Jantar de negócios

1606 Words
Maya – Bom dia querida, como foi sua noite? – Meu marido me questionou assim que entrei na cozinha. – Você parece um pouco cansada. Temos uma relação tranquila, nos conhecemos desde a faculdade, ele é formado em administração de empresas, um homem de negócios, frio e calculista em muitos aspectos, mas não comigo, com a amada esposa é um homem perfeito, cuida de mim como se eu fosse uma boneca de porcelana, um verdadeiro cavalheiro, daqueles que sempre me traz flores, que me trata com carinho, cuidado e paciência. Não consigo imaginar uma vida sem ele. – Muito bem amor, senti sua falta na cama, algum motivo para ter levantado tão cedo assim? É final de semana, dia de estarmos bem coladinhos. – Fiz um beicinho. Ele tem pouco tempo para estar em casa, então de final de semana tentamos aproveitar o máximo de tempo possível. – Eu sei, mas tenho uma reunião importante hoje, não consegui dormir bem para me planejar melhor, infelizmente não posso deixar para um outro dia, é um cliente especial e não posso perdê-lo, por isso aceitei sem nem ao menos pensar duas vezes. – Ele me pareceu agitado, imagino que esteja mesmo preocupado. Caio sempre fez muito por nós, sacrificou muito para que tivéssemos a estabilidade que temos agora, mas eu também fiz muito, quando terminamos a faculdade, ele me pediu que desse um tempo da minha profissão para ajuda-lo a alavancar, que seria o melhor para o nosso futuro naquele momento, então eu assim fiz, fico em, casa a disposição dele e de tudo o que ele precisa, analiso documentos, falo com pessoas importantes, vou a reuniões e viagens incansavelmente. O fato de não poder dar a meu marido nenhum filho, também é um enorme sacrifício para ele, que também sonhava em ser pai, o que só me prova o quanto ele está disposto a tudo por mim, mesmo que sua família me odeie por isso. – E que tal se eu for com você? Aposto que estar com a esposa vai passar até mais credibilidade, eu sempre estou em todos os lugares com você, provavelmente já deve até me conhecer. – Ele engoliu seco, parece um pouco tenso demais, esse cliente deve mesmo ser importante, nunca o vi assim tão receoso. – E por ser o nosso final de semana, você me deve isso, não quero passar o nosso dia longe de você. – Por mais que estejamos sempre indo jantar com alguém, ou em alguma reunião, ele não está lá por mim e sim pelos clientes, normalmente fico junto com as esposas que não entendem nada de negócios e falam apenas de roupas e calçados, o que eu é que não entendo muito, já que sou o cérebro por trás de muitos dos negócios assertivos do meu marido, falar comigo é a última coisa que ele faz nessas reuniões, então temos sempre o domingo do final de semana um para o outro. – Melhor que você descanse, esse cliente não é como os habituais, não será um jantar chique como sempre, será uma coisa mais parecida com ele, e talvez não seja o ambiente adequado para te levar. – Ambiente adequado? – Ah, fala sério, só porque não é um jantar formal acha que vou ficar deslocada? Não se preocupe, estarei pronta e você não vai se arrepender de me levar. – Senti que ele não estava muito confortável com a minha decisão, mas ele não discutiu mais, passamos o dia conversando tranquilamente, mas durante todo o tempo eu sentia que ele estava um pouco longe, perdido em pensamentos. Claro que pode ser apenas o fato de ele estar preocupado com a reunião, já que ele pontuou várias vezes que é muito importante. Quando o horário foi se aproximando, fui primeiro me arrumar, já que costumo levar mais tempo para ficar pronta. A noite estava quente, então optei por uma roupa mais leve e agradável, um conjuntinho de linho azul marinho, é uma cor que eu amo e que contrasta bem com a minha pele. Um salto que não me incomoda por ser mais baixinho. A maquiagem bem leve, eu não gosto de nada muito pesado. E finalmente meus cabelos soltos, eles são bem grandes, mas vivem presos enquanto eu faço as coisas em casa, sendo assim, aproveito quando saio para deixar que eles respirem livremente. Meu marido já estava me esperando no andar inferior da casa, estava lindo como sempre, era bom vê-lo sem o terno de vez em quando, durante um passeio, ou quando estamos a sós em casa. Ele preza muito por sua aparência, então não estar de terno para esse jantar foi uma surpresa boa. Essa pessoa deve ser bem simples, creio que me darei bem. E quem sabe depois da reunião eu e Caio podemos fazer algo apenas nós dois. – Está linda querida. – Ele sorriu para mim, mas ainda sentia ali no fundo um o pequeno incômodo. Fomos para nosso carro, e ele dirigiu em silencio, o lugar não era por perto, nos afastamos um pouco do centro da cidade, dentro de um bairro muito chique nos arredores, mas o restaurante era afastado das casas como se estivesse dentro de um pequeno bosque. Era rústico, paredes de paletes envernizado, tudo ali me lembrava casa de vó, nada com luxo e nos fazia sentir uma coisa gostosa, como se estivéssemos em casa. Eu realmente adorei o ambiente, com certeza vou querer retornar aqui mais vezes, mas durante o dia, quero dar uma olhada melhor no lugar, parece ter um jardim muito grande na parte dos fundos. – Nossa, é tudo tão lindo aqui, como nunca viemos a esse lugar antes? – Disse admirada. Meu marido me olhou, parecia um pouco apreensivo, nervoso, não estava agindo como de costume, ele dificilmente é assim. Nunca tinha visto ele tão ansioso e ele é sempre confiante. – Não pense demais sobre vir mais vezes querida, dizem que o dono daqui não é dos melhores. Colmo eu disse, um homem reservado e cheio de manias. Uma mulher veio até nós, informando que a reunião não seria ali, que meu marido teria que acompanhá-la até um lugar mais reservado. Eu me levantei para acompanhá-los, mas a mulher me barrou. – Desculpe-me senhora, mas apenas seu marido está convidado a entrar, peço que aguarde no restaurante, ele retornará assim que terminar, serviremos seu jantar, espero que a noite lhe agrade. Olhei para a mulher incrédula, pronta para dizer a ela umas boas, mas meu esposo implorou com o olhar que eu não começasse uma discussão, e apenas por ser algo que ele estava tão empenhado, eu me contive. Quando estavam indo, ouvi quando ela disse que o outro homem ainda não havia chegado, e que o mesmo pediu que ela o acomodasse, pois já estava a caminho. Não estou acreditando que vim para poder participar de algo com meu marido e acabei ficando de fora, que bela noite... mas quem sabe depois de ele ter terminado, nós podemos apreciar o restinho dela. As luzes do jardim estavam apagadas, chamei uma moça que estava na entrada e perguntei se poderiam acender ao menos algumas para que eu pudesse ficar um pouco no jardim enquanto esperava o jantar. – O jantar será servido muito em breve senhora, não quer aguardar um pouco mais? – Me perguntou um pouco nervosa. – O jardim é um local muito apreciado pelo proprietário, ele não gosta que mexam em nada. – Peça que me sirvam quando meu marido vier, eu vou esperar que ele retorne para jantarmos juntos. E eu sou uma mulher adulta, não vou mexer em nada, apenas apreciar a vista e tomar um ar. – Soei um pouco mais ríspida do que desejava, mas ao menos funcionou. Um pouco desconfortável, ela fez o que eu pedi, mas acendeu apenas uma luz fraca que ficava bem perto da porta, o resto do jardim ainda ficou na penumbra. Ajudou bastante né... olhei para ela com as sobrancelhas erguidas, mas ela apenas deu de ombros e voltou a mexer no celular. Agora entendo por que nunca vim a esse lugar, que atendimento horrível, eu realmente não vou querer voltar. O cheiro das flores ali era muito bom, trazia uma paz, uma coisa boa por dentro, assim como todo o resto do local. Tudo muito confortável. Alguns minutos se passaram e eu senti duas mãos fortes me segurando por trás na cintura, imaginei que fosse meu marido, então não me movi, nem mostrei incômodo com o toque, o local onde as mãos estavam encostadas ficaram com um formigamento gostoso, me deixou excitada de uma maneira diferente, até que uma voz grave soou nos meus ouvidos. – O que faz aqui tão tarde da noite pequena? – A voz penetrou meus ouvidos de maneira sensual, eu poderia jurar que era o próprio d***o falando comigo. Eu travei, minhas pernas não me obedeciam, senti um arrepio por toda a minha pele quando ele encostou seu corpo no meu. Como se tivesse levado um choque, me movi rapidamente para ficar de frente para ele, mas não consegui vê-lo, além do escuro a minha volta, ele estava contra aquela luz fraca que vinha de perto da porta, mas ele era grande, muito grande, o que me assustou muito. – Não chegue perto de mim! O que pensa que está fazendo? – Rosnei para ele ficando na defensiva. – Volte para dentro. Nunca se sabe o que pode encontrar por aqui, ou quem... – Ele me deu as costas e sumiu para dentro do restaurante, soltei o ar com força, nunca havia passado por algo desse tipo antes.
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