Bati a porta de casa com tanta força que os quadros da sala tremeram na parede. A chave girou de qualquer jeito na maçaneta, meus passos cambaleantes ecoavam altos no chão de mármore. O gosto do uísque ainda queimava na minha boca, e minha cabeça parecia um turbilhão de imagens, vozes e raiva.
— HELENA! — gritei, jogando o casaco no chão, a voz reverberando por todo o andar térreo. — HELENA, CADÊ VOCÊ?
Nenhuma resposta. Apenas o silêncio pesado da casa que, antes, era o nosso refúgio.
Subi as escadas com dificuldade, quase tropeçando. As luzes do corredor estavam acesas. Entrei no quarto como um furacão, e lá estava ela. De pé, de costas, arrumando alguma coisa na penteadeira. Parou ao ouvir minha entrada e, lentamente, virou-se pra mim.
— Que cena é essa agora, Nicolas? — ela pergunto
