• Garoto do Vôlei

1445 Words
Eu fecho os olhos e tenho um flashback. Sabe quando você se vê perdida em seus próprios pensamentos? Imaginar como será o futuro proposto e o que será de nós daqui para frente? E como os sentimentos, amizades e até mesmo o amor pode mudar em alguns segundos. Se sentir apaixonada é ótimo, o r**m é quando este amor não é nenhum um pouquinho recíproco, basicamente a pior dor do mundo não é a de dente, e sim, ver o famoso "amor da sua vida", que faz o seu coração bater mais rápido, com outro pessoa.. E essa sou eu, Glenna Sug. E não, meu romance não foi nas férias, nem no colegial, ele também não era amigo do meu irmão, na verdade, eu nem tenho irmão. ele também não era do time de futebol americano, o garoto também não era meu vizinho, Por mais que eu quisesse que fosse. Ao contrário de todos esses cenários fantasiosos, o conheci em uma praça que não fica muito distante da minha casa. E não foi bem como eu imaginava... 24 de junho. — Glenna, já pensou em parar um pouco de ler, e ver o dia? — Falou Deena, minha amiga. — Estou na melhor parte do livro. Me deixe terminar. — Não dei a mínima importância para o que ela dizia. Não demorou muito, até eu sentir uma bola de vôlei derrubando com tudo o meu livro que ganhara de Sebastian, meu Abuelo. Desconfiei de primeira de Deena só que no momento em que olhei para suas mãos, soube que não era ela. Girei minha cabeça devagar, tentando encontrar o suspeito que tinha feito isto, ou pelo menos da onde tinha saído aquela bola de vôlei. — Desculpa garota. Machucou? — Uma voz firme, uma voz que guardaria para sempre em minha cabeça. Os olhos daquele garoto um pouco mais alto que eu, não paravam de me encarar, era como se o tempo estivesse parado e agora era o meu momento e bem alí começaria minha história de amor. •••• 24 de Junho, nunca saiu dos meus pensamentos. O garoto moreno, com os cachinhos em sua cabeleireira também não. Seu rosto parecia ter sido desenhado por Van Gogh, Ou até o próprio Van Gogh iria se impressionar com aquela obra de arte. Mas aquele dia da praça, foi o mais perto que tivemos de uma conversa. Eu tinha dez anos quando isso ocorreu e todo dia, às três e quinze eu vou para praça vê-lo, no mesmo banco, fingindo estar lendo um livro, enquanto o observo jogando vôlei com os seus amigos. Quando eu era menor, ficava desapontada por não vê-lo na praça nas terças-feiras, até descobrir que ele tinha aula de música. E então, faltava toda terça-feira, só que nós outros dias da semana, eu estava lá, vendo o mesmo garoto com os meus dezesseis anos. Pesquisei sobre ele, descobri que ele mora em um prédio em alguns quarteirões daqui, e o nome dele era Íago,o meu ÍAGO. Tinha extrema vergonha de conversar com ele, e naquela época nunca tínhamos trocado ao menos uma palavra ou uma simples conversa. Carissa, uma outra amiga minha, diz que isso tudo não passa de uma bobagem, que eu não amo o Íago, porque nunca tentei contato, nunca tentei puxar assunto, talvez ela esteja certa por um lado. Só que nos meus sonhos, ele é sempre o príncipe, não importa a cor do cavalo. Uma dor me atingiu quando Deena descobriu que o garoto tinha entrado em um relacionamento sério com uma tal de Lucille, eu era mais bonita do que ela, tinha convicção certeza, mas ele tinha escolhido ela, ele deveria achar ela mais bonita. Poderia ser que ele tinha uma preferência em cabelo longo, só porque o meu era embaixo do pescoço, o importante era que ele estava crescendo. — Esquece isso, o Íago não te merece. — Minha irmã Myra disse pela sexta vez só hoje. — Fica sofrendo por um amor que nunca rolou. Minha cabeça estava fumaçando. Myra nunca pensava no que dizia, odiava ouvir o sermão dela, chega ser pior do que o da minha mãe. Ela não tinha o poder do discernimento de ter controle em suas palavras. Fazia uma hora, uma hora que ela dizia a mesma coisa. — Você é mais nova que eu, eu deveria estar dizendo isso, não você. — Bufei, tentando fazê-la parar. — Você é mais inocente que eu Glen. — Colocou as mãos na cintura. — E olha que eu tenho doze anos. — Vai embora!— Me abracei entre os travesseiros. Naquela mesmo (dia), marquei de ir para praça com as garotas, mas não sentia mais o d****o de ver Íago, talvez esse seu novo relacionamento me fez cair na realidade, que alguém como ele, não olharia para Glenna Sug. Próximo mês são as férias, e Deena me chamou para acompanhá-la com sua família para ficarmos todo o verão em sua casa de praia. Eu não tinha aceitado antes, ficar um mês sem ver o Íago me faria morrer de vontades de ver seu rosto. E se der tempo de aceitar a proposta? O Íago está mesmo namorando, eu só serei uma garota da praça sumida, apesar que ele nunca reparou em mim, é isso que eu pensava. Fazia uma semana, uma semana que não via ele, o garoto do parque que joga vôlei. Realmente era estranho, O Íago era bonito demais para passar esse tempo todo solteiro. Ele deveria ser o preferido das garotas em seu colégio, deveria ser o famoso capitão de algo, aquele esnobe, indeciso e complicado dos filmes, do tipo badboy. Por mais que não acredito nesta versão do Íago. Na minha cabeça, Íago é aquele garoto brincalhão, o menino sempre rodeado por seus amigos, o carismático e ridículo. O Íago para mim é único. Eu não pensei muito, poderia ser que eu talvez desistisse sobre a ideia de viajar com Deena e sua família se eu pensasse mais um pouco. Peguei o celular, que não estava tão longe de mim, disquei o seu número e logo ela me atendeu. — Oi! Glen, tudo bom? — Ouvi alguns gritos em sua chamada, deveria ser sua irmã mais nova Rachel. — Oi! Eu posso voltar atrás? Posso aceitar passar as férias na sua casa de piscina? — Disse com uma rápida ligeireza. Assim que disse isso, senti meu ouvido explodir. Deena tinha acabado de dar um daqueles seus gritos que fazem uma pessoa perder a audição. Pelo menos ela estava contente. — Sabia que iria. E o Íago? Citar o nome dele, me fez lembrar dos seus cabelos enroladinhos e o quanto ele ficava bonito só respirando. Me deu v*****e de ir à praça novamente, ele podia estar lá ainda, jogando sua última partida do vôlei, ou poderia vê-lo saindo da praça correndo em sua bike. Eu só queria vê-lo agora mesmo. — Acha que o Íago ainda está na praça? — Falo procurando o meu vestido florido. — Aí... — Parecia que eu via Deena revirando os olhos do outro lado. — E eu que pensei que sua obsessão por ele tinha passado. Hello, ele tem uma namorada. — Essa última parte, ouvi o seu tom de ironia. Novamente, minha ficha caiu. Íago estava apaixonado, apaixonado por outra e não por mim. E esse sentimento, quando irá sumir? Só sei que agora, eu preciso ver o Íago. Preciso vê-lo. — Deena, preciso desligar. — Puxo o primeiro vestidinho que tinha achado, era amarelo. — Você vai para praça não é mesmo? De novo vai procurá-lo? Não respondi, não tinha necessidade para aquilo. Deena estava certa, o problema é que a opinião dela não importava. Já eram seis e vinte dois, eu tentaria vê-lo. Desci as escadas voando mais que o próprio avião, peguei a bike de Myra e quando eu voltasse teria que ouvir os gritos dela, valeria apena, ver Íago valia apena. Pedalei mais rápido que o Flash, sem cuidado nas faixas de pedestre, se eu corresse poderia ser que eu o encontraria. Não pensei muito nisso até uma luz iluminar meu rosto e um carro preto vir em minha direção. Não enxerguei mais nada, só senti as dores percorrendo pelo meu corpo, eu tinha sido jogada para longe, disso eu tinha certeza. Minha visão estava sendo apagada... Até eu o vê-lo, Íago, batendo palmas em minha frente. Seria um sonho? Ou já tinha morrido? Tentei fixar meus olhos em seus olhos, em sua beleza, só que meus olhos se fechavam, mantê-los abertos era difícil até mesmo refletindo o rosto de Íago para mim... E quando menos esperei, meus olhos se fecharam.
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