Revolta Conjugal

1052 Words

Os dias se arrastaram numa cadência amarga. Eu acordava antes dela, preparava o café do jeito que lembrava que ela gostava — com pouco açúcar, mas com leite quente. Colocava na caneca azul, aquela que ela sempre escolhia, e deixava ao lado da cama. Não dizia nada. Só deixava ali e saía, como se estivesse tentando não invadir nem o espaço, nem o humor. Ela nunca agradecia. Às vezes nem tocava no café. Quando acordava, vinha direto pro banheiro, passava por mim como se eu fosse só mais um móvel da casa. Em alguns momentos, trocávamos olhares. Mas os dela... carregavam ferro e sal. Dureza e mágoa. Era como se cada vez que ela me visse, a dor renascesse. E ainda assim, eu não desistia. No terceiro dia, deixei um bilhete ao lado do prato: "Sei que palavras não bastam. Mas estou aqui. Um p

Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD