Capítulo Cinco

1566 Words
"Aqui estão o hambúrguer e as batatas fritas e seu prato de panquecas.", disse Lynn enquanto colocava os pratos na frente do respectivos clientes. "Mais alguma coisa que eu possa trazer para vocês, senhores?" "Somente o seu número, docinho.", um deles disse sorrindo de forma sugestiva e acariciando a mão dela. Lynn afastou a mão, tentando não mostrar sua repulsa. Com um sorriso forçado, ela disse: "Desculpe, isso não consta no menu." "Vamos lá, querida. Sente-se conosco e bata um papo por um tempo.", o outro se juntou ao amigo. "Você tem trabalhado muito e merece um descanso, não é?" "Eu tenho outros clientes.", Lynn deu um passo para trás e se afastou atrás do balcão. Ela parou na pia, olhando para suas mãos trêmulas. Nem mesmo ela sabia se estava tremendo de raiva ou medo. "Está tudo bem?" Gretchen perguntou, observando o casal na mesa. Se eles persistissem, ela teria interferido e os expulsado. Ela não precisava desse tipo de cliente em seu restaurante. "Estou bem. Só o de sempre." "Vou ficar de olho neles." Aos sessenta anos, Gretchen nunca conheceu uma vida além do serviço de alimentação. Ela era cuidadosa com seu dinheiro e eventualmente ela e seu marido conseguiram comprar seu próprio restaurante. Estava longe dos restaurantes sofisticados de outros lugares, mas a comida era boa e era deles. Seu marido faleceu há algum tempo, o que obrigou Gretchen a se virar com a contratação de um chef e assumindo algumas das tarefas de culinária. Quando Lynn viu o cartaz de "Contrata-se" em busca de um cozinheiro, Gretchen a contratou na hora como garçonete, percebendo que a jovem estava em situação desesperada. Alguns meses depois, quando Lynn começou a mostrar sua gravidez avançada rapidamente, isso foi a confirmação que a mulher mais velha precisava. Ela nunca perguntou sobre o pai. Quando Lynn não encontrava uma babá, Gretchen a incentivava a trazer os trigêmeos para o trabalho, se oferecendo para cuidar do trio enquanto Lynn atendia às mesas. Gretchen e seu marido nunca tiveram filhos próprios, então ser uma avó amorosa era divertido para ela. Ela comprava brinquedos, jogos e livros para distrair os trigêmeos, substituindo-os à medida que cresciam. Lynn nunca aceitaria dinheiro sem ter trabalhado por ele, mas Gretchen arranjava algumas refeições extras sempre que podia para ajudar, especialmente com os dois meninos crescendo, e secretamente dava a maioria das gorjetas para Lynn, quando deveriam ser divididas igualmente. "Me avise se eles incomodarem.", Gretchen reafirmou. Ela não tinha problema em expulsar clientes m*l-educados. "Está tudo bem.", Lynn balançou a cabeça. "Só... Por que os homens precisam agir assim?" "Você quer dizer fingir que estão nos favorecendo com assédio s****l?" "Isso mesmo." "Uma pergunta para todas as épocas.", Gretchen deu de ombros. "Os homens são uns vadios e eles têm se safado com isso por tanto tempo que automaticamente nos tornamos interesseiras se os confrontamos." Lynn balançou a cabeça. "Não consigo entender por que eles sequer me notariam. Quero dizer... Eu tive três filhos." "Desculpa dizer isso, mas você não parece que teve três filhos com essa silhueta miúda sua.", Gretchen riu. "Você nem parece ter idade o suficiente para ter tido três filhos." Lynn revirou os olhos. Há muito tempo ela perdeu sua silhueta juvenil. Seu corpo estava marcado com estrias de carregar os trigêmeos. Seus s***s estavam flácidos de amamentá-los e ela ainda tinha um pouco de peso extra na cintura que parecia não conseguir perder. Ninguém precisava dizer, ela sabia que seu corpo definitivamente mudou do que costumava ser e nunca seria comparável ao corpo de Tracy, cuja forma ainda era tonificada e esbelta. Gretchen riu, sabendo que não adiantaria discutir. Não existia cura para a forma como uma mulher via seu próprio corpo. A imagem ideal do corpo que continuamente lhes era imposto era de proporções longilíneas que simplesmente não eram realistas para a maioria dos tipos de corpo. A forma petite de Lynn era bem proporcionada. Se algo, ela estava até magra demais devido a longos dias de trabalho e refeições moderadas. Mas seu corpo era de uma mulher madura, alguém que teve três filhos. O que ela via como defeitos eram apenas as mudanças naturais do corpo que ocorrem como resultado disso. "Mamãe!", Theo chamou animadamente quando ele e seus irmãos entraram. Ele segurou a porta enquanto Sean levava sua irmã. "Oi, mamãe!" "Aí estão vocês três.", Lynn saiu apressada da cozinha e contornou o balcão para cumprimentá-los. Ela rapidamente pegou Alexis nos braços e beijou o topo da sua cabeça. Quando foi a vez de Theo e Sean, eles receberam cumprimentos semelhantes. "Espero que tenham se comportado bem para você, Tracy." "Claro.", Tracy riu. "Eles são tão bonzinhos. E os meninos cuidam muito bem da irmã." "Quer dizer que eu faço um bom trabalho cuidando deles." corrigiu Alexis. "Se eu não estivesse por perto, eles estariam em apuros vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana." "Não, nós não estaríamos." argumentou Sean. "Sim... quer dizer, nós precisamos dormir em algum momento," concordou Theo, com um sorriso sarcástico. "Bem, eu tenho que ir agora," disse Tracy. "Tenho uma reunião depois do almoço." "Tudo bem, obrigada por buscá-los," abraçou-a Lynn. "Passa aqui mais tarde?" "Talvez, depende de como for minha próxima reunião. Posso precisar desabafar." Lynn riu enquanto Tracy partia, antes de se voltar para seus três encrenqueiros. "Certo. Ainda tenho algumas horas, então vocês três: façam a lição de casa." "Ok." "Claro." "Tá bom." Lynn os mandou para uma mesa no canto, que há muito tempo estava reservada para eles. Os brinquedos de bebê tinham sumido, mas ainda havia uma coleção de jogos de tabuleiro guardados ao lado, para mantê-los entretidos durante o longo turno da mãe, quando invariavelmente terminavam a lição de casa rápido demais. Theo se sentou no banco primeiro, permitindo que Alexis sentasse do lado de fora, enquanto Sean se sentava em frente a ela. Ela imediatamente tirou um tablet com teclado dobrável. Alexis nem queria pensar em quanto o tablet era caro. A escola o havia adquirido como parte de uma bolsa para tornar as lições acessíveis a estudantes com deficiências. Isso tornava a conclusão da lição de casa uma tarefa muito mais simples. Sean o conectou à tomada enquanto ela colocava um dos fones de ouvido. Ela deixou o outro para fora, para poder ouvir os irmãos também. Theo relutantemente tirou sua lição, chateado com a atitude responsável da irmã. Sean fez o mesmo, enquanto escolhiam simultaneamente o livro de matemática. Levou alguns instantes para Alexis abrir o programa que leria os problemas de matemática para ela e descreveria qualquer visual que ela não conseguisse ver. O programa era algo que a escola havia comprado como parte de um conjunto para ela e outras crianças com deficiências visuais, embora ela fosse a única legalmente cega. O tablet tecnicamente pertencia à escola, embora eles o tivessem dado para ela usar ao longo do período. Este era o último ano do ensino fundamental antes de irem para o ensino médio. Alexis se perguntava como seria a nova escola e se seria tão acessível quanto a atual. Ela só esperava que não a tratassem como inválida. Ela não toleraria isso. "Aqui está." disse Gretchen, colocando três copos na mesa. "Sprite para Theo, Root Beer para Sean e Chá Gelado para Alexis." "Obrigado!" sorriram o trio. Depois de dez anos, Gretchen sabia as preferências de bebida deles de cor. "Claro. Não contem para sua mãe, mas aqui estão alguns bolinhos de cogumelo, batata recheada e queijo coalho." piscou Gretchen. "Eu trago o jantar mais tarde." O trio riu. Gretchen era como uma avó e sempre oferecia os petiscos que eles desejassem. Sabendo o quanto sua mãe odiava aproveitar a generosidade dela, eles faziam pedidos mínimos, mas era rude não aceitar o que ela oferecia livremente. Deixados sozinhos, eles voltaram sua atenção para a lição de casa. * * * Fora do restaurante, um SUV preto parou atrás de outro. Os ocupantes observaram enquanto o trio era deixado. Poucos minutos depois, a loira que os havia levado partiu, dirigindo em seu sedã comum. Dentro do SUV, estavam dois homens bastante corpulentos, fazendo com que o amplo interior do veículo parecesse apertado. Ambos mantinham uma rotina regular de exercícios incluindo treinamento defensivo e de combate. Como membros da equipe de segurança privada de Prescott, eles nunca sabiam quando seriam convocados ou para qual propósito. Na maioria das vezes, eram designados para proteger um local e impedir penetras. Mas dessa vez, sua missão era bem diferente. Quatro homens foram escolhidos e receberam várias fotos de uma morena pequena e fofa e três crianças. Sua missão era protegê-los em segredo. Eles foram divididos em duas equipes de dois homens: uma para vigiar a mulher, a outra para vigiar as crianças. Para ajudá-los, receberam o endereço residencial no Lower East Side, a escola das crianças e o restaurante. Nenhuma outra informação foi dada: nenhum nome e nenhuma indicação de quanto tempo essa vigilância deveria durar. Tudo o que sabiam era que esses quatro haviam chamado a atenção de seu chefe e ele queria que eles fossem protegidos. Como as equipes eram proibidas de fazer contato e deveriam agir como invisíveis, isso implicava que o quarteto não tinha consciência da atenção de seu chefe. Uma batida na janela do passageiro os assustou, e eles a abriram. Não foi surpresa quando viram um m****o da equipe designada para vigiar a mulher.   
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD