Laura estava na Johnson trabalhando em um novo artigo sobre a poluição as margens do Rio Hudson, quando ouviu seu celular vibrar em cima de sua mesa ao lado do notebook aberto. A ansiedade lhe dominou, pois há horas que ela esperava uma ligação, ou quem sabe até mesmo uma mensagem de Helena, mas nada acontecia. Pensou em duas possibilidades: Helena não tinha visto o número no donuts ou a morena simplesmente o ignorou.
Com receio de olhar o celular e verificar de quem era aquela mensagem, Laura olhou para cima e respirou fundo, ela teria que verificar em algum momento. Então por que dar mais motivos para sua ansiedade lhe dominar? Respirando fundo mais uma vez antes de pegar seu celular, ela o desbloqueou e viu se tratar de uma mensagem de um número que não estava em seus contatos.
Número desconhecido: Oi, aqui é a Helena.
Poucas palavras, mas o suficiente para fazer o coração de moça acelerar feito um louco e seu corpo transbordar de felicidade. Laura mordia o lábio inferior, a tentativa falha de conter um sorriso maior. Limpou o suor das mãos antes de responder.
Laura: Hey, Helena! Fico feliz que tenha visto o número e entrado em contato.
Helena estava ainda com o celular em mãos, esperava que Laura respondesse logo. Ela viu que a loira tinha visualizado e suas mãos começaram a suar de nervosismo. Será que Laura também estava nervosa e como ela, pensando no conjunto de palavras perfeitas para formar uma frase? Isso era algo que ela não saberia dizer, a menos que a própria informasse esse fato.
Helena: Confesso, que por pouco não comi o donuts sem ver seu número nele.
Laura: Sorte minha que você não o fez.
Helena: Sorte? Hum… Se considera alguém sortuda, Srtª. Connor? — Lena estava com uma sorriso de canto e a sobrancelha arqueada.
Laura: Sendo sincera, até dias atrás não, mas agora, quem sabe...
Helena sorriu com a resposta de Laura. Elas continuaram trocando mensagens por mais alguns minutos, pois logo Helena teria uma reunião e Laura ainda tinha um artigo para terminar. Ao final de lerem as últimas mensagens, ambas possuíam sorrisos em seus lábios e uma felicidade inexplicável.
Depois daqueles poucos minutos de conversa, Helena sentiu que seu bom humor continuaria intacto até o final do dia. Triste engano. Precisou ir em casa na hora do almoço para pegar alguns documentos que havia esquecido, chegando lá, Jackson estava na sala com seu notebook no colo.
— Ah, oi - Helena falou antes de fechar a porta — pensei que estava trabalhando. — Comentou como quem não quer nada.
— Se não percebeu, eu estou trabalhando! — Enfatizou o estou. Ele nem mesmo tirou os olhos da tela e seus dedos trabalhavam agilmente. Helena arqueou uma sobrancelha.
— Calma. — Levantou as mãos em sinal de rendição — Eu só pensei que estaria em seu escritório e não em casa. — Ela justificou seu comentário anterior.
— Quer dizer que eu não posso estar na minha própria casa? — Pela primeira vez ele tirou os olhos da tela e olhou para Helena. Suas palavras saiam de sua boca tão afiadas quanto uma navalha de lâmina virgem.
— Qual o seu problema? — Helena o olhava com as sobrancelhas franzidas - não sei qual foi o bicho que te mordeu, mas garanto que não fui eu. Eu só vim em casa buscar um documento, não estou disposta a ter mais uma discussão com você. — Ela foi até o seu escritório e pegou os papéis que estavam sobre sua mesa e depois seguiu até a porta.
— Espera, Helena — Jackson se levantou e foi de encontro a esposa — Me desculpe, eu não deveria ter agido dessa forma. — Tentou se desculpar.
— Esse é o problema, Jackson — heleena cruzou os braços e o encarou séria — Você faz e diz muitas coisas que não deveria fazer, e pensa que um pedido de desculpas resolve tudo. Mas as coisas não são assim, Jackson e estou cansada de sempre ter que bater na mesma tecla. — A Brown abriu a porta e saiu, não esperaria uma resposta que não queria ouvir, não uma que sempre escutava.
O restante do dia foi massante e estressante. Participou de mais duas reuniões e ainda tinha um projeto que estava trabalhando e estava lhe deixando de cabelos brancos. Sem falar do fato que ela não queria voltar para casa tão cedo, preferia evitar ainda mais estresse.
Mesmo com muita coisa para fazer, Helena estava lendo alguns artigos que Rose Miller, sua CFO havia comentado, quando um em particular lhe chamou atenção. O artigo em questão foi escrito por Laura Connor. A Brown estava realmente surpresa, pensava que Laura trabalhava no café em tempo integral, mas ao que parece não. O artigo estava muito bem escrito.
Laura tinha ficado muito mais interessante agora, a loira parecia ser uma caixinha de surpresas e Helena havia acabado de abrir a caixa e não conseguiria parar até descobrir tudo que estivesse guardado nela. Sorriu olhando para o celular na mesa, iria mandar uma mensagem para ela, mas alguém abriu a porta de sua sala.
— Que sorriso i****a é esse, Brown? — Rose questionou assim que passou pelo objeto de madeira. Rose era uma mulher alta, cabelos castanhos e longos, com olhos também castanhos. Helena sabia que não conseguiria enrolar a amiga, mas não custava tentar.
— Que sorriso? Não tem ninguém sorrindo aqui não, está maluca? — Tentando disfarçar, Helena pegou alguns papéis em sua mesa e organizou. Rose se aproximou da amiga com um olhar desafiador. A morena evitava olhar para a amiga.
— Nem vem, Helena, você não me engana. Fala logo, quem te fez sorrir dessa maneira e nem adianta me enrolar, pois sei que o Jackson há muito não te faz sorrir assim. — Ao lembrar do marido, Helena fez um pequena careta, mas então lembrou de Laura e reprime o sorriso que queria dominar seus lábios.
— Já que insiste — fingindo indiferença, Lena indicou a cadeira a sua frente — conheci alguém, nome dela é Laura e eu a conheci naquele café aqui perto da empresa na quarta feira — Rose percebeu o brilho no olhar de Helena enquanto ela falava e sentiu-se feliz pela amiga, não conseguia se lembrar da última vez que a viu feliz assim — você acredita que ela anotou seu número em um donuts? — Perguntou com um sorriso i****a.
— Sério? — A Miller estava rindo da atitude da mulher desconhecida.
— Muito sério, só não te mostro ele porque já o comi — as duas gargalharam — A gente trocou algumas mensagens e eu estava prestes a mandar uma mensagem quando você chegou. Por acaso, eu estava lendo aqueles artigos que me indicou e vi o nome dela em um deles. Ao que parece, ela trabalha na Johnson Jornal & Magazine, o que é estranho, já que pensei que ela trabalhava no café. — Helena concluiu com as sobrancelhas franzidas.
— Espera — Rose parecia ter se dado conta de uma coisa — o nome dessa garota por acaso é Laura Connor?
— É sim. Por que? — Helena estava confusa.
— p**a m***a. Eu fico surpresa com o quanto o mundo é enorme, mas parece ser pequeno. — Helena não estava entendendo mais nada.
— O que quer dizer com isso, Rose? — inquiriu com as sobrancelhas franzidas e um olhar confuso.
— Laura Connor, que trabalha na Johnson como jornalista, é irmã de Stefany, a minha namorada. Lembra que falei dela para você? — a morena confirmou com um balançar de cabeça — Ela se mudou para Nova York há algumas semanas.
— Nossa, isso é muita coincidência. A moça que me arranca suspiros e emoções que sequer consigo entender, é irmã da sua namorada. — Helena se encostou na cadeira e suspirou.
— Olha pelo lado bom — Rose disse sorrindo — Temos mais uma coisa em comum.
— Que seria?
— Estamos caidinhas por duas Connor. — Helena pareceu ponderar aquele fato e depois gargalhou junto a amiga.