📓 Adrian — O Peso no Ringue O relógio m*l tinha batido seis quando me levantei. Dormir? Nem consegui. A noite tinha sido só um revezamento de raiva e lembranças. O corpo queimava, mas não de cansaço: era fúria presa na carne. Vesti a calça de treino, camiseta preta grudando no peito, chuteira velha nos pés. O frio da manhã me acertou na cara quando saí, mas nem isso foi capaz de apagar o fogo que corria por dentro. O portão do galpão rangeu ao abrir. O cheiro de lona suada, ferro enferrujado e couro gasto me recebeu como sempre. Era como entrar numa igreja só que a minha fé era a violência controlada. Comecei a enfaixar as mãos. Cada volta da atadura era puxada com mais força do que precisava, os nós dos dedos embranquecendo. Era meu jeito de amarrar a raiva pra não explodir de vez.

