A maioria das pessoas já encontraram aquela pessoa que fez seu coração pular como um louco, e até mesmo sua respiração ficar falha. Aquela pessoa que lhe faz pensar em um mundo de possibilidades de um futuro promissor.
Na primeira conversa percebia que tudo combinava para os dois ficarem juntos. Tinham os mesmos gostos musicais, gostavam dos mesmos filmes e séries e até mesmo a forma de pensar e ver o mundo eram iguais. Era bem sabido por ambos que os opostos se atraem, mas os iguais se completam.
No primeiro encontro, o nervosismo estava presente desde escolher qual roupa vestir, onde a incerteza de onde iriam te fez escolher algo que se encaixasse no casual e ao mesmo tempo formal. Foi ao final do primeiro encontro que houve o primeiro beijo, e céus, foi incrível.
Depois do primeiro encontro teve outros, e não demorou muito para ter um pedido de namoro.
Helena Brown, nos auge de seus vinte anos, um mulher linda, de longos cabelos negros, olhos verdes e pele tão branca quanto a neve, pensou ter encontrado o grande amor de sua vida, e ele era perfeito. Jackson era o sonho de quase todas as garotas, um rapaz bonito, educado, culto, gentil e carinhoso. Ele a fazia sentir-se especial e única. E com apoio da matriarca da família Brown, o rapaz a pediu em casamento no ano seguinte.
Os familiares e amigos mais próximos do casal estavam na cerimônia, lhes desejando bênçãos e felicidades. Lá, parada naquele altar e tendo os olhos de todos direcionados para ambos, Helena só se importava com os olhos de seu amado e o sorriso em seus lábios. Parecia que o universo realmente lhe concedeu a felicidade.
Os primeiros meses de casamento foram um mar de rosas e um jardim de felicidade. Mas então tudo começou a mudar seis meses depois da união do casal. Antes Helena, que se sentia a pessoa mais importante do mundo para Jackson Smith, aos poucos passou a ser tratada como menos do que realmente era.
Pensando ser apenas uma fase do relacionamento, Helena continuava sua rotina normalmente, de casa para a Brown Corporation e no final do dia voltava para casa. Muitas vezes Jackson ainda estava trabalhando, bom, era isso que ela pensava.
A morena continuava se doando para alguém que não a tratava mais como esposa, que simplesmente a via como uma posse, alguém que sempre estaria ali para ele por era sua obrigação. Quase dois anos de casamento e as coisas só pioraram. Jackson achava que presentes compensam sua ausência.
Depois de um tempo que pareceu longo demais, Helena se cansou da forma que vivia e era tratada, se deu conta que ela deveria se amar primeiro antes de esperar o amor de alguém. Estava cansada de mendigar abraços, sorrisos, beijos e carinho... Ela merecia mais do que isso e não deixaria ninguém a fazer se sentir menos do que ela realmente era.
A Brown continuava a cuidar do marido, afinal, ela ainda o amava, mas não da mesma forma que antes. Jackson só dizia amá-la quando a situação estava f**a para o seu lado e somente a morena que lhe dava apoio e ficava do seu lado. Pena que era tarde demais. Aquele amor romântico e incondicional havia se transformado em uma forma diferente de amar. Um amor que sentia por um amigo.
Nenhum relacionamento é fácil, mentirosos são aqueles que falam o contrário, desentendimentos acontecerão, brigas por motivos banais e nem tanto assim vão surgir, e na maioria das vezes tudo isso será superado, ou não. Depende da maturidade e do amor que sentem para seguir em frente.
Quase sete anos haviam se passado, de um casamento fracassado ainda antes do primeiro ano de matrimônio. Foi então que as coisas passaram a mudar para Helena na manhã de uma quarta-feira. Nova York parecia perfeita naquela manhã, o céu azul com poucas nuvens e o sol dando o ar da graça depois de dias chuvosos.
Helena saiu mais cedo de casa, pois na noite anterior havia obrigado com Jackson novamente e tentando evitar mais brigas, estava decidida a tomar café da manhã na rua, mais precisamente no café que ficava próxima a Brown Corporation.
O sino da porta anunciou sua chegada ao estabelecimento, por sorte havia poucas pessoas no local e todas estavam em mesas, assim não tinha fila. Indo até o balcão para fazer o pedido, Helena percebeu que não era atendente das vezes anteriores que esteve ali.
— Bom dia — Helena desejou assim que parou de frente para o balcão.
— Bom dia. — A moça que estava de costas organizando os doces e salgados disse se virando para a próxima cliente. Ela ficou encantada com a visão diante de seus olhos. A morena a sua frente a deixou paralisada por sua beleza. Seus olhos a fizeram viajar por um turbilhão de pensamentos. A atendente nunca havia presenciado tamanha beleza apenas em um olhar. Helena não estava diferente da loira parada à sua frente. A moça era linda, cabelos loiros, olhos azuis e um sorriso encantador, mais parecia um ser angelical, por mais que não acreditasse muito nessas coisas. — Ah, oi. Como posso ajudar? — A loira perguntou depois de sair do transe.
— Eu gostaria de uma flat white e um croissant para a viagem, por favor. — Ao ouvir atentamente o pedido, Laura anotou e se virou para preparar a bebida. Depois de pronta e já em um copo, ela separou uma croissant e colocou em um envelope pardo, entregando para a morena os dois pedidos.
— Prontinho, aqui está. — Helena pegou seu pedido e pagou.
— Laura, querida — Helena estava quase saindo quando ouviu uma voz conhecida e se virou para o outro lado do balcão e encontrou a senhora que sempre lhe atendia, sorriu para mesma e saiu, mas viu o momento que a moça que lhe atendeu foi até a senhora. — Preciso que faça uma entrega para mim aqui perto.
— Pode deixar, mãe. — Laura falou e olhou uma última vez para Helena que tinha acabado de passar pela porta, do lado de fora a morena olhou de volta, seus olhares se cruzaram naquele instante. Helena sentiu seu coração errar uma batida, suas mãos suarem e suas pernas fraquejarem. Ela colocou a mão sobre o peito, sentindo seu coração acelerado. Se virou e seguiu para a empresa de sua família.
Laura queria entender o que havia acabado de acontecer, por que todo seu corpo agiu daquela forma por uma mulher que ela nunca tinha visto antes? Se se concentrasse um pouco ainda podia sentir o perfume da morena.
Saindo de trás do balcão, pegou as sacolas que sua mãe lhe entregou e foi em direção a saída, foi quando viu um objeto retangular próximo a porta. Se abaixou para pegar e viu que se tratava de um crachá de identificação e tamanha foi sua surpresa ao ver de quem era.
— Então esse é seu nome — Falou sozinha sorrindo - Helena Brown. Acho que vai precisar disso hoje. — Foi então que Laura decidiu devolver o objeto para sua dona, mas antes iria fazer as entregas de sua mãe.
Tirou do bolso a chave da moto e colocou as sacolas dentro do bagageiro da mesma e depois saiu. Não demorou muito para a loira chegar ao local da entrega. Deixou as sacolas lá, pegou o dinheiro e partiu de volta para o café deixando sua moto na vaga reservada. Retirou o crachá do bolso e sorriu olhando para si mesmo, iria rever a dona dele.
Enquanto caminhava pela calçada, ela ia lembrando dos motivos que a fizeram voltar para Nova York, a vaga de repórter Júnior na Johnson Jornal & Magazine. Mas também para ficar perto de sua mãe e irmã. Fazia menos de duas semanas que ela havia voltado e às vezes quando estava livre, gostava de ajudar sua mãe. Como ela só precisava estar no trabalho às 9:00 horas, dava para ajudar no café no horário mais movimentado da manhã.
Lembrou que a noite iria encontrar a irmã, Stefany tinha algo importante para falar e também era a noite de filmes das irmãs Connor. Sorriu com as lembranças da infância, quando ainda crianças começaram a tradição de noite de filmes toda quarta. Infelizmente, enquanto ela estava fora, isso não foi possível.