– O que ele acha que sou? Um robô, por acaso?

538 Words
Sustento meu sorriso apenas até que ele entre na sala e feche a porta força demais para qualquer um que estivesse vendo e sou capaz de respirar livremente quando ele está fora da minha vista. Me escoro na mesa e me abano um pouco em busca de ar. – Meu Deus, achei que ia morrer. Estou no trabalho ou numa competição? Por que diabos me olhava com tanto ódio? Como um homem tao bonito pode ser tao sério e ranzinza? Que horror. Cazzo, assim não vai dar certo. – Murmuro para mim mesma tentando me recompor e imediatamente me lembro das suas palavras. “Esteja na minha sala daqui a cinco minutos.” e começo a trabalhar imediatamente. Coloco minha bolsa na mesa, pego a agenda em branco disponível na gaveta, respiro fundo umas trinta vezes e estou pronta para encarar a fera que é o meu chefe. Com passos decididos, ando até a sua porta e dou leves batidas pedindo permissão para entrar. – Entre, senhorita Gabrielli. – Ouço a sua voz abafada pela porta e eu entro e fecho a porta. – Estou aqui para discutir sua agenda, Senhor. Quando quiser… – Digo com a minha melhor expressão, e temo que não esteja tao boa como eu gostaria. – Bem, essa é a minha agenda. Memorize. – Diz me entregando uma lista extensa. – Certifique-se de me notificar de todos os meus compromissos todos os dias, sempre pela manha quando eu chegar já quero que esteja aqui. Você também será responsável pelo meu café, preto e sem açúcar a não ser que queira ser despedida. Revise estes papéis e me devolva até o fim do dia, quero ver do que você é capaz. Por enquanto é só isso, pode sair. – Pego a pilha enorme de papéis que ele me entrega e espero que a minha cara não esteja entregando toda a minha insatisfação, pois é muita e eu nunca fui muito boa em esconder as emoçoes. – Claro, senhor. Vou me retirar agora. – Digo dando o meu melhor sorrisinho e me viro para sair. – Ah, senhorita Gabrielli, mais uma coisa. – Ele diz me chamando. – Sim? – Digo voltando a me virar e escondendo minha cara azeda. – Você só pode almoçar quando eu sair para almoçar, essa é a regra. Depois que eu sair, você pode sair também e quando eu voltar você já deve estar no seu lugar. Isso é tudo, traga o meu café e não demore. – Fala e eu resisto ao meu impulso de retrucar, apenas assinto e me retiro. Coloco a pilha de documentos na minha mesa e ponho as mãos na cintura. – O que ele acha que sou? Um robô, por acaso? – Digo olhando para a pilha enorme de papéis. – Isso vai demorar horrores para ser concluído. Melhor eu começar logo. – Digo observando-os e puxo a cadeira para me sentar, mas ai me lembro do seu café e torno a empurrar a cadeira. – Minha memória ainda vai me colocar numa enrascada qualquer dia. Resmungando a má sorte de um chefe r**m, eu ando em busca do seu café esperando que meu dia não seja tao caótico como a minha manha.
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