Capítulo 2

993 Words
Beto Merda! Merda! Você é um i****a, Beto! Como você esqueceu de colocar a p***a do celular para despertar? Seu melhor amigo está indo embora e você não vai lá se despedir dele? Sou um burro! Saio às pressas do banho, caminho até o meu guarda-roupa para escolher o que vou usar. Não posso demorar, o voo sai daqui a uns trinta minutos. Então pego uma camisa azul e visto uma calça jeans, uma preta manchada. Calço um tênis qualquer, saio do meu quarto. Vou para cozinha para tomar um café pelo menos, meu pai vê que estou todo apressado e disse: ― Esqueceu de colocar o celular para despertar, não foi? Isso que dá. ― Dá um gole na sua caneca e olha para mim. Meneio a cabeça confirmando, depois de beber o café num gole só. ― Merda! Isso está quente! ― esbravejo, ergo a mão abanando a língua por conta do café quente. Noto o meu pai segurando o riso. Droga! Tudo dando errado. ― Ei, você não tem que ir para o aeroporto? ― meu pai pergunta, olhando para o relógio no pulso. ― Dá tempo. Se o senhor me emprestar o carro, é claro. ― Levanto-me, vou para pia e coloco a caneca de café dentro da pia. ― Não vou emprestar o carro. ― Olho para ele não acreditando nisso. Aproximo-me da mesa. ― Fala sério? Me ajuda aí, pai? Estava contando isso! ― Se tivesse colocado o celular para despertar não estaria enrolado desse jeito? E outra, não vou emprestar o carro, simplesmente porque ele está no mecânico ― ele diz, levantando-se da mesa. ― Se eu fosse você, se apressava. ― Passa por mim, levando sua caneca e colocando na pia. Viro-me olhando para ele sem entender. ― Por quê? ― indago. ― Porque faltam quinze minutos para você ir para o aeroporto. ― Ergue o braço para conferir a hora no relógio. p**a merda! Despeço-me do meu velho e saio correndo de casa. Já do lado de fora pego o meu celular no bolso e chamo um Uber, pelo aplicativo o tempo previsto de chegada é de dez minutos. Droga! Fico esperando a p***a do Uber chegar. Preciso me despedir do meu melhor amigo! Escuto uma buzina, viro-me e finalmente chega o Uber. Sem delongas, entro no carro e peço para ele ir para o aeroporto de Congonhas. Ele acena com a cabeça que sim, logo dá partida. Tomara que dê tempo. Senão, só daqui a três anos que vou ver o meu amigo. *** — Valeu. Não precisa me dar troco, pode ficar com o senhor — digo para o motorista do Uber. Saio do carro e fecho a porta em seguida. Tiro o celular do bolso para ver a hora. Merda! Merda! Tomara que dê tempo! Coloco o telefone no bolso e saio correndo para dentro do aeroporto. Esbarro em algumas pessoas para conseguir chegar até o meu amigo, claro que me desculpo, mas não posso parar. Finalmente chego. Olho para os lados e nada. p**a merda! Será que não consegui chegar a tempo? Beto, você é muito burro! Ouço alguém me chamar. — Beto? Beto? — É uma voz doce e de uma garota. Viro-me para ver. Quando vejo, nem consigo acreditar? — Ei, vai ficar parado aí? Não vai vir falar comigo, não? — Claro que vou, seu babaca! — Caminho até ele, o cumprimento dando estalo na sua mão, que depois nos abraçamos. — Esqueceu de colocar para despertar o celular? — Lucas pergunta, e se afasta para olhar para mim. — Ah, você sabe que adoro uma balada, ainda mais se tiver umas minas. — Pisco para ele e começamos a rir. — Você não muda, Beto. — Olho para o lado. Vejo a Júlia, está usando um vestido solto, mas noto a barriga. Nossa, já está grande! — Oi, Júlia. Nem te vi, quantos meses? — pergunto, ela se aproxima e meu amigo joga o braço em volta do seu pescoço. — Ah, estou com três meses — Júlia responde, alisando a barriga. Noto que meu amigo fica olhando admirando. — Licença, Júlia. — Ela acena a cabeça que sim, puxo o Lucas para o canto. — Mano, você está certo de fazer isso? A mulher que você ama está esperando um filho seu e vai deixá-la aqui? — Você acha que estou feliz de fazer isso? Já tentei convencê-la a ir comigo, mas ela prefere ficar aqui, foi aqui que ela nasceu. Então, disse que desistiria disso… — Olho para ele. E continuo. — Mas, ela disse que é o meu sonho. Não ficaria bem consigo mesma se eu desistisse do meu sonho. Em consenso decidimos que vou ficar no Real Madrid por três anos, como está no contrato e depois eu volto. — Lucas, isso é loucura. Depois de tudo que vocês passaram por conta daquele doido que já está morto. Bom, espero que não saia do túmulo. — Lucas começa a gargalhar com esse meu comentário. — Mas… — Ele me interrompe e leva a mão no meu ombro. — Beto, entendo. Mas já está decidido. Porém, tenho pouco tempo, logo vou entrar no avião. Quero que você me prometa uma coisa. — Continuo olhando em direção a ele. — Enquanto eu estiver fora, você pode cuidar da Júlia e do meu filho? — Ergo a sobrancelha. Estou em choque. Não esperava isso! — Beto? Está me ouvindo? — Sacudo a cabeça saindo daquele transe. Digo que sim. Garanto para ele que vou cuidar dela e do seu filho até ele voltar. Escutamos uma chamada, a do voo dele. Nós nos abraçamos e depois ele se afasta, vai até a Júlia. Vejo eles se despedindo, com muito carinho e emoção. Depois, ele se afasta e vai em direção ao avião. Aproximo-me da Júlia e a abraço, tento confortá-la, até porque ela está chorando, digo que logo, logo, ele estará de volta. Logo vai voltar!
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