DOUGLAS
Mano, a visão queimou meus olhos. Lá no beco atrás da igrejinha, a minha mãe e o Ben, se agarrando feito dois cachorro no cio. O beijo era pesado, as mãos dele metidas no vestido dela, ela toda entregue.
Eles me viram.
Ou pelo menos ela eu sei que me viu.
Na hora que ela se virou pra onde eu estava, eu vi o pânico estampado nos dois. Mas eu não tive forças. Não aguentei encarar aquela merda. Virei as costas e vazei dali, com um fogo no peito que ameaçava me consumir por dentro.
Fui direto pro pior lugar que eu conheço: o cabaré do morro.
O cheiro de cigarro barato, álcool e perfume vagabundo me atingiu assim que entrei.
Era exatamente o que eu precisava.
Paguei um pino de pó com um maluco no canto e cheirei tudo de uma vez, entrou como fogo subindo pelo nariz e anestesiando a mente.
Precisava esquecer aquela merda.
Esquecer a imagem da minha mãe.nos braços dele, a traição do meu até poucas horas, irmão.
Chamei duas putas.
Uma morena alta, com uns peitões durinhos, que já tava pra fora do sutiã de renda preta, e uma loira baixinha, com um r**o redondo que não parava de balançar.
Paguei uma suite no andar de cima. Lá dentro, o cheiro de sexo era ainda mais forte.
— Vamos, suas vadias — gritei, jogando dinheiro na cama. — Hoje eu tô com fome.
A morena veio primeiro, ajoelhou e abriu meu zíper. Ela me chupou com uma experiência que deixou claro que sabia o que tava fazendo, a língua dela girando na cabeça do meu p*u enquanto as mãos apertavam minhas bolas. Eu olhava pra ela, mas via a cara do Ben. A raiva voltou. Empurrei ela pra trás na cama.
— Vira de quatro, sua c****a — ordenei, a voz saindo grossa.
Ela obedeceu, arqueando as costas. A loira veio por trás de mim, esfregando os p****s nas minhas costas, mordendo meu ombro.
Eu não perdi tempo.
Enfiei meu p*u na morena com uma força brutal, sem dó. Ela gritou, mas logo começou a gemer, rebolando contra mim. A cama batia na parede no mesmo ritmo dos meus socos na costela dela. A loira se ajoelhou na nossa frente e a morena foi direto chupar ela, os gemidos das duas enchendo o quarto.
Eu meti com ódio, cada estocada era um soco no Ben, na minha mãe, na merda da minha vida.
Gozei dentro da morena com um gemido rouco, e depois fiz a loira engolir meu p*u até engasgar. Foi rápido, bruto, sem sentimento.
Só pra extravasar a fúria.
Saí de lá com o corpo suado, a roupa amassada, e a raiva ainda intacta.
No dia seguinte, a ressaca moral era pior que a física. A imagem do beco não saía da minha cabeça. Peguei minha arma, engatilhei e fui pra casa do Ben. Tava decidido a encarar ele, de uma vez por todas. Chegando lá, vi ele saindo de moto, todo de preto, a cara fechada.
Resolvi seguir.
Ele desceu o morro, pegou a estrada e entrou num motel barato na baixada. Estacionei longe, o coração batendo forte. E aí, não acreditei no que vi. Um carro de aplicativo parou, e quem desce? A minha mãe.
A Keyla.
Com um vestido curto, aquele mesmo do jantar. Ela olhou pros lados, toda nervosa, e entrou no quarto 12.
Mano.
Eu fiquei sentado no carro, por duas horas. Duas horas vendo a janela fechada, a cortina branca imóvel, imaginando cada segundo do que tava rolando lá dentro.
O Ben comendo ela.
Ela gemendo pra ele.
As mãos dele no corpo que devia ser só do meu pai. A raiva foi fermentando, virando um veneno puro. Quando a porta do quarto finalmente abriu, eu já tava no limite.
Eles saíram, rindo baixo, ela arrumando o vestido. O Ben com a mão na cintura dela.
Foi a gota d'água.
Saí do carro igual um touro.
— POR QUANTO TEMPO, SEUS FILHOS DA p**a? — gritei, avançando pra cima deles.
Os dois pararam gelados.
A cara deles foi de pavor.
— Douglas, calma, mano… — o Ben tentou, botando o corpo na frente da minha mãe.
— CALMA O c*****o! COMEÇOU QUANDO, SEU ARROMBADO? DESDE SEMPRE?
— Não, p***a! — o Ben gritou de volta, os olhos flamejando. — Começou depois que você brigou com ela! Quando ela tava se sentindo sozinha pra c*****o!
Aquilo me cegou.
Não pensei.
Parti pra cima.
Um soco certeiro acertou a queixo do Ben, estalando alto. Ele cambaleou, mas revidou na mesma hora, um golpe no meu estômago que me fez perder o fôlego. A gente caiu no chão do estacionamento, rolando, trocando socos e pontapés. Era a raiva de anos, a traição, a quebra da confiança, tudo saindo na porrada.
— MEU PAI VAI VOLTAR E VOCÊS FAZEM ISSO? — eu gritei, segurando a camisa dele.
— PARA, DOUGLAS, PELO AMOR DE DEUS! — a minha mãe gritou, chorando, tentando nos separar.
A gente se soltou, ofegante, sangrando. Ela veio pra perto de mim, as lágrimas escorrendo.
— Filho, me perdoa, por favor… — ela implorou, a voz trêmula.
Eu olhei pra ela, pra ele, e soltei uma risada amarga, de desespero.
— Vocês dois… vocês dois merecem um ao outro.
Virei as costas e sai andando.
A dor no rosto, no corpo, não era nada perto daquilo que tava rasgando meu peito por dentro. Fui pra um canto escuro, peguei o celular e liguei pro Zé, um aliado que tramita na penitenciária onde meu pai tá.
Só ligo pra ele quando tem emergência, e agora era emergência.
— Zé, é o Douglas. Preciso de um favor urgente. Põe meu pai no telefone.
Alguns minutos depois, a voz do meu pai, cansada, veio na linha.
— Douglas? Filho, que foi?
Respirei fundo, o gosto de sangue ainda na boca.
— Pai… preciso te contar uma coisa…
A faca que eu cravava nas costas do meu melhor amigo doía mais que qualquer tiro — porque eu mesmo a tinha afiado com minha confiança cega.
E agora, eu tava entregando ele.
E ela.
Tava destruindo tudo.
Mas naquela hora, fodido pela raiva e pela dor, era a única coisa que me restava fazer.