"O que você descobriu?", Silas exigiu da sua cadeira atrás da sua mesa.
A manhã tinha sido insatisfatória com um conselho diretor exigente e suas reclamações mesquinhas. Piorando tudo estava o seu esgotamento. Desde a competição de música ele não conseguia dormir. Assim que ele fechava os olhos, visões do passado e do presente passavam pela sua mente. Mas agora era o momento pelo qual ele estava esperando. Thomas estava em pé na sua frente com uma pasta pronta, cheia com três dias de pesquisa.
"Alexis, Sean e Theodore Carter.", Thomas anunciou, colocando cópias de três certidões de nascimento. Silas sábiamente optou por não questionar como elas foram adquiridas.
Pegando uma delas, ele leu cuidadosamente sem perceber que estava segurando a respiração. As três eram essencialmente idênticas exceto pelo nome: Alexis Clara Carter; nascida em 18 de janeiro; mãe: Lynn Hildegard Carter; Pai: (Desconhecido).
"Pai desconhecido?", Silas repetiu soltando um respiração lenta. "O que isso significa?"
"Bem, usualmente significa que uma mulher dormiu com tantos homens que ela não sabe quem é o pai."
Thomas ficou em silêncio sob o olhar mortal de Silas. Não era comum ele estar na posição de ser repreendido, mas ele sentiu a mesma pressão que os outros.
"Alternativamente, também pode significar que foi uma relação de uma noite só.", Thomas disse, o que não fez nada para aliviar o olhar de seu amigo. "Também pode significar que ela não quis revelar o pai e deixou em branco propositalmente."
"Não quis revelar o pai.", Silas repetiu. "Lynn Carter."
Esse não era o nome que ele esperava, mas... talvez ela não estivesse apenas tentando esconder o nome do pai. Talvez....
"Espero que isso não seja tudo o que você tem."
"Não. As crianças estudam na Anna Silver, é uma escola pública no Lower East Side. Nós conseguimos segui-los de casa até a escola, assim como o trajeto da mãe para o trabalho." Thomas pegou várias fotografias de uma pasta mostrando a parte externa da escola. No geral, era bem comum, mas bem cuidada, limpa e organizada. "Essa é a mãe deles."
Thomas colocou mais fotos das crianças enquanto elas caminhavam com uma mulher pela rua. Silas prendeu a respiração. Era ela. Não tinha como confundir. Ela estava dez anos mais velha, mas ainda era tão bonita como antes. Seu cabelo escuro e ondulado estava preso em um penteado meio preso e seus olhos verdes brilhavam com seu sorriso enquanto ela caminhava com um braço em volta de sua filha, que era um espelho dela mesma.
Os meninos iam na frente da irmã e da mãe, conversando ocasionalmente olhavam para trás enquanto caminhavam. No portão, ela abraçou cada um de seus filhos, dando um beijo carinhoso em suas testas antes de os deixar partir. Eles acenaram para ela antes que cada menino pegasse em um dos braços de sua irmã e a guiasse até a entrada da escola.
Sua mãe assistiu da rua. Só quando eles desapareceram de vista, seu sorriso desvaneceu e uma expressão triste e ansiante se instaurou em seu rosto. O peso de anos de lutas puxaram os cantos da sua boca enquanto ela se encolhia em um casaco desgastado e grande demais, desbotado e gasto pelo tempo. Era uma contraste gritante com as roupas das crianças, que eram novas, limpas e ajustadas corretamente. Era óbvio que ela sacrificava suas próprias necessidades para proporcionar o melhor que podia para três crianças crescendo.
"Você descobriu onde eles estão morando?", Silas perguntou enquanto olhava a imagem desanimada dela.
"Um apartamento, também no Lower East Side... não... num bairro muito bom." Thomas acrescentou cuidadosamente.
"E onde ela trabalha?"
"...Ela é uma garçonete."
"O quê?", Silas olhou para cima da imagem com uma expressão surpresa. Ele ouviu isso certo?
"Ela trabalha em um restaurante." Thomas explicou, colocando várias fotos sobre a mesa.
Silas olhou para elas relutantemente. Cada uma mostrava um pequeno restaurante comum que parecia ter sido transportado dos anos cinquenta, escondido em um pequeno canto de uma rua escura. Em cada uma, Ava estava em seu uniforme cor-de-rosa empoeirado, meias e sapatos brancos, atendendo mesas e servindo clientes. Embora ela sorrisse, algo nele era falso, forçado. A luz nunca chegava aos seus olhos da mesma forma que quando ela estava com seus filhos.
"...Uma garçonete..." Silas murmurou. Como? Por quê? Quem fez isso com ela? Ela deveria estar tocando em casas de concertos lotadas, não limpando mesas.
Ele olhou para as certidões de nascimento novamente. Dezoito de janeiro. Havia algo especial sobre essa data que o fazia estremecer? Então seu olhar se fixou no ano... dez anos atrás. Dez anos.
"Se uma criança nasce em janeiro, quando teria sido concebida?"
"Uma gravidez normal dura quarenta semanas, ou cerca de dez meses.", disse Thomas, já preparado para essa pergunta, "mas de acordo com minha pesquisa, os múltiplos geralmente nascem antes. Para trigêmeos, oito meses é o normal."
"Isso seria em maio.", Silas afirmou calmamente.
"Correto."
Maio... Dez anos atrás... o hotel... mas não podia ser... Ava jamais... Silas quase tremia de raiva contida. Aquilo simplesmente não estava fazendo sentido. Ele só havia estado com uma mulher, e foi um erro... a menos...
"A mulher que estava no quarto de hotel, quem era ela mesmo?"
"Deixe-me ver.", Thomas abriu outra pasta. Essa era muito mais fina e as informações bem mais antigas. "Natalie Lopez. Ela era uma faxineira."
"Uma faxineira..." Silas esfregou as têmporas. Ele estava perdendo alguma coisa. Era como um quebra-cabeça, mas faltava a peça crucial para tornar a imagem clara.
Thomas o observou com preocupação. Desde a competição de música, Silas parecia obcecado. Era evidente que os garotos se pareciam muito com ele, mas isso era apenas circunstancial.
"Eu quero falar com a Natalie. Encontre-a."
"Silas, você tem certeza que quer mexer nisso de novo? É história antiga."
"Eu não pedi sua opinião. Apenas encontre-a. E quero vigilância, seguranças, nas crianças e na mãe delas o tempo todo. Se algo acontecer com eles..."
"Está bem." Thomas assentiu, não precisando ouvir mais nada, e começou a juntar as fotos.
"Deixe-as."
Suspirando, Thomas deixou a pasta de lado e saiu para a próxima tarefa. Assim que ficou sozinho, Silas se sentou em silêncio, contemplando as fotografias. Ele pegou uma com Lynn, parada na escola, seu rosto sereno. Era um rosto eternamente gravado em sua memória.