Vicky: Como vim parar aqui?

1465 Words
A sensação foi surreal. O espaço ao meu redor se distorceu e girou, e uma estranha sensação de estar sendo estirada e comprimida tomou conta de mim. Então, em um instante, a luz se dissipou e eu me encontrei em um ambiente completamente diferente. A primeira coisa que percebi foi o ar fresco e o som do vento sussurrando entre as árvores. Olhei ao redor e vi que estava em um ambiente de jogo, exatamente como os cenários que YaoWei e eu exploramos. O chão sob meus pés era coberto de grama vibrante, e árvores majestosas se erguiam ao meu redor. O céu tinha um tom irrealmente azul, e os edifícios ao fundo pareciam ter uma qualidade etérea. — O que está acontecendo? — murmurei para mim mesma, minha voz soando estranhamente clara neste mundo digital. O choque inicial deu lugar a uma onda de realização. Eu estava dentro do jogo! A experiência era tão imersiva que parecia mais real do que qualquer realidade que eu conhecesse. Olhei para as minhas mãos, observando a forma como elas se moviam e interagiam com o ambiente virtual, e senti um misto de assombro e excitação. Então, uma figura familiar surgiu à distância. Era YaoWei, com uma expressão de surpresa e alívio ao me ver. Ele parecia ter saído de um dos eventos do jogo, com a mesma roupa de aventura que usava durante nossas transmissões. — Vicky! — ele chamou, correndo na minha direção. — Você está aqui! Como isso é possível? — Eu... eu não sei. Eu estava apenas tocando na tela do meu computador, e então... eu fui puxada para cá — expliquei, tentando compreender o que estava acontecendo. — Isso é incrível! Nunca imaginei que isso pudesse acontecer — disse YaoWei, com os olhos brilhando de empolgação. — Se você está aqui, isso pode significar que há uma conexão ainda mais profunda entre os nossos mundos. O pensamento de estar fisicamente no mundo do jogo me fez perceber as oportunidades e os riscos. Eu estava em um território desconhecido, mas a presença de YaoWei me dava um sentimento de segurança e esperança. Juntos, poderíamos explorar essa nova realidade e talvez encontrar mais respostas sobre a conexão entre os mundos. — Vamos explorar e ver o que podemos descobrir — sugeri, meu coração batendo forte com a empolgação da aventura. YaoWei assentiu com um sorriso, e começamos a caminhar em direção ao horizonte. O mundo do jogo, agora mais real do que nunca, se desdobrava diante de nós, repleto de mistérios e possibilidades. A jornada estava longe de acabar, e o que quer que estivéssemos prestes a descobrir poderia mudar tudo o que sabíamos sobre a conexão entre nossos mundos. Com cada passo que dávamos, a sensação de estar no controle e, ao mesmo tempo, fora do controle era fascinante. O tempo no jogo parecia estar em sintonia com o ritmo dos nossos corações, e o futuro, cheio de incertezas e promessas, nos esperava com braços abertos. Por mais que eu ache incrível estar aqui, também sinto medo. É uma mistura de emoções; como vou voltar para casa? Como vim parar aqui? São muitas dúvidas e muitas coisas para pensar. Nunca imaginei estar dentro de um jogo. É uma sensação surreal. YaoWei parece animado, mas para mim é uma enorme mistura de sentimentos. Continuamos caminhando pelo mundo do jogo, mas o entusiasmo de YaoWei não parecia se refletir em mim. A minha mente estava cheia de preocupações, e a cada passo que dávamos, as perguntas e o medo se acumulavam. — Vicky, você está bem? — perguntou YaoWei, notando meu silêncio. — Parece que algo está te incomodando. — Sim, eu estou bem, é só... é só que eu estou um pouco assustada — respondi, hesitante. — Eu não sei como voltar para casa. Nunca pensei que isso pudesse acontecer, e agora estou aqui sem saber o que fazer. YaoWei parou e olhou para mim com preocupação. — Eu entendo. Isso deve ser realmente difícil para você. Mas, honestamente, eu também não sei como ajudar. Nunca passei por algo assim. Só sei que é uma oportunidade incrível e que talvez possamos encontrar uma solução enquanto exploramos. — Mas e se não conseguirmos? — perguntei, tentando controlar a ansiedade na minha voz. — E se eu ficar presa aqui para sempre? — Não quero que você fique com medo — disse YaoWei, tentando oferecer um conforto reconfortante. — Vamos focar em encontrar uma saída. Talvez haja pistas ou informações no jogo que possam nos ajudar. E enquanto isso, eu estarei ao seu lado para enfrentar qualquer desafio. — Eu sei que você está tentando ajudar, e eu realmente aprecio isso — respondi, tentando respirar fundo. — Mas eu não posso deixar de me preocupar com a minha vida fora daqui. Meu trabalho, meus amigos, minha família... tudo está lá. — Entendo, Vicky — disse YaoWei, com um olhar de compreensão. — Vamos fazer o melhor que pudermos. Se tiver alguma pista ou se algo mudar, vamos nos adaptar e enfrentar juntos. O importante é que não estamos sozinhos. Vamos usar isso a nosso favor e buscar uma solução. Seu tom calmo e solidário ajudou a aliviar um pouco a tensão dentro de mim. Embora ainda estivesse preocupada, a presença de YaoWei me dava algum alívio. Juntos, daríamos o nosso melhor para desvendar os mistérios deste mundo e encontrar uma maneira de voltar para casa. — Certo, vamos continuar e ver o que encontramos — concordei, sentindo-me um pouco mais confiante. — Obrigada por estar aqui e por tentar me ajudar. YaoWei sorriu e acenou, e seguimos em frente. O horizonte do jogo se estendia diante de nós, e apesar das incertezas e medos, estávamos decididos a enfrentar o que quer que viesse a seguir. Conforme caminhavamos, minhas preocupações voltavam, meus pais iriam enlouquecer quando perceberem que não estou em casa e isso não saia da minha mente. O silêncio entre eu e YaoWei estava ficando insuportável. A tensão era palpável e, eventualmente, YaoWei quebrou o silêncio. — Vicky, por que você está tão preocupada? Não é como se estivéssemos em perigo imediato. É só um jogo, certo? — disse YaoWei, tentando parecer otimista, mas sua frustração começava a aparecer. — Só um jogo? — retruquei, o tom da minha voz mais áspero do que eu pretendia. — Você não entende o que está acontecendo! Eu não deveria estar aqui. Isso não é só um jogo para mim, é a minha vida! E você está tratando isso como uma grande aventura! YaoWei parou abruptamente e me encarou, a raiva crescendo em seus olhos. — Você acha que eu não entendo? Eu estava tão perdido quanto você, Vicky! Mas ficar se lamentando e se preocupando não vai nos ajudar. Precisamos agir e encontrar uma solução! — Agir? — exclamei, meu tom elevando-se. — E o que exatamente você sugere? Sair correndo por aí sem um plano? E se não encontrarmos uma solução? E se eu ficar presa aqui para sempre? — Não estou dizendo para sairmos sem rumo! — YaoWei respondeu, sua voz elevada. — Mas precisamos manter a calma e procurar por pistas. Ficar só reclamando não vai resolver nada. E se você tivesse prestado atenção, perceberia que já encontramos algumas dicas que podem nos ajudar! — Não estou reclamando! — gritei, sentindo a frustração transbordar. — Estou tentando entender o que está acontecendo e encontrar uma forma de voltar para casa. Se você não se importasse tanto com essa "aventura", talvez pudesse se focar em ajudar! YaoWei deu um passo para trás, sua expressão misturando frustração e tristeza. — Eu quero te ajudar, mas você precisa dar uma chance a isso. Não adianta ficar brigando e criando mais problemas entre nós. O silêncio que se seguiu foi pesado, ambos ofegantes e indignados. Olhei para o chão, sentindo uma mistura de culpa e desespero. Era claro que estávamos em um impasse, e a tensão entre nós só fazia a situação parecer ainda mais desesperadora. — Desculpe — murmurei, finalmente. — Eu sei que você está tentando ajudar. Só estou com medo e não sei como lidar com isso. YaoWei suspirou profundamente, a raiva se dissipando um pouco. — Eu entendo, Vicky. Estamos todos assustados. Vamos tentar manter a calma e trabalhar juntos. Podemos resolver isso, mas precisamos encontrar uma forma de cooperar sem deixar que nossas emoções nos atrapalhem. — Certo — concordei, ainda um pouco chateada. — Vamos seguir em frente e ver o que encontramos. Podemos fazer isso, se trabalharmos juntos. YaoWei assentiu, e, com um último olhar de compreensão, voltamos a caminhar. Embora a tensão ainda estivesse presente, havia um novo entendimento entre nós. Era hora de deixar de lado as brigas e focar na nossa missão de descobrir como irei voltar para casa.
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