O problemático Raphael

1251 Words
Estamos de volta à São Paulo, lugar onde todos nós sabemos que é a capital do Brasil. Os assalariados trabalham, os empresários lucram, e quem é da noite, vive como um morcego nas muitas boates espalhadas ao longo do estado. Muita coisa acontece e ninguém sabe. Ocorre e ninguém vê. É pensando assim que nosso trio se meteu no primeiro problema amoroso, cronologicamente falando. Os olhos furiosos dos três, davam olhadas revoltosas aos até então amigos, mas agora, rivais. Se um romance entre dois amigos já complica muita coisa entre eles, imagina um triângulo amoroso entre três grandes amigos? Boa coisa é que não poderia dar. Bárbara acordou decidida para se confessar para Alexandra, apenas por suspeitas que ela desejava o mesmo. Infelizmente, Alexandra queria se abrir para Yago, visto que os dois pareciam ter os seus momentos. Acontece que Yago estava cansado das enrolações com Bárbara e queria agir de uma vez por todas. Porém, as revelações ao mesmo tempo desencadearam reações distintas e os fizeram ficar sozinhos para pensar. Ponto de vista de Alexandra. Eu não sei como me meti nessa furada. Que ódio! Porque o cara que eu tanto presei, ajudei e amei, teve que gostar logo de uma lésbica? Sem condições mesmo, francamente. Parabéns pra mim. Não sei onde me enfiei. — Alexandra saiu de onde os três estavam e aos trancos e barrancos chegou até o banheiro. Droga. Droga. DROGA! Porque essas coisas só acontecem comigo cara? — ela revirou sua bolsa minúscula e puxou um comprimido misterioso, lançando-o na boca e engolindo com água da torneira. Não quero voltar à virar garrafas e me afogar num bar. É melhor ficar dopada de comprimidos do que vê-lo online sem responder minhas mensagens sem ele. — Alexandra estava trêmula e se encarava no espelho do banheiro. Não fará efeito tão rápido, se eu beber bastante líquido, talvez retarde ainda mais o processo. Ficarei de longe, não pegará bem eu me aproximar pra conversar com Bárbara, tão pouco, encarar Yago nos olhos. Acho que por hora, ficar na minha é o ideal a se fazer. Ponto de vista de Bárbara. Mas que merda. Porque isso sempre acontece? Parece que eu estrago tudo o que ponho a mão. Meu irmão, a família, meus estudos e agora, até mesmo os meus amigos. — encarou enquanto seus amigos se afastavam. Alexandra foi ao banheiro do outro lado do salão e Yago para um outro bar. Tudo o que eu queria era ser feliz. Porque eu não nasci normal, como qualquer uma? Assim, ao menos poderia ficar com o Yago, ter um relacionamento normal e estável. Do jeito que eu me vejo agora, pareço um monstro. Alguém que não é mulher, mas que certamente não é homem. — ela puxou o seu telefone e ficou de costas para a pista. Eu só queria um lugar pra mim, um caloroso ombro amigo e confortável para eu me sentir confortável. Não tenho ninguém, não tenho família pra contar, mãe pra desabafar, pai pra me proteger ou relacionamento para me jogar. — ela encarou o seu telefone distraída enquanto dava outra golada na caipirinha que bebia. Eu não sei mais o que fazer. Ponto de vista de Yago. Como que, com tantas milhares de mulheres que existem por aí, eu fui gostar logo de uma que é apaixonada por uma mulher? Eu sou incompetente em tudo mesmo, não tenho mais defesa. Tudo o que eu faço, tá errado. — Yago fez um sinal para o garçom, ele comprou três shots de tequila e um copo de vodka. Quero ao menos ficar extremamente bêbado para me esquecer desse péssimo dia e dessa noite r**m que eu procurei pra mim. Que desgraça de vida. Sem emprego, sem amor, sem família, às vezes eu queria perguntar pra Deus, o motivo deu ter nascido. — Yago vira os primeiros dois shots de tequila. Vou ficar longe, será melhor. — Yago virou o terceiro shot de tequila. Melhor, irei ficar no bar, assim, quem sabe, alguém passa aqui e eu agarro. Fico com alguém, curto a noite e viro num Motel com qualquer coisa. — Yago bebe metade do copo de vodka. só isso não me dará onda. Não o suficiente para me esquecer das coisas que preciso. — ele sinalizou outro copo de vodka. Vamos nos atentar agora, em Raphael, que enquanto estava próximo do bar, Raphael notou uma garçonete que derrubou uma bandeja cheia de bebidas, causando um pequeno caos. Ao invés de demonstrar empatia ou compreensão, ele se aproximou dela com um sorriso sarcástico nos lábios. — É impressionante como você consegue estragar tudo, não é mesmo? — disse ele, fazendo com que a garçonete corasse de vergonha enquanto tentava limpar a bagunça. Contextualizando, ele simplesmente levou um fora dela e decidiu dar o troco dessa maneira. Yago notou tudo, os demais, sequer perceberam este acontecimento. O banheiro onde Alexandra estava, era do lado do mesmo bar, mas vamos nos atentar em Bárbara por enquanto. — Eu sabia que você me queria, estava tímida ao lado do Yago, certo? — sussurrou Bárbara. Contudo, ao sentir a barba roçando seu rosto e a mão grossa, rapidamente soube que não era Alexandra. Ela se virou e empurrou o rapaz. — Sai daqui Raphael! — Eu quaaaaase consegui! — brincou. Raphael é um rapaz ligeiramente mais velho que o trio, trabalha como advogado, é sério, rígido, cafajeste e babaca. Anda sempre bem vestido para onde quer que vá, além de estar acompanhado com um par de sapatos e um relógio caro no pulso. Um exibicionista nato. Não é muito forte, mas você certamente não gostaria de entrar numa luta com ele. Possui olhar claros e brilhantes, tanto quanto seu sorriso, tem a pele morena e cabelos em tom claros, nada muito loiro, mas sem dúvidas não é preto. Ele vem arrastando um caminhão por Bárbara à muito tempo e sempre que pode, manda uma piadinha safada pra ela. Mas hoje, ele certamente passou dos limites. — Me solta Raphael, pelo amor de Deus, eu pensei que fosse outra pessoa. — Então quer dizer que tem outra pessoa que chega assim em você? Bárbara lhe encarou enquanto ele tentava agarrá-la. — Me solta, Raphael, pelo amor de Deus, eu já lhe disse, pensei que fosse outra pessoa. — implorou Bárbara enquanto ele tentava agarrá-la. Raphael a encarou, sorrindo de maneira desagradável. Raphael se aproximou de Bárbara de maneira invasiva, bloqueando seu caminho com seu corpo. Ele adorou a sensação de poder que tinha sobre ela, enquanto seus olhos brilhavam com malícia. Bárbara, por sua vez, sentiu um arrepio de desconforto percorrer sua espinha. Ela o desprezava profundamente e tentava desesperadamente se afastar, mas Raphael a prendia cada vez mais, tornando evidente sua intenção de assédio. A cena é mais comum do que você pensa, diariamente isso ocorre todas as noites. E enquanto alguns estão pensando em "isso é normal", a vítima sempre é uma vítima e isso a marcará para sempre. Um pouco distante, no outro bar. Alexandra e Yago se encaram. — Como assim você gosta de mulher? — reclamou ele. — Como assim você gosta dela? — confrontou ela. No meio do bate boca, um empurra empurra rolou no meio da boate e os dois acabaram olhando Bárbara sendo assediada. A dupla voltou a se encarar, eles já são tão amigos que sabem o que tem que fazer. Yago pegou Alexandra pela mão e começou a cortar caminho em direção ao assédio de Raphael, completamente decididos do que farão.
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