CAPÍTULO 03

2243 Words
Cecília — Lucy. — Ian a chamou com a voz firme, visivelmente irritado enquanto tomava a frente entrando pelo quarto indo em direção a cama. Levantei meu olhar para assistir a cena que ele fazia, balançando sua filha Lucy e Brian para que acordassem. Certamente ele estava irado, o feitiço literalmente havia virado contra o feiticeiro. — Eu não acredito que esses filhos da p**a tiveram coragem de fazer isso com a Cecília. — Isabella falou irritada enquanto eu balançava a cabeça em negativa, como se realmente não acreditasse naquilo que estava vendo. Percebi que lentamente aqueles dois cretinos acordaram assustados, enquanto Ian os cobria e os repreendia na frente de todos. Naquele momento eu fingi dificuldade para me levantar. Pedro veio até mim e me ajudou a levantar. Foi quando eu caminhei para dentro do quarto. — Tem algo errado, Lucy não faria algo assim comigo... — disse com a voz chorosa. — Ela é minha prima, e Brian... me ama. — Tentei soar o mais inocente possível enquanto olhava em direção a ele. — Você está louca Cecília? — Ana perguntou com a voz alterada enquanto vinha para o meu lado. — Está claro que eles estavam dormindo juntos, não seja boba. Com aquilo, o tumulto do lado de fora do quarto começou a se fazer maior. — Ah, que horror! — um dos convidados falou assustado ao perceber o que estava acontecendo ali. Me aproximei vagarosamente para olhar Lucy e Brian totalmente desorientados, enquanto Ian buscava a roupa deles que estava no chão. Não sabia ao certo o que estava sentindo. Já não gostava de Brian a muito tempo, mas agora, ter a certeza de quão baixo eles foram, saber que ele e Lucy estavam juntos antes de tudo, me trazia sensações angustiantes. — Cecília, foi você quem fez isso? — Lucy perguntou em tom acusatório, trazendo-me de volta para a realidade. — Você me mandou uma mensagem ontem à noite. — Do que você está falando? — perguntei com a voz embargada fingindo não saber do que ela estava falando. — Não... eu não mandei, não estava me sentindo bem, então fui para o quarto e simplesmente apaguei. — Se não foi você ent... — Pelo amor de Deus Lucy, não seja cínica. — Isabella interrompeu a Lucy. — Além de ser uma putä que está ferindo diretamente os sentimentos de Cecília, ainda quer acusa-la? — Não... é que... — Lucy começou a gaguejar. — Eu... — Por favor, eu peço que todos se retirem para que eu possa resolver a situação. — Ian falou firmemente interrompendo a fala de Lucy. Naquele momento todos começaram a sair do quarto e se afastar. Levei meus olhos para Lucy, em seguida para Brian que não disse uma palavra apenas ouvia Ian o repreender. — Isso realmente... — fingi dificuldade para falar. — Por que isso está acontecendo comigo? — Levei as duas mãos no rosto e voltei a chorar. De repente, senti uma mão em volta de mim. Tirei as mãos do rosto e olhei para o lado, constatando que era Isabella. — Vamos Cecília, temos que avisar a todos que o casamento será cancelado. — Isabella falou e eu assenti. Então, ela me guiou para fora daquele quarto. Conforme eu passava por todos que estavam ali, eu conseguia ver perfeitamente a empatia de cada um, como se sentissem perfeitamente a minha dor. Segui com aquele mesmo semblante até chegar no local onde ocorreria a cerimônia. A atenção de todos estavam sobre mim, sobre a cena onde Isabella caminhava abraçada comigo que me encontrava em prantos. — Você consegue fazer o anuncio, Cecília? — Isabella perguntou. — E-eu... eu não sei... eu... — respondi fingindo estar desorientada. — Pode deixar, eu faço isso. Tudo bem? — ela perguntou. — Obrigada. — respondi. Ela apenas me deu um sorriso simpático. Acompanhei enquanto ela caminhava em direção a ocorreria a cerimônia, então ela pegou o microfone que estava destinado ao cerimonialista. — Atenção pessoal. — Isabella chamou a atenção de todos. Naquele momento, eu me senti grata, não havia forma melhor de mostrar a minha fragilidade, do que chorar, enquanto outra pessoa explicava o que aconteceu. — Por motivos de que o noivo é um filho da putä a ponto de ter sido pego na cama com a prima de Cecília, a Lucy, o casamento está cancelado. — Depois daquelas palavras, um alvoroço se formou. As pessoas cochichavam por toda parte. Isabella soltou um suspiro, antes de voltar a falar. — Fiquem à vontade para aproveitar a comida e o hotel antes de ir embora. Após dizer aquelas palavras visivelmente irritada, Isabella caminhou em minha direção. — Você não deveria ter contado isso a todos. — Sussurrei a Isabella fingindo que sua atitude não foi correta. — Eu deveria ter tirado fotos para espalhar isso sim. — ela falou me medindo com o olhar. — Como você está? — Vou ficar bem... — respondi limpando as lagrimas que no rosto. — Agora, acho que preciso apenas ir para o quarto e descansar um pouco. — Quer que eu vá com você? — ela perguntou de forma amigável. — Não, obrigada. — Forcei um sorriso a ela. — Qualquer coisa me fala então. — Assenti ao ouvi-la. Depois de me despedir de Isabella, eu fiz a minha melhor cara de noiva traída e comecei a andar pelas pessoas, alguns convidados me perguntaram se eu estava bem, eu tentei ao máximo demonstrar o meu sofrimento com aquela situação. Então, enquanto enxugava minhas lagrimas eu entrei no hotel novamente decidida a ir para o quarto. O plano era ficar um tempo no quarto fingindo estar abalada, e assim que tudo estivesse mais calmo, ir embora ainda hoje para a minha casa, deixando os convidados aproveitarem o restante do final de semana no hotel. Eu havia vencido mais uma vez, as coisas estavam indo bem. Mas agora havia algo que seria um desafio para mim. Conseguir o apoio dos acionistas da empresa que era dos meus pais. Enquanto passava pelo corredor eu comecei a pensar em como seguiria daqui para frente. Eu precisava tirar Ian do controle da empresa. Ele tinha poder demais sobre tudo. Como eu sempre confiei nele, o deixei cuidar das coisas da minha família, mas agora, eu precisava arrumar uma forma de conseguir totalmente o controle. De forma nenhuma eu deixaria Ian na empresa, não depois de descobrir a que ponto ele chegaria para ter o controle total. Abri a porta do quarto e quando eu estava prestes a entrar senti um pequeno baque e mãos fortes sobre mim. Fui tomada pelo susto e em um piscar de olhos eu estava encostada na parede do lado de dentro do quarto. A porta se fechou alguns segundos depois. Meu coração quase saiu pela boca ao constatar que o homem que estava a minha frente me abordando tão firmemente era David. Seu olhar, estava pegando fogo sobre mim, mas não no bom sentido. Ele estava com raiva, era visível. — Está gostando de todo esse show? — ele perguntou descendo o olhar para o meu vestido, e voltando a atenção para mim no mesmo instante. Foi quando eu soube que ele provavelmente estava na cerimônia do casamento. — Me seguiu até aqui? — perguntei tentando não me abalar com seu olhar sobre mim. — É engraçado ver você vestida de noiva dessa forma, fazer um show como a noiva traída e sofrida quando ontem à noite estava no meu quarto tão... — ele interrompeu a fala balançando a cabeça em negativa. — Foi por isso que fugiu, não foi? Naquele momento, eu senti que a solução para os meus problemas estava bem a minha frente. Como eu não pensei nisso antes? Um homem como David Harris poderia me ajudar, ele me daria o poder necessário para ir contra todos. Eu poderia usá-lo para conseguir o apoio dos acionistas, poderia usa-lo para alcançar os meus objetivos. — Eu preciso de sua ajuda. — falei ignorando totalmente a pergunta dele. David me olhou por confuso por um momento. — Do que está falando? — Se você estava na cerimônia, certamente percebeu que eu tenho alguns problemas familiares. — Ele assentiu. — O que você viu... é apenas uma parte, aquelas pessoas me fizeram mal... e eu quero me vingar de todos, quero castigar todos sem exceção. E você, vai me ajudar com isso. — falei de forma confiante. — E por qual motivo eu a ajudaria nessa loucura? — ele perguntou me medindo com o olhar. — Simplesmente porque eu quero que seja você. — Afirmei, enquanto eu montava em minha cabeça todos os cenários possíveis. Eu precisava convencê-lo a me ajudar e esperava que ele fizesse sem que eu tivesse que usar as armas que eu tinha. — Sem chances. — David falou firmemente. — Eu não vou fazer isso. Ótimo, eu realmente esperava não ter que chegar a tanto, mas sabia que uma garota frágil e inexperiente, nunca conseguiria o apoio dos acionistas sozinha. Por isso que eu precisava de David, essa era a minha única alternativa. — Caso não queira que todos saibam que você é o tipo de homem que seduziu e dormiu com a noiva que estava prestes a se casar... e ainda esteve no casamento dela no dia seguinte, acho melhor repensar sobre isso. — Falei firmemente. David arqueou as duas sobrancelhas em surpresa. Aquilo o desarmou. — Não foi isso que aconteceu... Eu não sabia, e você... — O que aconteceu não importa, o que importa é o que as pessoas irão achar. — Eu o interrompi firmemente. Eu sabia que não era certo o que eu estava fazendo, mas se fosse para conseguir evitar tudo aquilo que aconteceu em minha vida passada, eu faria. — Você não vai fazer isso. — Ele respondeu de forma confiante. — Nem mesmo teria como provar que algo assim aconteceu. Certo, ele queria provas? Eu tinha como consegui-las. — Não tenha tanta certeza disso, David. — Dei um pequeno sorriso, me lembrando bem de que ontem durante a madrugada, eu havia pego as filmagens daquele andar no hotel para me assegurar que ninguém as teria posteriormente. Felizmente, eu havia pegado todas as que eu me fazia presente. — Tenho algumas filmagens interessantes aonde eu entro em seu quarto a noite, você entra pouco depois e bem... — Dei a ele um olhar sugestivo. — Após um tempo considerável, eu saio desnorteada do seu quarto... Eu diria que estava visível que eu o deixei no quarto depois de uma noite quente e incrível. — falei o surpreendendo mais uma vez. Naquele momento o meu sorriso se alargou. — O que acha que as pessoas pensariam de você David? — Você fez isso de propósito? — ele perguntou incrédulo. — Armou isso para me ameaçar? — Não... — Fui sincera. — Mas felizmente aconteceu assim. — Completei sem conseguir esconder a satisfação que pairou em mim no momento em que tive a certeza de que eu tinha David em minhas mãos. Eu vi o medo no olhar de David, e naquele instante eu tive a certeza que aquele, era o ponto fraco dele. Um homem poderoso como ele, que nunca está metido em qualquer escândalo, certamente não iria querer que algo assim sujasse a sua imagem. — Você não faria isso. — Naquele momento, ele já não estava tão confiante. — Além de destruir a sua imagem, algo assim acabaria com a sua família. — Balancei a cabeça positivamente ao ouvi-lo. Eu sabia perfeitamente quais seriam as consequências caso eu fizesse aquilo que estava o ameaçando. Mas eu precisava me manter firme, só assim, eu conseguiria convencê-lo a me ajudar. — Uma coisa que você vai aprender sobre mim, é que eu estou disposta a qualquer coisa para atingir os meus objetivos. Então sim, se for necessário destruir a minha imagem para isso, eu farei. Mas eu juro que levarei a sua comigo. — falei sem hesitar. David me mediu com o olhar por um momento, e suspirou. Era visível que ele não estava gostando daquilo, mas se eu tivesse como usar essas armas para fazê-lo me ajudar, eu usaria sem hesitar. — E então? — Você ainda me pergunta, e então? — ele vociferou. — O que acha que eu deveria fazer, quando você está disposta a jogar tão sujo? — Não estou jogando sujo David, eu apenas preciso de você. — falei, por um momento ele me mediu com o olhar. Ele não disse nada por um instante, e algo me diz que eu sabia perfeitamente o motivo. Um rubor subiu pelo meu rosto ao me lembrar que isso, foi exatamente o que eu disse a ele ontem em seu quarto. Eu preciso de você. Meu corpo reagiu imediatamente a aquela lembrança. Oh Droga! Certamente eu não deveria pensar em algo assim agora. — Preciso da sua ajuda para conseguir acabar com todos. — Completei mandando para longe aquele pensamento. Eu apenas queria que aquela fala se dissipasse. — Um homem cheio de poder e influência... Você é perfeito para o meu plano. Permaneci com os olhos sobre ele, apenas aguardando um retorno. Ele parecia estar em uma luta interna muito grande. Era visível que ele estava se vendo sem escolha naquele momento. E isso, apenas me deu mais confiança para esperar a sua resposta. — Tudo bem Cecília. — Ele finalmente se rendeu em meio a um suspiro. — Vamos fazer isso.
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