Capítulo 1

2092 Words
O homem de cabelos enrolados e extremamente bagunçados caminhava pelos corredores da delegacia com pressa. Seu rosto mostrava impaciência, raiva ou qualquer coisa do tipo, seus olhos brilhavam e estavam extremamente vermelhos em volta; estava pernoitado. Fato. Por onde Lorenzo Castelli passava, apesar da aparência nada apresentável, arrancava suspiros de todas as mulheres do local. Afinal... Seu rosto m*l-humorado e seu cabelo bagunçado apenas o deixava mais... Sexy. Ou na linguagem das mulheres de lá: gostoso. Castelli dera a última tragada no cigarro que tinha entre os lábios, jogou-o em uma lixeira qualquer e abriu a porta em sua frente, ignorando todos os "não pode fumar por aqui, senhor Castelli" e os "bom dia, senhor" das mulheres atiradas que queriam chamar sua atenção. Frieza. Típico dos ingleses como Castelli. — O que é tão importante para vocês me tirarem da minha deliciosa cama justo na minha folga? — Ele fechou a porta atrás de si e continuou a falar: — E, outra, às sete da manhã. Vocês são normais? — Bom dia pra você também, Castelli — disse uma ruiva revirando os olhos enquanto analisava uns papéis. — Tanto faz — ele deu de ombros, bufando. — Agora, por favor, respodam: o que diabos estou fazendo aqui às sete da manhã no meu dia de folga? Caso vocês não saibam, eu... — Passou uma noite inteira bebendo, dançando com essas vadias de boates, depois levou uma pra sua casa, vocês transaram por duas horas e quando você, finalmente, pôde dormir, nós te acordamos — disse um rapaz de cabelos, também, enrolados revirando os olhos. — Pare de me interromper, Sebastian — Lorenzo o repreendeu. — Eu gosto de contar essa parte. Charlie Moore, o chefe do local, revirou os olhos cansado daquelas brincadeirinhas. — Tente dar uma lida nisso aí, Castelli — ele disse jogando a pasta em cima do moreno. — Ainda hoje. Bêbado ou não, você tem que ler isso. Lorenzo abriu a pasta e se sentou ao lado da ruiva que tratou de se levantar, não porque Castelli sentara ali, mas sim porque... Precisava fazer algo do lado de fora. — Owen Mangor... morta? — ele murmurou devagar, lendo e relendo o mesmo parágrafo. — Pois é — Charlie caminhou até Castelli. — Pegue quem fez isso antes que ele faça m*l a mais alguém importante e eu lhe dou um mês de férias. — Você disse isso da outra vez, e aqui estou eu trabalhando em mais um dia de folga — Castelli rebateu. — Mas, beleza, vou pegar. Afinal, é o meu trabalho. Charlie apenas suspirou e saiu da sala, deixando apenas Lorenzo e Sebastian. — Resume pra mim o que realmente aconteceu? — Lorenzo pediu e o amigo riu. — Sério, estou sem saco pra ler o resto disso aqui e minha cabeça parece que vai explodir a qualquer momento. — O cara matou ela a facadas na casa dela — Sebastian começou —, ele deixou a faca no local para nos deixar "atiçados" — ele fez aspas e continuou: — Mas quando pegamos a faca, não havia digitais nem nada. A faca estava incrivelmente limpa. E, ao lado da faca, deixou um bilhete que dizia: "ela é só a primeira. Se eu fosse vocês ficaria ligado, policiais ingleses. Tenho mais gente na lista. E acho que vocês só vão me pegar depois que eu matar o último." — Sebastian fez um pausa e vasculhou sua mente à procura de mais informações que fosse ajudar Castelli. — Certo — Lorenzo interrompeu os pensamentos do amigo. — A gente dá um jeito nesse cara. E nos amiguinhos dele também, porque ele não está sozinho. — Jura, Lorenzo? — Sebastian perguntou irônico. Lorenzo revirou os olhos. Não queria trabalhar. Ele estava um caco! — Eu realmente tenho que começar isso hoje? — Lorenzo perguntou fechando os olhos com força. — Aham — Sebastian deu ombros. — E se eu fosse você, tiraria essa b***a branca da cadeira agora e ia atrás de mais coisa. — Tá, tá — Lorenzo se levantou bufando. — Você vem comigo? — Não — Sebastian riu. — Mas ela vai — ele apontou para a mulher que abria a porta. — Opa — Lorenzo murmurou. — Não vai ser tão difícil assim. Sebastian riu e não disse nada, apenas fora para o outro lado da sala pegar alguma coisa. — Olá, garotos — disse a mulher que acabara de entrar. Lorenzo olhou-a de cima abaixo novamente, fazendo-a revirar os olhos; não o aguentava mais. — Olá — Lorenzo murmurou ainda a encarando. Sebastian riu. — Olá, Emma — Sebastian disse e, logo depois, se virou para o amigo. — É bom que comece logo o trabalho — finalizou e saiu rindo da sala. — E aí, Cobain — Castelli começou, puxando um cigarro e o isqueiro do bolso. Colocou o cigarro entre os lábios e o acendeu rapidamente. Tirou-o da boca, segurando entre os dedos e soltou a fumaça, virando para a mulher. — Você está tão... gostosa hoje. — Não pode fumar aqui, Castelli — ela disse bufando. — E dá pra parar com isso? Temos que trabalhar. — Tudo bem — ele levantou as mãos e, logo depois, deu mais uma tragada no cigarro. — E, ah, eu sei que não pode. Mas quebrar as regras é tão legal. — Você deveria ser um homem da lei — ela riu. Lorenzo tirou o casaco de couro que vestia e o deixou jogado em uma das mesas. Sugou o cigarro novamente e o jogou fora, mesmo estando pela metade. Tinha coisas mais importantes pra fazer. Ou melhor, tentar fazer. Se aproximou de Emma e ela revirou os olhos. — Lorenzo, por favor — ela pediu o empurrando pelo peito. — Pare, tá legal? Vamos só trabalhar. Ele deu uma risadinha fraca e mexeu nos cabelos, fazendo-a se perder em seus movimentos. Afinal, quem não se perdia? — Tem certeza? — ele se aproximou mais. — Absoluta — respondeu ela, séria. — E você ficou na farra a noite inteira. Sinceramente, Castelli, você não cansa? — Eu sempre tenho umas energias guardadas pra você, querida Emma — ele murmurou de uma forma provocante, aproximando seu rosto do da mulher. Ela suspirou. Não o aguentava mais. Mas também não queria mais resistir. Afinal, era Lorenzo Castelli! E todas as mulheres dali queriam estar no seu lugar. Todas. Até as casadas que não tinham em casa o que Lorenzo poderia dar. — Lorenzo, por Deus! — Ela tirou forças do além e o empurrou, indo para o outro lado da sala. Não conseguia raciocinar em algo melhor. Lorenzo mordeu o lábio e caminhou calmamente até o canto que Emma estava, segurou sua cintura firmemente fazendo-a estremecer. — Você quer tanto quanto eu — ele sussurrou em seu ouvindo e começou a distribuir beijos pela nuca da moça, que se arrepiava mais a cada segundo. Os lábios frios e macios de Lorenzo passeavam livremente por sua nuca, logo sua língua quente fazia parte da coisa. Ela fechou os olhos com força e apoiou as mãos na mesa mais próxima. Se sentia tonta. Lorenzo a deixava tonta. — Lorenzo... — ela murmurou e ele tirou os lábios da nuca da garota, deixando-a mais aliviada, porém "com gostinho de quero mais". — Fale — ele sussurrou. Ela mordeu o lábio. Não sabia o que fazer. — Seu cachorro — ela disse um pouco mais alto e se virou para o rapaz, que sorria maroto. Emma revirou os Lorenzo Lorenzo... Afinal, tem trinta e seis anos e Lorenzo tem apenas vinte e oito. — Imagina, coração — ele abriu mais seu sorriso e a puxou para mais perto. Emma revirou os olhos e o afastou, logo girando-o e o encostando na mesa onde ela apoiara antes. — Eu controlo a situação — ela sussurrou no ouvido do rapaz e desceu os lábios lentamente por todo o rosto e pescoço de Lorenzo. — Como quiser — ele murmurou deixando suas mãos escorregarem por todo o corpo da mulher. Emma, já cansada de joguinhos, puxou-o para um beijo caloroso. Lorenzo retribuiu à altura, puxando a blusa da mulher que estava por dentro da saia justa de cintura alta. Castelli levou a mão direita lentamente para os cabelos ainda presos de Emma. Ela soltou um suspiro pesado ao sentir o rapaz mordendo seu lábio com um pouco mais de força e, sem perder mais tempo, levou as mãos para debaixo da camisa branca do rapaz, puxando-a para cima. Afastaram-se por dois segundos — tempo pra arrancar a blusa de Lorenzo — e juntaram seus lábios novamente num beijo muito mais ardente. Emma sentia seu corpo queimar; como se cada célula sua estivesse explodindo. Lorenzo já estava acostumado com aquela sensação. Mas era algo que não o deixava enjoado de sentir. A cada segundo que passava ele queria mais e mais. Emma era a mulher que ele mais desejou e nunca conseguiu no local de trabalho, as outras eram... sei lá, as outras eram bem pouco comparadas à ela. Talvez por ela ser mais velha e mais experiente ou então talvez pela sua beleza juvenil. Emma desceu uma das mãos e a parou em cima do m****o já "animado" de Lorenzo, que se arrepiou com o toque. Ele, então, sem perder tempo, puxou a blusa de Emma abrindo-a violentamente e arrancando um dos três botões que haviam. — Lorenzo, você e a Emma... — Sebastian abriu a porta dando de cara com Emma e Lorenzo praticamente se engolindo. Arregalou os olhos assustado e engoliu seco. Emma se afastou de Lorenzo rapidamente, respirando pesado. Castelli bufou e pegou a blusa de Emma, que estava próxima a ele. — Foi m*l eu... — Sebastian tentou falar, porém Emma o interrompeu. — Tudo bem — ela disse rápido vestindo a blusa. — Eu... vou lá pra fora — ela mordeu o lábio. — Tenho que ver umas coisas pra começarmos a achar as provas e... — ela olhou pra o chão e bufou. — Ah! f**a-se — murmurou e saiu da sala. Lorenzo passou as mãos pelos cabelos e procurou sua camisa. — O que você viu fica aqui. Somente aqui — Castelli murmurou tentando se acalmar. — Relaxa — Sebastian segurou um riso e Lorenzo o olhou feio. — Empata f**a — Lorenzo sussurrou e vestiu a camisa, finalmente. — Vamos trabalhar, Castelli, vamos lá — disse pra si mesmo e Sebastian não segurou a gargalhada. — Você está retardado e eu não tenho mais dúvidas disso — Sebastian disse e riu alto mais uma vez, fazendo Lorenzo revirar os olhos. — Vamos trabalhar, Martinelli — Lorenzo disse respirando fundo e olhando para todo seu corpo para ver se tudo já estava em ordem. Deu um sorriso de canto ao ver que todo aquele efeito de excitação já havia passado e saiu da sala, sem nem ao menos esperar Sebastian – que não se importou muito com a saída do amigo, tinha coisas mais importantes para fazer que se preocupar com Lorenzo. Sebastian sentou-se em uma das mesas dali e ligou um dos computadores; precisava olhar alguns e-mails, ler notícias, saber o que estavam falando sobre Owen Mangor, aquilo também era importante. Muito importante, vale frisar. Sebastian observava o monitor atentamente. Abriu todas as páginas de Internet que precisava e esperou tudo carregar, o que não demorou muito. Antes de voltar a observar o monitor, prendeu sua atenção em seu celular; observava uma foto. Suspirou e deu de ombros, olhando para o monitor. Seus olhos se arregalaram no mesmo momento. Aquilo não podia ser sério. Agora, Lorenzo infartaria. De fato. Sebastian engoliu seco e leu novamente a página que estava. — Essa garota já era — Sebastian murmurou para si mesmo quando acabou de ler a página. Mordeu o lábio inferior para segurar um sorriso e pegou o celular em cima da mesa. Ligaria para Lorenzo, claro! Ele tinha que ler aquilo! Afinal, era sobre ele. — O que é, Martinelli? — Lorenzo perguntou irritado; com certeza acabara de brigar com alguém ou então sua ressaca havia voltado. — Você precisa subir aqui — Sebastian disse. — Olha, eu tô ocupado e... — Sério, Lorenzo — Sebastian interrompeu. — Você prcisa ler o que aquela jornalistazinha disse sobre o caso da Mangor. — Eu leio isso depois, Charlie está me irritando demais agora... — o rapaz respondeu bufando. Sebastian deu uma risada fraca e falou: — Se eu fosse você subiria agora, Lorenzo. Você não vai gostar de ler isso tudo em outro lugar.
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