❄02❄

1181 Words
Taekah entrou no box e continuei lavando o cabelo até sentir suas mãos caminharem da minha cintura até o meu quadril. Eu respirei fundo. Seus olhos estavam cravados em mim. Foi questão de segundos para sua boca estar contra a minha e ficarmos debaixo da ducha morna. Afastei-o por um momento. — Achei que precisasse enviar um relatório para alguém de que não lembro o nome... — murmurei fechando o registro, porque Taekah não parecia interessado em economizar água. — Sim, mas precisava vir fazer as pazes contigo! — disse me alcançando novamente e beijando meu rosto. — Mas não brigamos. — Mas eu quero fazer as pazes assim... — ele sussurrou contra minha pele. No outro momento minhas costas colidiram com a parede sentindo o azulejo frio e sua boca estava por toda parte. Era bom tê-lo, sentir que não estávamos nenhum milímetro separados. Ele ergueu meu corpo apoiado na parede e eu entrelacei minhas pernas em sua cintura, o que o fez soltar um gemido baixo de aprovação. Eu estava concentrada naquilo até ouvir um barulho vindo do quarto. — Seu celular está tocando... — murmurei contra sua boca. — Eu posso deixá-lo tocar! — Tae mordeu meu lábio inferior. — Você pode? Seus olhos me encararam por uma fração de segundos e ele suspirou contraindo o maxilar. — Vamos terminar isso no quarto, hum? — respondeu me beijando rapidamente antes de sair do banheiro. Terminei o banho e sequei meu cabelo. Tae parecia muito ocupado no escritório. Eu não conseguia imaginá-lo tão sério e comprometido, era mais fácil pensar na imagem infantil que ele passava todo dia enrolando para não sair da cama. Decidi que estava cansada demais para esperá-lo e acabei cochilando. Acordei com o barulho do chuveiro, parecia já ser bem tarde. O garoto do sorriso quadrado deitou ao meu lado cheirando a sabonete e eu automaticamente me virei em sua direção sentindo seus braços me envolverem. — Sunny? — ele sussurrou e só murmurei algo. — Você não me contou a sua novidade. — Não é tão incrível quanto a sua... — falei bocejando. — Eu só consegui aquele estágio. — Aquele que você tanto queria? Naquela clínica super legal? — Exatamente. Tae ergueu meu rosto para me encarar, estava sorrindo como se tivesse recebido um presente. — Isso é maravilhoso! Devemos comemorar! — Já comemoramos hoje... — murmurei fechando os olhos novamente. — Ah, é. Me desculpe por não ter lembrado e ter ficado com o momento só para mim... — pediu alisando meu cabelo. — Tudo bem. Estou com sono. O abajur foi apagado e dormi imediatamente sobre a respiração de Taekah, sentindo seu peito subir e descer tranquilamente. Sonhei algo estranho, foi tipo um déjàvu. Estávamos naquela praia durante o inverno, Tae deitado no meu colo e as gaivotas grasnando ao nosso redor como se nos mandassem embora, porque estava frio demais para olhar o mar. Mas meu namorado nunca respeitou muito bem a ordem natural das coisas e se ele sentia que precisava ver o mar durante uma geada, faria o impossível para viver aquele momento. Taekah tinha aquela mania de precisar se apegar a coisas bobas para se sentir ancorado em algo. Naquele dia, lembrava bem, ele pediu que eu nunca o deixasse e tudo o que pude fazer foi ficar. Todavia, de repente, no sonho eu estava só e a irresistível paisagem da praia era pura escuridão. Foi frio como na vida real não foi. Acordei um pouco suada e contemplei Taekah dormindo ao meu lado, com o semblante sereno, a franja caída por seus olhos. Me recompus na cama até dizer para mim mesma que tinha sido apenas um pesadelo e que não importava a distância, nunca nos separaríamos de verdade, porque se conseguimos nos conectar por meio de uma ligação, não poderia haver quilômetros que desfizessem isso. No dia seguinte, Taekah se preparou para viajar para o Japão. — Eu vou voltar logo! — falou me abraçando e foi difícil me afastar do seu calor. — Quando você piscar novamente eu já estarei ao seu lado em nossa casa. Suspirei soltando o abraço, me sentia chorosa, mas não queria que ele sentisse que estava me deixando, porque eu mesma não queria me sentir dessa forma. — Acho que fiquei muito dependente de você e estou incomodada que não precise tanto de mim — admiti com uma risada frouxa. Taekah segurou meus ombros com expressão condoída, como se eu tivesse dito algum absurdo, que de fato não era. — Eu sempre precisarei de você, Kim Sunny. Minha salvação! — beijou a minha testa. — Não pense esse tipo de coisa ou eu vou te levar junto comigo. Sorri um pouco. Não poderia ir mesmo que eu quisesse, pois ainda tinha a faculdade e o estágio, além de que eu não queria parecer mais uma bagagem. Tudo que eu queria era nossa rotina de volta. Não costumava me adaptar bem às mudanças. — Você vai ficar bem? — ajeitando seu cabelo grosso que estava penteado formalmente para trás. — Não vai fazer nenhuma besteira? Promete? — Prometo! — me estendeu o mindinho e selou a promessa beijando minha mão logo em seguida. — Não fique muito tempo em casa, saia um pouco, divirta-se também, ok? Acenei só por fazer. Não queria dizer que eu só saía para me divertir com ele e que minha lista de amigos tinha se tornado bem curta. Tae ficaria melancólico e eu só queria que ele ficasse bem. — Eu não quero ir... — choramingou me abraçando novamente como uma criança brigando para não ir à escola. — Acho que não vou conseguir ficar sem você. Afastei-o gentilmente e sorri demonstrando confiança. — Você consegue! Vá logo e volte logo! — Te amo, Kim Sunny! — Também amo você! — Te ligo quando eu chegar. Depois de um beijo, ele se foi. Fiquei pensando que talvez eu não conseguisse ficar sem ele. Kim Taekah era o meu sol. Teria que ficar três semanas sob dias nublados, sobrevivendo apenas com a luz de suas lembranças, ligações e mensagens. Estava nervosa com o meu primeiro dia de estágio, as palmas das minhas mãos estavam suadas. No entanto, não sei explicar o sentimento que tive quando descobri que Choi Shinno, meu ex-namorado, trabalhava na mesma clínica veterinária da qual fui contratada. Ele tinha se formado no semestre passado e por um azar do destino, tínhamos ido parar no mesmo lugar. Só faltava um piano acertar a minha cabeça para completar a coleção de discórdias que minha vida estava sendo. Tudo bem, talvez eu estivesse sendo dramática demais. No entanto, Shinno não era exatamente a pessoa com quem eu gostaria de passar tantas horas do meu dia, porque por mais que não houvesse mais nada entre nós, o nosso término tinha sido m*l acabado e vez ou outra sentia que ele tentava reparar a costura m*l feita, o que só tornava tudo ainda mais constrangedor. Queria poder ver Taekah no final do dia, me enrolar em seu abraço e esquecer por um momento que viver era um desafio
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