ambiente e o demônio se materializou para ela em pessoa.

Mais assustada do que cética, ela ficou sem voz e o demônio disse que poderia lhe dar a voz e a fama que quisesse, exigindo apenas a alma dela em troca. Hayley relutou sobre o fato daquilo que estava acontecendo na sala de sua casa, mas pensou na fama e logo aceitou a proposta.

Ela, ajoelhando-se perante o demônio, ofereceu a própria alma em troca da fama tão desejada desde a adolescência. Mas estava tão tomada pelo desejo da fama, que fez mais do que oferecer a própria alma: fez um pacto de sangue e s**o ali mesmo naquela sala. Após isso, tudo ficou escuro e ela perdeu os sentidos.

No outro dia, ao acordar sentiu que tudo ao seu redor estava diferente, mas Hayley ó sentiu que o pacto havia realmente sido selado, após terminar o seu recital e começar a ser reconhecida no mundo inteiro, como uma das melhores sopranos de todos os tempos.

O DEMÔNIO DA LUXÚRIA

Chegaram às pressas: não podiam perder tempo. Aquele homem desconhecido estava possuído por algum tipo de demônio da libertinagem, pois desde que chegara à Salem, nenhuma mulher da cidade era forte o suficiente para resistir aos seus encantos.

Por isso sua família, que era por demais religiosa, chamou o pastor com urgência, para tirar do corpo do homem o demônio manifestado, que só foi percebido quando as fiéis servas da igreja começaram a se se entregar a ele, uma por uma, sem oferecer resistência.

O pastor, reconhecendo no olhar daquele homem a figura de um demônio da luxúria, disse que tinham de leva-lo à igreja, para poderem exorcizá-lo o quanto antes e a família logo consentiu, vendo-o ser amarrado e levado aos gritos guturais para o templo. Tentaram fazer com discrição, mas o homens berrava e se debatia, chamando a atenção de todos.

Chegando na igreja, levaram o homem para os fundos, colocaram ele no centro de um pentagrama de sangue e ofereceram a ele, rapazes e moças, para que pudesse saciar seus desejos mais profanos. E o possuído logo abusou de todos eles, matando-os em seguida e banhando-se no sangue jovial daquelas oferendas.

Desse dia em diante a alma do homem já não existia mais. Naquele corpo reinava a figura manifestada de Baphomet, que estava escondido entre os fiéis como uma nova criatura batizada e convertida na fé. Os fiéis aplaudiam e oravam em línguas ao novo convertido, pois a igreja ganhava mais um missionário.

UMA BOA AÇÃO

Roger estava possuído por um demônio há alguns anos e não demonstrava para as pessoas ao redor, pois quando o demônio se manifestava elas não conseguiam perceber. Primeiro porque ele não vomitava verde, subia pelas paredes ou girava o pescoço; segundo porque a possessão era tão discreta, que as pessoas não percebiam a mudança.

Apenas um amigo de Roger, Abraham, sabia reconhecer a possessão. Mas andavam juntos há tanto tempo, que o mesmo já tinha feito amizade com o demônio, quando o mesmo se manifestava no corpo de Roger.

Um dia estavam sentados, bebendo sozinhos na porta de um bar, quando um grupo de religiosos recém saídos de uma igreja próxima, passou por Roger, mas não era ele quem estava lá: o mesmo estava possuído pelo demônio e o demônio estava conversando com Abraham sobre como era o inferno, as torturas, etc. Um dos religiosos sentiu a presença do m*l, assim que passou perto de Roger.

Alterados com aquela presença, os religiosos quiseram exorcizá-lo ali mesmo. Mas Abraham, o amigo de Roger e também do demônio, não deixou e conseguiu convencê-los a desistir, porque ali não estava acontecendo nada de incomum.

Enfurecido, o líder dos religiosos, querendo crédito e fama diante de seus fiéis e das demais pessoas na rua, partiu pra cima de Roger afirmando que o mesmo estava possuído por um demônio, a fim de provar o poder da sua fé.

O demônio, para não deixar barato todas aquela ofensiva para cima de Roger, saiu de dentro do corpo de seu hospedeiro, incorporou em um dos religiosos e partiu pra cima do pastor e de seus fiéis, matando-os com extrema violência, quebrando seus pescoços na frente de todos ali presentes, voltando para o corpo onde habitava, voltando a beber e conversar tranquilamente com Abraham.

ALÉM DO BEM E DO MAL

Lucy tinha sido traída durante treze longos anos, pois se apaixonou por um homem que jurava ser íntegro e a ele se entregou de corpo e alma.

Porém esse homem era promíscuo e já tinha ido para a cama com todas as mulheres que Lucy conhecia inclusive aquelas que juravam serem suas fiéis amigas.

Furiosa, ela jurou terminar o noivado se ele não se casasse. Seu noivo então a matou, derrubando-a da escada e fez com que tudo parecesse um acidente, para que não levantassse suspeitas, para assim seguir normalmente com sua vida.

Meses depois que Lucy tinha sumido, aquele a quem ela um dia chamou de amor, estava para se casar com a filha de um rico fazendeiro que morava em outro estado.

Porém começou a ser assombrado pela alma da ex-noiva, que batia furiosamente nos dois, sempre que assistiam o Circo Psicótico e as histórias do Palhaço Taquicardia, juntos.

O fantasma da mulher atormentou o casal até romperem o noivado. Mas dizem as más-línguas e os parentes de Lucy que ela pode ser vista sentada no sofá às três da manhã, sempre que o programa começa.

SANGUE PRESO

Dentro daquele enorme presídio localizado no Egito, o tempo passava devagar. Isso porque quase todos ali tinham pego prisão perpétua. Então aqueles homens faziam de tudo para m***r o tempo, mesmo que as horas os enlouquecessem com dias e mais dias infinitos, cujas horas os mesmos só sabiam pela posição do sol e mais nada.

Alguns tinham algum tipo de passatempo, como m***r os desafetos, por exemplo. Mas mesmo para os mais violentos, o tempo era inimigo de cada um e os enlouquecia, fazendo com que qualquer coisa banal fosse motivo para uma sentença de morte sem que o outro tivesse chance alguma de fuga ou segunda chance.

Quando as mortes banais aconteciam, o diretor do presídio ria escarnecidamente das chacinas promovidas pelos detentos e suas facções. Tripas, corações e muito sangue, jorravam dentro daquelas paredes, toda vez que os detentos se desentendiam por qualquer que fosse o motivo.

O que deixavam os direitos humanos de cabelos em pé, era que ninguém fazia nada para amparar aquelas vítimas da sociedade: policiais, carcereiros e o próprio diretor do presídio simplesmente deixavam o tempo passar, pois “se eles não quisessem ser mortos, não deveriam ter escolhido esse caminho”.

E o tempo, contra tudo e todos, caminhava lado a lado com a morte, sem ter medo de nada, nem de ninguém. A única coisa a quem ele realmente temia, eram as pirâmides, que por maiores que sejam as catástrofes que descem sobre a humanidade, elas nunca se abalam e estarão lá, no mesmo lugar de sempre.

O EMPALHADOR DE ANIMAIS

Adam era um velho taxidermista aposentado. Sua vida no Arkansas atualmente era a de empalhar apenas, pequenos animais e vender para turistas e quem mais estivesse a fim de conhecer um pouco sobre o ofício.

Sua casa, onde também funcionava sua loja, era pequena, acolhedora, com poucos móveis e na sala, uma pequena poltrona, uma cadeira e uma mesa, com os intrumentos que ele usa para empalhar.

Mas todos os que iam à casa de Adam pela primeira vez, tomavam um susto, quando viam uma anaconda enorme, empalhada perto de sua mesa. O taxidermista aposentado disse que ela era de estimação e por isso, nunca vendera a serpente a ninguém.

Ao redor de sua casa era tudo encimentado. O velhinho não cultivava, nem amava plantas, apesar de ser vegetariano. Sua vida era simples, apesar de ser sempre visitado por desconhecidos de todos os lugares, por causa da profissão que tinha.

Quando anoitecia e todos os visitantes já tinham ido embora, Adam jantava uma deliciosa sopa de vegetais que ele mesmo preparava, descansava a comida, vestia o pijama, trancava tudo e ia até o porão, contemplar sua coleção particular de parentes empalhados.

Lá dentro ele ficava por horas, conversando com sua esposa e seus três filhos, até o sono chegar. Quando o mesmo chega, ele se despede da família que fez questão de empalhar após envenená-los, quando todos eles ainda eram jovens.

A DOMINADORA

Sentada, imóvel, sem pronunciar uma palavra sequer: assim era a vida de Constance. A adolescente de apenas dezesseis anos tinha uma vida enclausurada por vontade própria. Seus amigos planejavam festas, eventos, passeios e ela, como sempre, confirmava presença. Mas sempre desistia de última hora, por causa de seus programas de televisão favoritos.

A adolescente sabia que estava inerte diante do aparelho. Ela queria gritar, se libertar e sair daquela condição vegetativa. Porém a programação da TV a sufocava e abafava qualquer tipo de tentativa de liberdade, mantendo-a presa no sofá, como uma condição imposta, não se sabe se por Constance ou pelo próprio aparelho.

Seus pais já estavam bastante preocupados com aquilo, pois desde a infância que Constance chegava da escola e ia correndo assistir seus programas preferidos. Eles então resolveram desligar o aparelho, diretamente na tomada. Mas a TV foi mais poderosa e através da série de terror que Constance estava assistindo, mandou que a adolescente matasse seus progenitores, o que ela não tardou a fazer.

Constance foi pra cima dos próprios pais, tal qual um animal enfurecido, golpeando-os com tudo o que via pela frente, até enfraquecê-los. E enquanto seus progenitores ainda respirassem, os ataques de fúrias não cessavam. E isso tudo para no final, m***r um por um com as próprias mãos.

Quando o sangue de seus pais havia transformado a sala em um lago vermelho e macabro, decorado com corpos sem vida, a TV encerra a sua programação. A jovem Constance então a desliga e volta novamente a andar em duas patas, caindo em si, percebendo o que acabara de fazer e se matando em seguida.

OS PRETENDIDOS

Greta era uma jovem linda: a mais bela de toda a pequena e pacata cidade de Abita Springs. O único problema que ela tinha era o seu pai autoritário e egoísta, daqueles que acham que os filhos se criam para os pais e não para o mundo.

Essa obsessão era tanta, que todos os jovens que se aproximavam de sua filha, era alertado apenas uma vez. Se insistisse demais, ninguém o via mais, pois sumia misteriosamente. E se alguém chamasse a polícia, eles procuravam, mas encerravam as buscas, pois não conseguiam encontrar nada.

O tempo foi passando, a jovem foi envelhecendo e seu pai, por complicações de saúde, acabou falecendo. Desde seus dezoito anos, até os atuais trinta, seis jovens quiseram namorá-la e até casar com Greta. Mas todos eles sumiram da cidade e nunca mais foram vistos.

Num domingo bastante sombrio, com os céus cheios de nuvens escuras e indícios de chuva torrencial. Durante o culto da manhã, Greta entrega uma carta ao pastor, sai da igreja e ao chegar um pouco depois da porta de entrada, retira uma das várias armas do seu falecido pai que estava em sua bolsa e atira na própria cabeça, explodindo os próprios miolos, para desespero de todos os presentes.

Na carta que foi entregue ao pastor, estavam detalhados os locais onde estavam enterrados todos os pretendentes dela, que Greta teve o prazer de m***r, em nome do amor obsessivo que tinha pelo próprio pai. Um amor doentio que a fazia se enxergar como tudo ao lado dele, menos como filha.

A FÁBRICA

Aquele grupo de cerca de cinquenta homens trabalhava em uma fábrica de facas e outros instrumentos cortantes, que fica localizada em Springfield, Massachusetts. Eles eram trabalhadores e artesãos dedicados e davam o sangue e o suor pela fábrica, pela produção e principalmente pelo dono, que era um patrão bom e justo.

Tudo ia bem com a produção e venda dos produtos, até que anos mais tarde o novo patrão, filho do antigo dono que havia acabado de se aposentar, anunciou um severo corte de contingente, principalmente aqueles que não se destacarem na produção, pois os pedidos estavam se acumulando e, ou estavam sendo entregues em cima do prazo, ou com atraso.

Os cinquenta homens começaram então uma guerra dentro da produção, para ver qual era o melhor funcionário e, durante a semana, ficaram trabalhando sob forte pressão e até mesmo assédio moral, por parte do patrão. Estavam tão estressados que na sexta-feira, começaram a discutir e discussão virou uma briga generalizada dentro da fábrica.

Os pacatos homens pegaram as facas que produziram e se atacaram até a morte, como se um ódio mortal emanasse de dentro daquelas paredes. Todos os funcionários, sem exceção morreram a golpes violentos, profundos e os que não morreram na mesma hora, sangraram até a vida se esvair de seus corpos.

A fábrica fora fechada, o novo patrão desistiu da herança dada por seu pai e o prédio foi abandonado, principalmente depois de se ouvirem gemidos misteriosos, gritos de puro terror e o barulho de facas ecoando por todos os lados.

O APARTAMENTO SANGUÍNEO

Finalmente Billy tinha conseguido realizar o sonho de comprar seu primeiro apartamento. Ele, que batalhou anos e anos juntando grana, conseguiu comprar ficava no último prédio daquele condomínio residencial de classe média do Arkansas e o preço tinha sido uma pechincha.

Billy, que morava num conjunto habitacional, logo arrumou suas coisas, colocou tudo em cima de um caminhão e se mudou para sua nova vizinhança, bem no centro de Little Rock. Era o lugar perfeito para um jovem como ele.

Porém o que o corretor não tinha avisado para Billy, era que o apartamento tinha sido usado como uma boca-de-fumo, onde o antigo dono e famoso traficante do estado torturava e matava quem ficava com a conta alta e não conseguia pagar, além de suas ex namoradas e demais seus desafetos.

Na primeira semana, Billy já percebeu o porquê dele ter sido tão barato: todos os dias, sempre às três da manhã, as paredes vertiam sangue e gritos eram ouvidos por trás delas, durante as madrugadas, deixando tudo ainda mais sinistro e aterrador.

Um dia, bastante assustado com o ar sobrenatural daquele lugar macabro, Billy tentou sair. Mas ao chegar à sala, começou a sangrar pela pele inexplicavelmente como se transpirasse, até não sobrar nenhuma gota de sangue em seu corpo.

CABELOS NA PERNA

Allan estava saindo da festa de todas as festas de Ano-Novo lá em Olinda: uma famosa cidade brasileira, conhecida mundialmente por seu Carnaval de rua. Queriam que o extrovertido homem de quase quarenta anos ficasse, mas tinha compromissos no outro dia e infelizmente não poderia estar entre os amigos e as mulheres. O álcool o tinha deixado um pouco ébrio, mas dava para chegar a casa dele, sem problemas.

Já caminhava por uns dez minutos pelas ruas desertas de Olinda e estava cruzando uma praça abandonada da cidade, para cortar caminho, quando se repente começou a ouvir pulos, como se uma pessoa perneta se aproximasse rapidamente.

Curioso, Allan resolveu olhar para trás e o susto foi ainda maior: uma perna cabeluda vinha em sua direção. O homem pensou que aquela visão fosse efeito do álcool, mas não era. Era realmente uma perna sem corpo vindo rápido em sua direção.

Assustado por aquilo o que estava vendo não ser por causa da quantidade de bebida que ingeriu na festa, Allan tentou correr. Mas a perna o alcançou, derrubou-o no chão e começou a chutá-lo na cabeça, até abrir a mesma e lhe causar um forte traumatismo craniano e pisotear seus miolos no meio daquela praça.

O REVOLTADO

Fim de tarde na Louisiana, outono, sexta-feira. Um homem chamado Bruce entra na Catedral Saint Joseph, ajoelha-se em um banco, faz o sinal da cruz e começa a sua prece. Ele pede perdão por todos os pecados cometidos, principalmente por vender sua alma, para livrar seu único filho do câncer.

Bruce olha para o sacrário, avisa em suas preces, que o dia do rei obscuro está vindo e que a imagem da cruz será um zero à esquerda, para quem quiser buscar a salvação, quando esse dia chegar.

Bruce também fala de todas as vezes que orou e nunca foi atendido, enquanto que em um momento de revolta, orou ao rei obscuro e foi atendido de imediato, salvando a vida do próprio filho, cuja doença estava entrando em estágio terminal.

O rei obscuro pediu em troca que ele sacrificasse uma jovem virgem e lhe devorasse os olhos e seus miolos da mesma, que o filho dele ficaria bom como que por um milagre, além de sua vida financeira melhorar consideravelmente.

Bruce então disse em sua prece que fez tudo o que o rei obscuro havia mandando e tudo aconteceu. Agora ele estava ali, dentro daquela catedral, para mostrar o quanto Deus era egoísta.

Bruce encerra sua prece, levanta-se e sai da catedral a passos lentos. Mas antes de cruzar a porta de saída, ele olha para dentro e diz para Deus que seu novo pai, Lúcifer, manda lembranças.

TRISTEZA E PESAR

Melissa era a rica esposa de um oficial da Marinha americana, mãe de uma bela jovem e tinha a vida perfeita. Mas essa perfeição durou até sua única filha Sally se apaixonar por um garoto bolsista da faculdade em que estudava.

Ao saber desse fato que perturbou profundamente sua alma, mãe e filha brigaram f**o e não deu outra: Melissa matriculou a filha em outra faculdade. Ela e Sally ficaram meses sem se falar, até que um dia, excursando por uma floresta tropical, de férias pela América do Sul, a jovem contraiu febre amarela e morreu, sem dar uma chance de reconciliação para a mãe.

Tomada de um profundo remorso, a mãe chorou por dias, semanas, meses, vindo ao suicídio um ao depois do falecimento de Sally, amarrando uma corda no pescoço e se enforcando na cozinha da própria casa, sendo encontrada várias horas depois quando um de seus empregados adentrou na cozinha para preparar o café de seus patrões.

Um profundo pesar se abateu dentro daquela família. Os parentes do marido de Melissa vieram morar na casa, mas semanas depois todos foram embora para nunca mais voltar, pois os gritos de remorso da alma não deixavam ninguém assistir ao último episódio da nona temporada do Circo Psicótico, muito menos ouvir o recado do Palhaço Taquicardia sobre a décima temporada.

Os gritos de Melissa são ouvidos até hoje.