Capítulo 06

2022 Words
Anna — Está ficando frio, você trouxe casaco? — Ele pergunta, fechando a porta atrás de si. — Ah, ficou no carro. — Eu digo, apontando para trás. — No de... Andyn.. — Ah, claro; — Ele dá um sorriso sem humor. — Ele vira buscá-la ou eu posso deixá-la em casa? — Pode me deixar em casa, mas podemos conversar sobre isso depois. Seu filho precisa de você. — Eu digo. A verdade é que eu queria poder dizer que nosso filho precisa de nós. Eu imagino o quanto a falta de amor materno faz falta em sua vida. Lia não me parece uma boa mãe. Nunca me pareceu e eu entendo uma parte desse sentimento, já que ela nunca gerou uma criança, mas ainda me dói que meu bebê tenha sofrido com ela. Eu suspiro pesadamente, piscando para ele antes de mordiscar a minha bochecha. — Venha comigo. — Ele dá um sorriso fraco, andando em direção ao segundo andar. A casa era estupidamente grande e espaçosa, chegava a ser desnecessária. Não parecia combinar com Adam ou com a sua essência. Quando éramos namorados, sempre combinamos que ter uma casa pequena e confortável — na sua visão — era o melhor. E mesmo que eu ainda achasse aquele apartamento com cinco quartos enormes, ainda era menor do que essa mansão. Me pergunto se isso aqui não é demais e se eles já usaram alguns dos quartos. Parece meio absurdo que eles tenham tantos cômodos nessa casa. — Isso é grande demais. — Comento. — Como consegue se achar tão facilmente? Ele vira o rosto para mim por cima do ombro, um sorriso brincando em seu rosto. — Não me encontro. Eu não conheço a metade da casa, para falar a verdade. — Ele coça a nuca. — Eu só fiz questão que o meu filho ficasse o mais perto possível de mim. — Ah, que fofo; — Eu dou um sorriso a ele. — Infelizmente, isso incluiu a mãe dele também. — Ele franze o nariz. — Como assim? — Franzi a testa. — Quando ele nasceu, eu percebi que só estava com Lia para me manter perto dele. então, nos terminamos. Para ele vir morar comigo, ela teve que vir também, mesmo que não amamentasse. — Ele revira os olhos. — Ela dizia que o amor de mãe dela a impedia de entregar seu filho para mim e eu me lembrei da minha mãe, me lembrei de... você. — De mim? — Pergunto, boquiaberta. — Sim, de você. — Ele para, girando e me encarando. — Lembrei de quando você dizia que eu e você seríamos ótimos pais e que você jamais deixaria nosso bebê longe da sua vista. Que amaria e cuidaria dele para sempre, que nada os separaria. — Ele abaixa os olhos para os sapatos e volta a andar. — Conforme ele foi crescendo, o amor incondicional de mãe foi morrendo. Acho que parte disso é culpa minha. — Não é culpa sua que ela seja uma mãe r**m. — Despejo nele. Adam está começando a quebrar a casca dura que eu mesma criei em volta de mim. Da minha cabeça e do meu corpo. Até tenho empatia por ele, enquanto ele sofre tanto nas mãos da víbora que agora se intitula mãe do nosso filho. — Eu sei, eu sei. — ele suspira pesadamente, piscando para mim. — Eu me arrependo de ter ficado com ela em algum momento, eu me arrependo de ter colocado um filho com aquela mulher — ele aponta para a porta. — aquela que você viu no jantar no mundo. Me arrependo por não conseguir expulsa-la, porque, por mais que ela despreze, meu filho ainda precisa da mãe. — Ele não precisa de uma mãe r**m. — Sopro. — Se ela cuidasse... — Eu sei, Anna. Ele ainda não entendeu isso, então ele acha que todas as mães são iguais a dele. — Ele suspira, esfregando os olhos. Ele retorna seus passos para o corredor, chegando a uma porta pequena e abre. A luz o ilumina. Eu ainda estou parada no lugar. Meu coração bate com força em meu peito, ansiedade me toma e eu sinto uma vontade que me consome de correr e agarra-lo em meus braços com todas as forcas que tenho dentro de mim. Queria dizer que nada mais iria atingi-lo, que a mamãe dele estava aqui agora e que eu cuidaria dele. Mas, eu estava estática, tomando coragem para ir até lá e ver Adam sendo o pai do nosso filho, do nosso menino. Estou pronta para ver Adam sendo o melhor que pôde, da mesma maneira que ele me prometeu que seria, a anos atrás. Adam. O pai do meu filho, que o fria e o ama como eu não pude fazer. Isso chega a ser desesperador. Meu passos são lentos em direção a porta de entrada do quarto, posso ouvir meu coração bater em meu ouvido.Meus saltos parecem muito barulhentos — e eu sequer estou me preocupando em não fazer barulho —, e a minha respiração está parecendo muito descontrolada. Me recomponho, ainda parada no corredor e tomo uma boa dose de coragem, andando cm passos firmes em direção a porta que agora está entreaberta. Meu mundo parece desmoronar e se reconstruir um pouco quando vejo Adam andar de um lado para o outro, com um corpinho minúsculo enrolado nele. As mãos de Adam seguram nosso filho, enquanto o pequeno enrola sua perna na cintura do pai e esconde o rosto no pescoço. O menino soluça baixinho, enquanto Adam faz "shi" com a boca e o abraça, embalando-o. — Senhor. — A mulher que aparece por uma portinha aparece no meu campo de visão também. — O médico vira no primeiro horário amanhã, Lucas já está medicado. — Obrigada, Maria. — Ele dá um sorriso educado. — Pode ir descansar, se quiser — Ela diz, ainda envergonhada. — Não, não. — Ele balança Lucas. Lucas, seu nome é Lucas. Um nome tão bonito, minúsculo e com tantos significados. Dou um sorriso. Adam me encontra com os olhos, eu estremeço, minha bochecha está corada com a vergonha. — Pode entrar, Anna. — Ele diz, por fim. — Desculpe ter vindo na frente e tão depressa. Empurra a porta, encontrando a babá que me avalia por algum tempo. — Não posso julgar você. Eu faria a mesma coisa. — Murmuro. — Papai. — Sua voz fina me chama a atenção. Quero chorar — Sim, meu amo. — Adam responde. O menino levanta a cabeça e encara o pai. — Estou com fome. — Diz, por fim. — Que ótimo, garotão. — Adam o coloca sobre a cama. — Maria, pode providenciar alguma coisa? — Sim, senhor. — E ela sai, deixando nós três sozinhos. — Quem é você? — Ele me encara de baixo. — Eu sou Anna, eu sou uma amiga do seu pai. — Respondo. — Tem uma foto sua e do meu pai no escritório, você sabia? — Ele diz, apoiando a cabeça no braço do pai. — Ah, é mesmo? — Eu pergunto, enquanto analiso Adam. — É, a primeira vez que você foi a praia. — Ele dá de ombros, como se fosse algo muito simples. Ele ter guardado uma foto minha foi de grande significado. Quero dizer, isso aponta que ele nunca me deixou ir totalmente. Isso acaba me conquistando, tenho que assumir. — Ah, que bom saber disso. — Digo, por fim.. — Você pode sentar na minha cama também, eu deixo. — Ele bate a sua mãozinha pequena no espaço vazio ao seu lado. — Me sinto lisonjeada. — Digo, enquanto me sento ao seu lado. — Como está se sentindo? Passo os dedos em seus cabelos, enquanto me encara com os olhos brilhantes. — Bem. — Sussurra, enquanto franze a testa. — Você não está fingindo que gosta de mim, está? Me impressiono com a sua pergunta, ainda sem entender direito qual significado ela tem e pisco para ele. — Porque eu faria isso? — Indago. — Minha mãe fazia. — Ele murmura. Adam parece querer intervir, mas também está chocado e até um pouco culpado. Seu olhar o entrega. — Não, não estou fingindo, Lucas. — Volto a alisar seus fios negros, tão parecidos com os do seu pai, que quase parecem uma cópia um do outro. — Acabamos de nos conhecer, me dê uma colher de chá. — Hum... — ele bate o indicador no queixo. — Tudo bem, mas só hoje! Eu dou uma risada fraca, enquanto ele começa a se aconchegar em meu corpo Fico impressionada e m*l consigo me movimentar enquanto ele aconchega o corpo no meu e me obriga a me recostar na parede e abraça-lo. Meus olhos param em Adam por algum tempo e ele sorri para mim, enquanto eu aliso os cabelos do pequeno Lucas. Nossa conexão parece tão instantânea e me dói saber que ele é tão carente de atenção materna a ponto de se agarrar em mim em uma primeira vez. Ele confiar tão rapidamente ainda me preocupa quando penso em Adam e em relações amorosas, onde podem realmente tentar conquistar o filho para conseguir o pai. Eu sei que existem milhares de mulheres assim e infelizmente, Lia é uma delas. — Senhor. — Maria entra pela porta com uma bandeja nas maos. — Acho que sua comida chegou. — Murmuro. — Maria, pode ir fazer alguma coisa, deixe com a gente. — Adam murmura. A mulher contorce o rosto e mesmo a contragosto, sai, deixando-nos a sós. Adam pega a bandeja sobre a mesinha e leva para o pequeno, que está receptivo ao meu lado. Seus pés balançam de um lado para o outro, animados. — Aqui! — Adam põe a comida na sua frente. — Hm, macarrão. — Ele bate palmas. — E frutas! — Eu digo, animada. Ele franze o nariz. — Você não gosta de frutas? — Pergunto. — Não. São ruins. — Ele coloca a língua para fora. — Ah, eu amo frutas, sabia? — O encaro, enquanto pesco um morango da sua bandeja. — Se eu pudesse, eu comeria frutas o tempo todo. Porque você não gosta? — Não sei, minha mãe disse que eram ruins. — Ele deu de ombros. — Bom, eu digo que a sua mãe é uma mentirosa. Frutas são a melhor coisa desse mundo, não concorda, Adam? — Pergunta — Concordo, concordo. — Ele acena com a cabeça. Mordo o morango, enquanto Lucas e Adam me observam, piscando para mim. — Hum, isso aqui é tão maravilhoso. — Gemo, revirando meus olhos. — Quer, Adam? Acho que o Lucas não vai gostar — Ah, eu quero sim. — Ele se aproxima, mordendo uma parte do morango. — Meu deus, que maravilha! — Eu disse. — Ele sorri. — Eu avisei. Você não quer mesmo? Aponto a fruta para Lucas, que está me encarando. Mordisco a minha bochecha e limpei a minha garganta. — Você promete que é bom? — Ele pisca para mim — Prometo! Acha que eu e seu pai mentiriamos para você? — Ele ri. — Bom, acho que não... — Ele sorri. Então, em um impulso infantil, Lucas pega o pequeno pedaço de Morango dos meus dedos e mordisca, depois dá outro e mais outra mordida, generosas até que ele acabe e pesque outro em sua bandeja recheada. Por um segundo, ele consegue se esquecer até mesmo do seu macarrão que começa a esfriar e seu prato. — Nossa, você tem razão. — Ele balança a cabeça em afirmação. — Porque não come a sua comida e déia suas frutas para sobremesa? — Pergunto. — Verdade, você é muito inteligente. — Ele balança a cabeça em afirmação. Agora, ele estava melhor, acho que pelo medicamento que começa a correr em seu corpo. Sei que vai dormir em breve e quero estar aqui quando isso acontecer. Encaro Adam, e ele parece em outra dimensão enquanto nos encara. Por um segundo, me permito ter um vislumbre da vida perfeito que nós poderíamos ter. A nossa família. Juntos. Seríamos bons pais juntos, eu tenho certeza.
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