Lara narrando
capítulo 10
Eu devia ter ido embora quando ainda tava na pista , quando senti o cheiro dele e a voz rouca falando safadeza na cara larga . Antes de vir pra esse camarote com ele grudado na minha cintura . Quando ele me beijou no canto da boca como se tivesse direito. Quando virou as costas com aquele sorriso de “já te ganhei”. Devia mas eu fiquei. Fiquei por curiosidade, porque sou uma imã de homens problemas. Ou porque aquela droga daquele olhar dele mexeu comigo mais do que eu queria admitir. Só que ai eu vi..Vi ele, encostado na mesa, com uma mulher praticamente pendurada nele . E que mulher. Silicone, cabelo escovado, decote até o dia que Deus quiser e uma unha vermelha passando nele como se ela fosse a dona do pedaço. Será que ele é comprometido e tava aqui dando em cima de mim ? Meu pai amado .
E ele tava rindo . Safado, cafajeste , a droga do sorriso charmoso no canto da boca.
Do mesmo jeito que ficou pra mim.
Eu respirei fundo, tentando não deixar a curiosidade e a raiva subir. Mas subi queimando, empurrando tudo aqui dentro de um jeito que eu nem entendi , talvez fosse pela cara de p*u que ele teve de chegar em mim , como se fosse íntimo, pela ousadia dele.
-Ah pronto… murmurei indignada vendo a Tatinha aos beijos com o Cara . Voltei a olhar pra baixo , as pista tava fervendo , pensando homem é tudo igual. Só muda o endereço e CPF. Eu tinha acabado de dizer pra ele que não ia rolar. Que vim curtir. E ele que parecia ta disposto a ficar comigo , Trinta segundos depois já tá oferecendo sorrisinho encantador pra outra. Sínico. Com S maiúsculo. E ainda deve achar que eu que tô querendo ele . Sem paciência pra essa palhaçada, eu vou embora assim que essa safada desgrudar a boca do lelo . Peguei minha garrafinha de água e dei um gole grande só pra ver se empurrava o desgosto pra baixo. E foi aí que ouvi meu nome e um toque de leve .
- Lara? virei de uma vez .- c*****o, é tu mermo? eu bati o olho em tu e achei que tava vendo coisa p***a . O rosto familiar que me deu até um choque.
- Dudu ? sorri na hora. -Não acredito! Desde quando tu tá no Santo Amaro?
- Dudu não po , me chama de 2D po esse é meu vulgo. ele riu me olhando - Tô morando aqui agora po , virei cria do santo Amaro. Caraca, tu tá a mesma coisa!
Eu ri leve, sincera , riso de quem não espera reencontrar alguém que fez parte da infância inteira.
-Tá maluco? A gente que perdeu o contato! falei, indo abraçar ele. Era só um abraço de reencontro, daqueles apertados de “caramba, quanto tempo!”. Nem tinha clima, nem intenção. Só nostalgia. Mas antes que o abraço completasse sequer dois segundos. Eu senti o corpo do Edu foi arrancado do meu lado como se um furacão tivesse passado entre nós.
- LARGA ELA, c*****o! A voz cortou o som do baile inteiro. O camarote parou. Meu coração parou. Tudo parou. Eu olhei e aquele homem já tinha arremessado o Dudu pra longe de mim , do jeito mais possessivo, irracional, transtornado que eu já vi um homem estar. Veia saltada no pescoço, maxilar travado, olhos escuros, respirando como se estivesse pronto pra matar alguém. Ele segurava o Edu pelo colarinho, puxando pra trás, como se o coitado fosse ameaça.
- Você tá ficando maluco? eu gritei já empurrando a mão dele. -SOLTA ele AGORA!
Ele virou o rosto pra mim, olhos queimando.
- Quem esse merda acha que é encostando em você? rosnou.
- Encostando? falei tentando soltar o dudu das mãos dele. - Solta ele i*****l! empurrei mais uma vez, agora ardendo de raiva.
- Quem DIABOS você pensa que é?
Ele nem piscou. Nem me ouviu. Ainda segurando o Dudu. - Solta ele! gritei mais alto. -CÊ TÁ LOUCO?.Tá achando que eu sou oque pra você? Propriedade? Ele puxou mais forte, como se quisesse afastar o Dudu pra longe de mim .
- Ce nao vai por a mão nela filho da p**a. Nem encostar.
- Que isso patrão ? eu conheço ela desde novo pó. Sem neurose .
- Solta ele , você vai machucar o garota cara . Que cara louco meu Deus. Porque tá fazendo isso ? Talvez tenha sido o tom. Talvez a forma que eu fiquei na frente dele, com o peito subindo e descendo, sem medo nenhum. Mas ele finalmente soltou. O Dudu tropeçou pra trás, assustado, ajeitando a camisa.
- Que isso patrão? ele falou sem entender nada. -Só vim cumprimentar a menina, cara! Eu virei pra ele, segurando o braço pra ver se tava tudo certo.
- Desculpa, Dudu . Ele… ele sei lá o que ele tem. E virei pro ele aproximando um passo firme, sem desviar o olhar.
-Quem te deu esse poder? Me fala.
Ele ficou me olhando, ombros subindo e descendo, como se tentasse recuperar o controle. Mas ainda com aquela raiva quente queimando no olhar.
- Ele tava em cima de tu. respondeu entre os dentes. - E eu não vou deixar ninguém.
- NÃO VAI DEIXAR? gargalhei de incredulidade. - Você é quem, mesmo? Porque cinco minutos atrás você tava com outra esfregando o peito na sua cara! saiu sem filtro .Ele travou a expressão.
E eu continuei, sem piedade nenhuma. -Você tá DESCOMPENSADO!
- Descompensado eu ? ele veio mais pra perto com sorriso diferente , parecia planejar alguma coisa , mas eu não tive medo , pelo ao contrário eu tive curiosidade de saber oque viria depois disso , loucura ? talvez. E aí no mesmo segundo eu me arrependi ele num movimento rápido me jogou no ombro eu não tive tempo de pensar de reagir . - Acabou a gracinha agora ce vai ver com quem tá lidando .
- ME SOLTA SEU IDIOTA... eu comecei a ver tudo de ponta a cabeça, eu socava as costas dele , e mesmo assim ele não me largava , pelo ao contrário foi descendo as escadas , eu ouvia a tatinha gritando atrás e cada vez mais a voz dela ficava mais longe , meu coração acelerou, o medo começou a tomar conta de mim , o meu primeiro pensamento foi no meu filho , e depois na minha mãe.
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