No longo caminho dá gloriosa Paris, meus pés pesavam a cada passo, era como se a partir dali uma mala cheia de responsabilidades estivesse caído sobre meus ombros, agora sou apenas eu e eu.
Continuava andando até chegar na bibliothèque municipale, uma enorme construção de Paris, pouco procurada por turistas; incrível como os mundanos não procuram saber nem a história que rodeia sua pátria. Ouvi alguns anciões dizerem que se tem alguém que conhece sobre nós são os Bibliotecários, eu fiquei sem entender no início porém procurei saber mais sobre eles. Os Bibliotecários são pessoas que sabem todos os livros do mundo, tudo que tem escrito, todas as histórias, tudo que é verdade e o que não é. Eles podem ver os sobrenaturais, alguns deles vivem por centenas de anos, ou seja, se tem alguém que pode me dizer o que está havendo comigo é ele.
Subi as escadas decidida a encontrar respostas, no meio de tantas estantes encontrei uma senhora com um olhar amigável, assim que me viu seu semblante mudou para algo sombrio.
- O que você quer aqui Vânători?
Sua voz demonstrava nojo.
- Falar com o bibliotecário!
Soei firme. Não posso deixar que outras pessoas me pisem desta forma.
- Você não vai ver ninguém!
Eu já ia lhe responder quando um homem que aparentava estar na casa dos quarenta anos apareceu atrás dela.
- Quem não vai ver ninguém Eivin?
Ela se assustou e pareceu ver um fantasma.
- Senhor Lucian... Eu... Eu não
Ele estendeu a mão para ela parar. Como se automaticamente sua voz sumisse. Sua mão dirigiu-se a minha, eu segurei e ele me conduziu a uma parte escondida dá biblioteca escondida dos olhares curiosos por um feitiço de ocultação, descemos alguns degraus até chegar a uma biblioteca escondida era muito maior do que eu podia imaginar milhares de livros espalhados em pratileiras com quatro metros de altura. Ainda em silêncio continuamos andando até chegar em uma sala repleta de artefatos históricos e mitológicos; ninguém acreditaria se eu contasse.
- Então minha querida Safryly, porque veio a minha procura?
Me assustei quando ele pronunciou meu nome. Não me lembro de ter dito a ele.
- Como me conhece?...
Ele estava sentado em uma poltrona vermelha perto de uma estante de coroas antigas, eu me aproximei e me sentei em uma poltrona parecida a não ser por uma manta branca que cobria parte dela.
- Eu tenho o seu registro aqui no livro de registros dos Vânători Umbre. Esta biblioteca contém todos os livros do mundo.
Falou apontando para toda a extensão da biblioteca.
- Eu vim por causa desse Filigran.
Virei de costas e levantei a blusa para ele ver, fiquei alguns segundos até sentir seus dedos gélidos em minha pele; ele desenhou todos os triângulos interligados.
- Eu não vejo essa marca a muitos anos Safryly.
Ele voltou para uma prateleira um pouco distante e começou a olhar um a um, procurando alguma coisa. Depois de um certo tempo ele vem em minha direção com um livro de coro nas mãos,folheando as páginas encardidas pelo tempo e perfuradas por traças. Cada folha virada era um olhar diferente porém não tenho como decifrar; dor? Medo? Admiração? Não sei ao certo.
- Sim! Eu sabia que estava certo!
Ficou de frente a lareira aconchegante que até então eu não tinha notado - como isso pode me passar despercebido? - quando ele se vira consigo ver o mesmo símbolo que está em minhas costas estampado na capa do livro antigo.
- Você é uma Dominadora!...
Sorriu. E eu como sempre fiquei sem entender absolutamente nada.
- Eu sou o que?
Voltamos a nos sentar.
- Uma Dominadora. A primeira espécie de caçadores das sombras podemos assim dizer, foram eles que deram as divisões de todos os caçadores como os Scananders que são os principais Caçadores de sobrenaturais, porém extintos assim como se imaginava que os dominadores estivessem.
Passa a mão por seu queixo reto,pensativo.
- Eu preciso de ajuda!
Me altero. Ele me olha com pena nos olhos. Eu não quero sua pena!.
- Não tem muito o que eu possa fazer a não ser te enviar para um amigo meu que pode saber como te ajudar.
Gargalhei. Porque ele acha que vou acreditar nele?
- E como eu sei se você não vai me m***r?
Ele começou a andar reto de novo e me olhou de soslaio como se quisesse que eu o seguisse.
- Você não sabe.
Murmurou. A passos largos consegui lhe alcançar, ele ficou em frente a uma porta esculpida com vários símbolos de povos que eu nunca tinha ouvido falar.
- Dê um passo de Fé garota...
Com apenas essas palavras atravessei a porta.
O lugar era estranho,uma casa antiga, era o que parecia. Móveis velhos por todos os lados e cheiro de mofo - que belo passo de fé eu dei - começo a caminhar dentro da casa para ver se encontro alguém. Mas em vez disso achei vários objetos de magia de todas os povos e religiões que se imaginassem. Eu tento deixar minha curiosidade de lado e ando mais para frente recusando olhar o grimório que está em meio a uma estante,mas meus esforços são vãos,volto e encosto nele como se fosse de ouro cada detalhe dá capa é absorvido por mim,uma árvore com raízes interlaçadas redondamente,ele é tão antigo que não consigo distinguir de qual material é feito.
- Gostou?
Uma voz forte ecoa atrás de mim me causando arrepios na espinha. Virei-me lentamente para encarar o enorme homem, eu poderia me esconder facilmente de alguém ficando apenas a sua frente. Sua face é quadrada seguida de um maxilar reto e um queixo avantajado. Seu nariz grosso chamava atenção por uma cicatriz bem em cima, seus olhos semicerrados não impedia que o puro verde ficasse a mostra. Pele bronzeada e cabelos brancos que caia sobre seus ombros. Não sei ao certo quanto tempo ficamos nos olhando sem dizer uma palavra. Ele me olhou de cima a baixo e arqueou uma sobrancelha fazendo com que eu me lembrasse de sua pergunta.
- B.. bom sim... Eu acho.
Murmurei voltando minha atenção ao grimório.
- O que faz em minha casa?
Será que ele acreditara se eu contar?
- Lucian me mandou para cá.
O silêncio reinou durante longos minutos.
- E por que ele faria isso?
- Por causa disto!
Viro as costas e levanto a blusa para que ele possa ver,e mais uma vez silêncio.