Mayara Campbell Acordo. E tudo se repete. O mesmo vazio no peito. A mesma dor surda na alma. Levanto, caminho até o banheiro, e tomo banho com a água gelada escorrendo pelo corpo. Não porque gosto. Mas porque preciso acordar de alguma forma. Preciso me convencer de que ainda existo. Me visto devagar, arrumo o cabelo sem muito esforço e sigo para a cozinha. Preparo o café em silêncio, como todos os dias. Depois, subo as escadas e bato suavemente na porta do quarto. — Anthony... vamos, filho, ou vamos nos atrasar. — O pai não pode levar a gente hoje? — Hoje não, querido. Ele tem uma entrevista de trabalho. — Droga... — murmura, pegando a mochila e saindo com um suspiro pesado. Tento falar com Gustavo antes de sair. Mas desisto. Ele está de costas. Como sempre. Silencioso. Como sem

