O CEO Fujão e a Caminhoneira

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Nicolas estava contemplando a paisagem quando o telefone em sua mesa tocou, interrompendo seu momento de apreciação. Ele pegou o aparelho, sua voz carregada de impaciência, mas com um toque de curiosidade. Do outro lado da linha, sua fiel secretária, Camila, soou com a formalidade habitual:

"Senhor Baker, a senhora Emily Tavares está na linha e gostaria de falar com o senhor."

Nicolas ergueu uma sobrancelha ao ouvir o nome. Emily Tavares era uma mulher de renome na área pedagógica, uma coordenadora famosa por organizar congressos de alcance global. Mesmo que educação não fosse sua área de atuação direta, ele sabia que Emily tinha uma visão inovadora e sabia conectar influentes empresários e pensadores ao redor do mundo. Para ele, essas conexões eram essenciais. O tom de Nicolas ficou mais sério.

"Pode passar, Camila, obrigado."

Ele aguardou apenas alguns segundos até ouvir a voz suave e profissional de Emily Tavares.

"Senhor Baker, que prazer falar com você. Como está?"

"Emily, o prazer é todo meu. Estou bem, e você? Em que posso ajudá-la?" — Nicolas respondeu, assumindo um tom cortês, mas com uma dose calculada de impessoalidade.

Emily entrou diretamente no assunto. Ela explicou que estava organizando um congresso que seria transmitido para vários estados e até alguns países. O evento não só atrairia estudantes e profissionais do setor, mas também empresários e influenciadores das mais diversas áreas, muitos dos quais estavam em busca de novos investimentos e parcerias. Ser um palestrante em um evento de tal magnitude não era apenas uma oportunidade de visibilidade, mas uma maneira de abrir portas para negócios extremamente lucrativos. Era exatamente o tipo de evento que ele considerava importante para expandir sua rede de contatos e solidificar sua presença em novos setores.

Enquanto ouvia a proposta, Nicolas teve um instante de hesitação ao lembrar que Rafael Di’Angelo, um amigo de longa data, também havia sido convidado para o evento. Rafael era um empresário de destaque em sua área, e saber que ele também estaria lá fez Nicolas sentir uma leve pontada de inveja, uma emoção que não costumava experimentar com frequência. Di’Angelo era uma espécie de rival amigável; os dois competiam por tudo, desde lucros a status social. Quando Emily confirmou que Rafael seria o primeiro palestrante do evento, Nicolas soube que aquela era uma oportunidade que ele não podia recusar.

No entanto, Emily fez uma proposta ainda melhor: queria que Nicolas encerrasse o congresso com uma palestra de destaque. Ele manteve a compostura, controlando a satisfação que estava sentindo. Ser o último palestrante era uma honra maior ainda, indicando que ele seria um dos principais nomes do evento. Fechar o congresso significava que todos os olhares, no ápice da atenção do público, estariam sobre ele.

"Então, senhor Baker, o que me diz? Aceita o convite para encerrar o congresso?" — Emily perguntou, com uma expectativa sutil em sua voz.

"Será um prazer, Emily. Agradeço pela oportunidade. Tenho certeza de que será um evento memorável."

"Com certeza será. Estou muito feliz que tenha aceitado" — ela respondeu, claramente satisfeita.

Após se despedirem, Nicolas desligou o telefone e, imediatamente, pegou seu celular. Havia uma pessoa específica com quem ele queria compartilhar a novidade: Douglas Maldovato. Douglas era dono de uma rede de clubes e bares que se estendia por várias partes do mundo, e Nicolas adorava implicar com o amigo, referindo-se aos estabelecimentos dele como "cabarés". Nicolas digitou rapidamente uma mensagem provocativa:

“Donos de cabarés não são convidados para esses tipos de eventos. Coitado de você, Douglas.”

Ele riu ao enviar a mensagem, sabendo que Douglas provavelmente responderia à altura. Não demorou muito para que a tela de seu celular mostrasse uma notificação: a resposta de Douglas era um emoji simples e direto mostrando o dedo do meio. Nicolas riu baixinho, seu humor melhorando ainda mais.

Porém, sua diversão foi interrompida pelo som do interfone em sua mesa. Era Camila outra vez, e ela soava um tanto hesitante.

"Senhor Baker, desculpe interromper, mas a senhorita Marisa está aqui para vê-lo."

O bom humor de Nicolas desapareceu instantaneamente ao ouvir o nome. Marisa era uma subcelebridade com quem ele havia saído uma vez. Ela era linda, atraente e muito popular nas redes sociais, mas foi o suficiente para ele perceber o quanto ela era fútil e desinteressante. Ele deixara claro, no mesmo dia, que aquilo havia sido um lance passageiro e nada mais, mas Marisa não aceitou o recado. Nos três meses seguintes, ela o perseguiu de maneira quase obsessiva, mandando mensagens, aparecendo sem aviso em eventos que ele frequentava, e até tentando criar situações para que eles se reencontrassem. Felizmente, ela havia sumido há cerca de cinco meses, e ele finalmente havia deixado essa situação no passado.

“Por que ela estaria aqui de novo?”, ele pensou, irritado.

"Diga a ela que não posso atendê-la, Camila. Dispense-a" — ordenou, seco e impaciente.

Camila ficou em silêncio por um breve momento, e quando falou novamente, sua voz estava baixa e embaraçada.

"Senhor… Marisa disse que está grávida. E… ela afirma que o senhor é o pai."

Por um momento, Nicolas sentiu como se o mundo ao seu redor tivesse parado. Ele encarou o telefone em sua mão, sem conseguir acreditar no que ouvira. Grávida? Ele e Marisa saíram uma única vez, e ele tinha certeza de que havia tomado todas as precauções. Sua mente rapidamente começou a calcular as possibilidades, analisando a cronologia e tentando entender como aquilo poderia ser verdade.

"Camila" — ele disse, após um longo suspiro, tentando manter a calma — "peça para ela esperar um momento. Eu… já a atenderei."

Enquanto aguardava, Nicolas apoiou-se contra a mesa, tentando processar a situação. A possibilidade de ser pai nunca passara por sua cabeça. Para alguém como ele, dedicado ao sucesso e ao poder, ter um filho com alguém como Marisa parecia um erro colossal.

Ele não tinha dúvidas de que Marisa era capaz de fazer qualquer coisa para conseguir o que queria, incluindo manipular a verdade, mas, por outro lado, ele sabia que precisava lidar com essa situação com cautela. A ideia de ter sua imagem e reputação ligadas a um escândalo era uma ameaça que ele não podia ignorar.

Determinou que lidaria com a situação da forma mais prática e objetiva possível.