Capítulo 1

1504 Words
Morgana - COMO ASSIM VOCÊ VENDEU A NOSSA CASA? - Acabo gritando com o meu pai, descontando minha frustração nele. - Não surta, garota - Ele fala passando a mão pelos cabelos - Eu já achei outro lugar pra a gente morar, fica tranquila. - Aonde? De baixo da ponte? - Pergunto irônica, esse cara deve tá querendo que eu morra de enfarto. - Porr@, Morgana - ele se irrita - Não, garota. Vai ser numa comunidade, morro da Penha. Eu tinha uma casa alugada lá, vamos morar nela. - Aí meu Deus - Falo e me sento - Eu não acredito que você tá destruindo a sua vida e a minha por causa de aposta em merda de cassino. - Não é por isso - ele fala sem jeito e se sentando no sofá. - Então é pelo quê caralh0? - Pergunto já surtando e me levanto do sofá. - São outras dividas - Falou baixo e eu respiro fundo. - Vai se fud3r - Falo e vou para o meu quarto. Quer dizer, meu antigo quarto, já que essa não é mais a minha casa. Eu não acredito que esse babac@ que a sociedade denomina como pai vendeu o nosso teto. Desde que minha mãe morreu, há dois anos, a empresa de meu pai desandou, ele então começou a apostar em alguns cassinos ilegais e obviamente só fez perder. E agora, vendeu a nossa casa para pagar agiotas que ele pegava dinheiro emprestado para jogar fora com aposta. - Morgana, arruma tuas coisas - Ele grita do andar de baixo e eu reviro os olhos. - Beleza - Grito de volta Ás vezes o meu pai parece que é meu irmão mais novo, já que eu que cuido de tudo nessa casa, compro comida com o meu dinheiro, pago as contas, faço tudo e ainda tento guardar dinheiro para alguma emergência minha. Paro de pensar pouco e arrumo minha malas, pego tudo e desço. - Eu não entendo por que tu não vendeu o teu carro e a moto, e sim a casa - falo botando as coisas no carro - Com a casa eu consegui a quantia necessária para a divida- Ele fala na maior cara de p@u - Você tem uma hilux, pow. Sem constar a XRE, dá uma grana boa - Falei revoltada e ele respira fundo. - Já foi, Morgana. Vendi a casa, não tem mais volta - Ele diz e reviro os olhos Eu sinceramente tô f0da-se pra onde a gente está indo morar, não tenho nenhum preconceito, eu só fiquei com raiva pela loucura que ele fez, sem nem ao menos conversar comigo. Ele sabe que essa casa fazia eu me sentir mais próxima da minha mãe, principalmente pelas memorias que eu tive nesse lugar. - Tu vai na moto e eu no carro, vem me seguindo que te guio o caminho - Ele diz entrando no carro e eu concordo subindo na moto. Ele sai e vou atrás dele, depois de um tempo chegamos no morro, na entrada já vejo alguns moleques, alguns armados, porém nada muito explícito. Sinto alguns olhares sobre mim, alguns me olhavam com malícia e desejo, outros apenas curiosos. Meu pai fala alguma coisa com um deles e eles abrem espaço, ele segue caminho para a casa. Depois de subir um pouco, ele entra em uma rua e logo para, desço da moto e olho a casa, por fora parece ser normal, dois andares, parece que tem garagem e afins. É uma casa bonita, mas bem menor que a antiga e para piorar, não tem nenhuma memória da minha mãe, até a cor da casa não é de uma cor que ela gostaria. Abro o portão grande da garagem, então meu pai coloca o carro, saio da garagem vejo um pequeno jardim, bem pequeno mesmo e logo a porta de entrada. Pego a chave da mão do meu pai e abro a porta. De cara eu vejo uma sala com dois sofás, uma tv de aparentemente 43 polegadas, nem muito grande e nem muito pequena, uma estante em baixo e um tapete. Logo do lado tem uma cozinha americana, vou até a cozinha vejo uma geladeira, uma pia, um fogão e uma pequena bancada, e logo do lado da cozinha tem uma área com uma lavanderia. Subo as escadas e vejo um corredor com três portas, abro a primeira é um quarto pequeno com uma cama de casal, um guarda roupa, tapete e essas coisas. Abro a outra e tem um banheiro, tamanho médio, bem fofo. Então entro na última porta e vejo um quarto bem maior que o outro, uma cama de casal, um guarda roupa, mesinhas de cabeceira, um tapete, uma escrivaninha, uma cadeira estilo de escritório e uma janela com cortinas. - Esse vai ser o meu - Falo bem alto para ele ouvir. - Qual? O maior né? - Ele pergunta e escuto ele rindo. - Esse mesmo - Falo e entro no quarto. Boto minhas malas no canto e vou até a janela, abro a cortina e a janela, vejo que ela dá a visão da frente da casa. Deixo ela aberta, prendo meu cabelo em um coque e começo a tirar minhas coisas da mala, coloco minhas roupas no guarda roupa, pego meus materiais da faculdade e coloco na escrivaninha. Pego minha maleta de maquiagem e coloco dentro do guarda roupa. Abro minha malinha que eu trouxe com itens de decoração e tento dar uma animada na decoração quarto, arrumo tudo e desço. - Tem que pegar meu espelho no carro - Falo pra meu pai e ele me olha. - Já peguei, tá ali no canto - Ele fala e aponta até o espelho. Vou até lá e pego o espelho, subo as escadas com um pouco de dificuldade, chego no corredor e descanso um pouco. Espelho grande do caralh0! Sigo para meu quarto e coloco ele encostado na parede, como era no meu antigo quarto. Aproveito a parede atrás dele e faço alguns desenhos no estilo do meu antigo quarto, coloco alguns trechos de músicas e algumas frases que me inspiram. Após finalizar, desço e encontro meu pai arrumando as coisas na cozinha. - Eu tô com fome - Falo olhando para ele. - Vamo comprar umas coisas no mercado próximo daqui - Ele fala e eu concordo. Saímos de casa a pé mesmo e fomos até o mercado, saímos da nossa rua e demos de cara com uma ladeira, que eu acredito que seja a rua principal daqui. Então começamos a subir a ladeira e enquanto a gente ia subindo, eu ia observando o lugar. É um lugar bem cuidado, pelo jeito o dono daqui é cuidadoso com o morro. Observo as pessoas, muitas delas me olhavam e olhavam para o meu pai com curiosidade, muitas meninas adolescentes olhavam pra mim com cara de nojo, e então solto beijos para elas também. A Surtada tá na área, amores! Então chegamos no Mercado e me surpreendo com o tamanho, ele é bem completo e grande. Então fizemos logo a feira do mês e por sorte hoje quem pagou foi o meu pai, aproveitei e usei o meu dinheiro para comprar meus itens pessoais, tanto de higiene quanto algumas besteiras para comer. Depois das compras voltamos para casa cheios de sacolas e já estava anoitecendo. Ao chegar em casa guardamos as coisas nos armários e aproveito para comer. Depois de comer vou para meu quarto e paro em frente ao meu espelho para me observar melhor. Entendo o motivo de tantos olhares, sempre chamei muita atenção, desde muito nova. Meu corpo sempre foi muito parecido com o da minha mãe, bem modelado e como diria ela "Cheio nos lugares necessários", ou seja, peito, bund@ e coxa. Sem constar meu cabelo, ele sempre foi meu xodó, ele é longo, batendo na bund@, preto azulado e liso levemente ondulado. Meus olhos também chamam muita atenção, por serem bem azuis, como os do meu pai. Já minha pele é igual a da minha mãe, sempre bem bronzeada, adoro ficar com marquinha, sempre estou reacendendo ela. Acabo sorrindo me olhando e saio dos pensamentos e então vou tomar meu banho. Começo a refletir sobre minha nova rotina, não sei como vai ser minha vida aqui, espero que seja boa e sem tanto estresse. Nesses momentos sinto muita falta da minha mãe, ela sempre me ensinou a ser independente, principalmente para não depender de homem para nada. Desde nova me colocou em varias atividades, judô, box, natação e outros que não me lembro bem agora. Me lembro que enquanto minhas amigas da escola faziam balé, eu fazia box ou judô. Acho que por isso sempre me achavam bem surtada e agressiva. Mas, no fundo, eu sempre gostei das pessoas tendo um certo respeito e temor em relação a mim. Me tiro dos pensamentos e saio do banheiro, me visto no quarto e vou dormir. Amanhã o dia começa cedo, aula e faculdade, preciso descansar, o dia hoje foi longo...
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