ARIA
EM UMA PEQUENA CLÍNICA VETERINÁRIA NA CIDADE DE NOVA YORK,
TARDE DA NOITE
As pessoas sempre me perguntam por que eu sou uma boa veterinária. Porque todas as criaturas enfermas e feridas que vêm à minha clínica me ouvem.
Porque me amam.
A resposta é simples: as criaturas feridas se reconhecem.
E eu estou tão ferida como eles estão.
A parte quebrada deles vê a parte quebrada em mim e vice-versa. Às vezes, essa é toda a medicina que você precisa. Só para entender que você não está sozinho neste mundo.
No entanto, mesmo agora, estou sozinha. Não na classe de "pobre de mim".
Eu só quero dizer que, literalmente, eu estou aqui sozinha.
Todos já tinha, ido embora da clínica há horas, para os seus amigos, famílias, amantes, passatempos e todo o tipo de coisas que envolve estar com alguém. Mas Roxie, a cachorra com a pata traseira quebrada que foi abandonada na entrada da clínica está manhã, decidiu que tinha esquecido de como comer. Então, fiquei até tarde depois de terminar o dia de trabalho para explicar para ela, como se come novamente.
Ela é uma coisa fofa. Está com sarnas, também. Mas tem os olhos como lagoas de ouro líquido, e uma cauda que se move feliz sempre que me vê. Ela entrou no meu coração com uma velocidade notável.
Então, eu fiquei até tarde. Realmente muito tarde. O relógio da parede marca quase meia-noite.
No entanto, eu não me importo. Não tenho o que fazer em casa mesmo. Apenas uma série, que eu parei no meio e algumas sobras de comida chinesa na minha geladeira.
Roxie precisa de mim mais do que eu preciso daqueles bolinhos.
Depois de quase três horas, ela comeu uma quantidade razoável de comida. O Suficiente para ajudá-la a passar a noite.
Ela está dormindo na sua gaiola agora, com esse lamentável, gesso rosa erguendo-se num estranho ângulo. Mas, mesmo nos seus sonhos, ela continua balançando a cauda. Sorrio diante dessa visão.
Satisfeita com o meu trabalho, dou voltas pela clínica para apagar as luzes e fechar. Pego a minha bolsa e as chaves do meu armário, coloco a jaqueta sobre o uniforme e caminho para a porta de trás.
O que eu não esperava, era que antes de chegar lá, a porta explode.
— Explode! Pode parecer um pouco demais. Tá, eu confesso que estou exagerando um pouco. Mas definitivamente abre com um ESTRONDO ensurdecedor!
— O que dia*bos está acontecendo?! Grito enquanto sou jogada quase um metro no ar, como se estivesse nos velhos desenhos animados de Tom e Jerry. Eu caio de costas num balcão de inox. Dou um gemido de dor. Mas a minha dor desaparece quando vejo uma maciça e escura figura entrando pela porta aberta.
É um homem enorme, ou um urso pardo que anda sobre as suas patas traseiras.
Para ser honesta, eu acho que eu preferiria o urso. Tenho melhor sorte com os animais do que com os homens.
A figura entra sem que eu consiga me mexer, fecha a porta de um golpe e se inclina contra ela, respirando com dificuldade.
Definitivamente um homem. Que pena.
Estou no meio caminho de gritar: "Que dia*bo é isso!" de novo, quando ele me olha.
Pelo menos, acho que é para mim, que ele está olhando. O seu capuz está, escondendo um pouco do seu rosto, então, não consigo saber com exatidão se é para mim que ele está olhando. Tudo o que posso ver, são o vermelho dos seus olhos.
— Quem é você? Ele grunhe com uma voz profunda. Não posso dizer se é natural ou é disfarçada.
— Quem sou eu? Repito, com incredulidade. Agarro as correias da minha bolsa no meu punho, pronto para usá-la. — Diz o cara que acabou de chutar a minha m*aldita porta! Quem diabos é você?
Ignorando a minha pergunta. — Você é médica?
— Sou veterinária.
— É o mesmo! Ele se move na minha direção. Só quando ele faz isso, é que me dou conta de como ele é alto. Esse cara deve ter no mínimo dois metros, os seus ombros são largos como um jogador da defesa do futebol americano.
A bolsa na minha mão, de repente, cai no chão. Davi teve uma melhor chance contra Golias. Eu não acho que essa é a minha situação aqui. — Na verdade, na verdade, não é o mesmo. Eu digo. — Há uma sala de emergências dez quarteirões a oeste se você precisa de um médico.
Eu olho em volta da sala em busca de outras opções, como armas e infelizmente eu não tenho muitas opções. Até agora, uma bola de tênis lidera a lista.
E se eu tentasse usar, eu acho que me colocaria em grandes problemas.
— Não quero um médico. — Ele diz. — Eu quero você. A suas palavras são pronunciadas com uma contundente calma que emite um zumbido de uma consciência nos meus membros.
Dou um passo para trás, o medo agarrado na minha garganta. — Você está com os albaneses? Perguntou com uma voz tímida que m*al conheço. — Porque não eu quero que nada do seu mafioso mundo de me*rda entrando na minha clínica.
Mer*da. Não deveria ter dito isso.
Enterrei esses demônios há muito tempo. Esses segredos. Estão como esqueletos no meu guarda-roupa.
Mas a pergunta saiu de mim totalmente espontânea. Como se sempre soubesse, no fundo do meu coração, que o passado do que pensei tinha fugido, ainda não tinha terminado comigo.
Estava apenas hibernando.
Esperando até o momento certo para voltar a arruinar a minha vida.
Durante muito tempo depois de tudo que aconteceu, eu tinha uma faca na minha bolsa. Essa faca, não vai servir contra bandidos armados. Dizia sempre a minha melhor amiga Brenda.
Finalmente, ao me dar conta de que ela tinha razão, eu me livrei dela. Nunca esteve em mim levar uma arma. Além disso, depois de um tempo, tudo parecia desnecessário. O meu passado tinha ficado no espelho retrovisor, onde pertencia.
Pelo menos, eu pensei que era assim.
Agora, eu não estou tão segura.
O homem solta uma risada. Não posso dizer se ele está surpreso ou ofendido.
— Me responda? Eu exigi. — Você está?
Ele n**a com a cabeça. — Você faz muitas perguntas. Perguntas que poderiam fazer com que eu matasse você.
Ele diz, e em seguida arregaça a manga da camisa e vejo o motivo do seu aparecimento. O sangue se acumula nos músculos ondulantes de seu antebraço. Quando ele se move, jorra sangue fresco. Ele franze o cenho diante da dor.
Eu não tenho que olhar mais de perto para saber o que é: uma ferida de bala.
— Acertaram você! Suspiro. Estremeço assim que termino de dizer a palavra. Que comentário mais idi*ota. Como se ele não estivesse consciente.
— É curioso que você esteja dizendo isso, Ele diz, arrastando as palavras. — Eu também notei. Você se importaria de fazer alguma coisa a respeito?
Ainda não consigo ver muito do seu rosto debaixo do capuz. Não o suficiente para distingui-lo numa multidão, ao menos.
Mas aqueles olhos escuros e brilhantes... aqueles que não deixaram o meu rosto por um segundo.
Sinto um nó grande na minha garganta. — Já te disse, sou veterinária. Se você precisa de um médico, há uma sala de emergência...
Há um rápido lampejo de movimento. E então ele está segurando uma arma, apontada para mim.
— Eu disse, se você se importaria em fazer algo a respeito? Ele repete. Qualquer indício de pergunta se foi da sua voz.
Fo*da. Parece que o meu dia de trabalho não foi concluído depois de tudo.
Olhar por um momento, na escuridão, onde ele esconde o seu rosto. Não sei o que eu procuro. Mas seja o que for, não encontro.
Além disso, essa arma é muito difícil de ignorar.
Bem. Não tenho muito o que fazer, eu preciso ajudar esse i*****l, e depois ele vai seguir o seu caminho. É isso Aria!
Giro sobre os meus calcanhares e caminho para a sala de exame no final do corredor.
Ele me segue com passos pesados.
Abro a porta com um empurrão, faço um gesto para que ele entre. — Sente-se e guarde a sua arma. Eu mando. — Não posso me concentrar se eu vou este troço apontado para mim.
Qualquer outra pessoa ficaria assustada, e eu acho que eu estou, pelo menos um pouco.
Mas não tão assustada como deveria estar. Esta é a parte quebrada em mim. Os pedaços quebrados do meu coração com que os animais se conectam. A parte que está muito familiarizada com o medo, o abuso e a violência.
Eu aprendi na minha vida é o melhor é continuar, e depois esquecer as partes ruins. Vou cuidar desse homem o melhor que puder, espero, então, não vou vê-lo nunca mais.
Não para o bem dele, mas para o meu.
O seu cheiro invade as minhas narinas: suor, sangue e, acima de tudo isso, uma envolvente e almiscarada colônia que faz dar voltas dentro da minha cabeça.
Eu balanço a minha cabeça. Quanto menos eu me fixar neste homem, melhor. Eu vou para um armário no corredor para pegar alguns suprimentos. Quando volto para a sala, ele está sentado na borda da mesa, que parece está mole.
Esta é uma estrutura de metal projetado para aguentar, no máximo um Golden Retriever, me surpreende que as pernas da mesa não quebraram mediante o tamanho do gigante.
Apontou para a cadeira num canto. — Sente ali, antes que você quebre a minha mesa.
Ele encolhe os ombros e vai para a cadeira. Eu Coloco o meu material sobre a mesa. Ela ainda está quente com o calor do seu corpo.
— Você é corajosa. Ele diz, enquanto se acomoda no assento. — Ou estúpida. A maioria das pessoas não me fala comigo dessa maneira.
Franzo a testa. — Caramba, eu me pergunto o porquê disso. Talvez, porque eu esteja de tpm. Ou talvez algum idio*ta entrou no meu lugar de trabalho com uma arma e algumas demandas muito irracionais. Mas, tenho certeza que não é isso. Então é a tpm.
Você está muito tranquilo para ser um homem com uma ferida de bala. Este é só mais um dia típico na vida para você?
A sua cabeça está para baixo, mas eu posso ver a linha quadrada da sua mandíbula e a sua barba escura. O suficiente para dizer que ele está sorrindo.
— Você ficaria surpresa o que é típico para mim.
Isso é o suficiente sinistro para arrepiar a minha coluna vertebral. Mas, como o cheiro desse homem, eu ignoro o arrepio.
Não deixe ele te pegar. Apenas faça o seu trabalho, vá para casa e esquece que isso aconteceu.
Esse é um bom conselho, de mim para mim mesma. Vou em direção do seu braço, mas hesito.
Tem muito tempo que não cuido de uma pessoa, quem dirá um homem.
Os animais são mais simples. A suas emoções são mais fáceis de medir. Ou confiam em você ou não. Se confiam em você, você está a salvo. Se não confiam, te mordem.
Ser humano não é tão claro. São mentirosos. Ladrões. Manipuladores. Ou, no caso deste homem, provavelmente os três.
— Não vou morder você, se é isso que você está querendo saber. O homem agarra a minha mão entre as suas e leva as pontas dos meus dedos para seu antebraço, forçando o contato.
Puxo as minhas mãos para trás. — Pode ser que você não, mas eu posso morder você. Sou a médica aqui, por que não fica quieto e me deixar trabalhar?
— Eu pensei que você tinha dito que não era médica! Ele ri.