PONTO DE VISTA DE ELENA
Flashback...
— Deixe-me levar você para o hospital, vovô — Implorei.
Drago me chamou no trabalho e disse que eu precisava ir para a casa do meu avô, que ele precisava de mim. Não pensei duas vezes e voltei. Eu amo meu trabalho e o que faço, mas minha família está em primeiro lugar.
— Não há necessidade, minha bela flor. Sinto falta da sua vovó e quero estar com ela. Apenas saiba que te amo e sei que sua vovó também te ama — Disse o vovô, fraco.
Ele sempre me chamava de sua florzinha, porque, para ele, eu tinha florescido de algo pequeno e delicado para algo bonito, deslumbrante e forte. Eu sabia que ele sentia falta dela, mas ainda havia tanto aqui que precisava ser feito.
— E os negócios? A casa...
— Tudo está em boas mãos, minha florzinha — Ele disse enquanto tentava respirar fundo, mas não conseguia. Eu sabia que era isso. Lágrimas escorreram dos meus olhos. Eu sabia que seria difícil porque eu já estava quebrada, mas eu precisava ser forte.
— Eu te amo, vovô. Vá encontrar a vovó e diga a ela que eu a amo — Beijei sua testa e ele fechou os olhos, soltando seu último suspiro.
Eu solucei, soltando um grito alto. Dalton entrou com lágrimas escorrendo dos olhos. Eu sabia que ele amava o vovô como um irmão.
— Senhorita Santos, venha, nós cuidaremos de tudo — Ele disse, colocando a mão no meu ombro, e eu me virei para ele e ele me abraçou.
Ele me ajudou a chegar ao meu quarto e chorei até dormir.
Três dias depois...
Após o funeral, um advogado veio me ver. Eu não estava com disposição para nada, só queria ficar sozinha e lamentar, mas eu sabia que esse era o último desejo do meu avô. Agora eu estava sentada no escritório dele, estar aqui trouxe de volta tantas lembranças. O advogado limpou a garganta e olhei para ele.
— Senhorita Santos, sinto muito pela sua perda. Eu sei que você só quer passar algum tempo sozinha, então vou fazer isso o mais rápido possível — Ele disse, tirando alguns papéis — Seus avós deixaram para você a Santos Industries. A casa também é sua — Ele então virou a página, ajustando seus óculos — Eles também deixaram para você o seguinte: oitenta e sete bilhões de dólares — Meus olhos se arregalaram e minha respiração parou — Eles também deixaram outros ativos para você — Ele disse, enquanto continuava a olhar para o papel e concordava com a cabeça — Ok, eles deixaram dois carros Ferrari Pagani Huayra. Uma pulseira de pérola azul da Dominica, três pinturas originais de Picasso, duas estátuas de Radin, vinte diamantes de dez quilates, dez peças de marfim e dez barras de ouro.
Quando ele terminou, senti como se minha mandíbula tivesse caído no chão. Eu sabia que meus avós eram ricos, mas não sabia quão ricos eram. E então me ocorreu que eu era a nova proprietária da Santos Industries. Eu posso chegar perto do que meus avós conquistaram?
— Tudo isso é seu, mas a única coisa que seus avós pediram é que sua mãe ou sua irmã não recebam nenhum centavo desse dinheiro. Você pode ajudar seu pai se quiser, mas nenhum centavo para sua mãe ou irmã — Disse o advogado — Além disso, isso é para o seu amigo Ruben. É importante que você entregue a ele assim que puder e sem que ninguém mais saiba — Ele disse.
— Entendi — Eu disse.
— Bom, assine aqui, por favor — Ele disse, mostrando onde eu deveria assinar.
— Aqui está tudo o que você precisa e, novamente, sinto muito pela sua perda — Ele disse, entregando-me uma pasta.
Dentro da pasta estava meu novo cartão bancário e as informações sobre tudo que eu possuía.
Fim do flashback...
PONTO DE VISTA DE ELENA
— É muito dinheiro — Disse Ruben, me tirando da minha memória, e eu não pude deixar de rir. Eu sabia que era muito dinheiro.
— Eu sei, mas nana e pops queriam que você recebesse. Você pode começar seu próprio negócio se quiser. Comprar uma casa para você e seu companheiro e até reservar dinheiro para os filhotes — Eu disse.
— Mas ainda não conheci meu companheiro — Ele disse, e eu ri.
— Tudo acontece por um motivo, Ruben, e mesmo que nana e pops não tivessem te deixado nada, eu teria dado o dinheiro para você. Você foi a única pessoa que me ajudou depois do que aconteceu. Nem mesmo minha própria mãe me ajudou — Eu disse.
— Você não merecia o que aconteceu com você. Inferno, ninguém merece o que aconteceu com você — Disse Ruben — Para mim, você nunca foi fraca. Sim, não podíamos sentir o cheiro do seu lobo, mas seu pai sabia que você tinha um lobo. Ele podia sentir isso. Você trabalhou duro na escola e eu sei que nana e pops estão orgulhosos de você, e eu também estou. Agora, quanto a esse dinheiro... eu sei que eles queriam que eu tivesse e sou grato por isso, mas também teria sido grato se eles apenas me deixassem trabalhar na empresa, mesmo como faxineiro — Ele disse.
Eu pensei sobre isso. Ele se formou na semana passada com o mesmo diploma de bacharel que eu e eu poderia contar com sua ajuda, especialmente se tiver que viajar a trabalho.
— Você se formou na faculdade? — Perguntei, embora soubesse a resposta.
— Sim, me formei — Ele disse orgulhosamente.
— Eu não sei o que você realmente quer fazer, mas eu preciso de alguém que possa me ajudar com meu trabalho. Você já esteve no escritório e conhece o trabalho que eu faço. Eu tenho uma secretária, mas preciso de um braço direito em quem possa confiar para me ajudar com o meu trabalho. Você vai trabalhar diretamente comigo — Eu disse, depois olhei para o meu amigo — Eu sei que você tem muita coisa na sua cabeça e eu não vou...
— Eu vou fazer — Disse Ruben antes que eu pudesse terminar o que estava dizendo.
— Então, você vai aceitar o cargo e ser meu braço direito? — Perguntei.
Ruben olhou para mim com uma expressão em branco, então me puxou para um abraço.
— Eu adoraria trabalhar com você, irmãzinha. Vou começar a procurar um lugar esta semana — Ele disse.
Ele sempre me chamava de irmã e sempre me tratou como uma irmã.
— Não tenha pressa. Você pode ficar na minha casa até encontrar um lugar que queira — Eu sorri.
Ele pegou nossa comida enquanto eu pagava e estava prestes a sair, mas parou e olhou para a garçonete que estava olhando para mim com nojo.
— O que foi? — Ela perguntou.
— Você disse que cães não podem entrar aqui, mas está servindo aqui — Eu disse.
Ruben começou a rir. Ela rosnou e tentou avançar em mim, mas foi contida por outro funcionário. Eu apenas sorri para ela, virei as costas e saí. Dirigi por aí até chegar a um parque. Nós saímos e nós quatro jantamos. Quando os cães terminaram, eles correram por um tempo e fizeram suas necessidades. Não pude deixar de pensar em tudo o que tinha acontecido comigo.
— O que há de errado, Elena? Você sabe que pode me contar qualquer coisa — Ruben disse.
Eu sabia que podia e precisava contar ao meu amigo se ele fosse ficar.
— Qualquer coisa que eu te contar fica entre nós dois — Eu disse.
— Eu juro pela deusa da lua — Ele disse.
Respirei fundo e contei a ele tudo o que aconteceu depois de pedir a ele para sair antes que se metesse em encrenca por me ajudar a deixar a matilha. Eu não contei a ele quantas pessoas eu tinha matado, mas ele sabia que eu era uma Guerreira de Elite.
— Está tudo bem, garota. Eu nunca vou te julgar, mas pelo menos agora eu sei que você é uma assassina durona — Ele disse com um sorriso.
— Obrigada — Eu sorri e o abracei antes de soltar um bocejo, fazendo Ruben rir.
— Vamos lá, vamos voltar. Você parece exausta — Ele disse.
Ele não tinha ideia. Ele pegou as chaves e dirigiu de volta para a matilha e, quando chegamos, a casa estava escura. Eu não estava surpresa, já que nada era novo. Depois que os cães fizeram suas necessidades, subi para meu quarto e fechei a porta. Troquei minhas roupas pelo meu pijama. Peguei minha arma, que tem balas de prata, e coloquei debaixo do meu travesseiro antes de deitar e adormecer.