YaoWei deu alguns passos à frente, sua expressão revelando desespero. Aproximou-se cautelosamente, como se temesse que qualquer movimento brusco pudesse me afastar ainda mais.
— Vicky, por favor, me deixe explicar — disse ele, com a voz embargada.
Observei-o, sentindo uma mistura de raiva e tristeza. Minhas emoções estavam à flor da pele, e o peso da mentira parecia quase físico. As palavras que eu queria dizer se formavam em minha mente, mas eram engolidas pelo turbilhão interno.
— Explicar? — perguntei com um fio de voz. — O que você pode dizer para consertar o que fez?
YaoWei abaixou a cabeça, a culpa estampada em seu rosto. Hesitou antes de responder, claramente lutando para encontrar as palavras certas.
— Eu nunca quis te magoar, Vicky. Eu estava confuso e tomei decisões erradas. Agora vejo o quanto te feri e o quanto isso foi errado.
Meu coração se apertou ao ouvir a sinceridade em sua voz, mas o ressentimento ainda dominava. A confiança, uma vez sólida, agora parecia irreparável. Fiquei em silêncio, sem saber o que dizer. As palavras dele eram um remédio amargo, difícil de engolir.
Finalmente, olhei para ele e falei, com a voz mais firme que consegui:
— Talvez eu precise de tempo para entender tudo isso. Mas, por agora, preciso de distância. Vou procurar a saída sozinha, YaoWei. Procure outra pessoa tão i****a quanto eu para sacrificar.
Ele acenou lentamente, seus olhos ainda fixos em mim, cheios de arrependimento. Sabia que havia uma chance de reconciliação, mas também sabia que seria um caminho longo e difícil. Enquanto me afastava, a única coisa que eu podia fazer era esperar que o tempo ajudasse a cicatrizar as feridas e a clarear minha mente. Eu queria confiar nele, mas talvez isso leve muito tempo ou nunca aconteça.
Caminhei sozinha e, quando olhei para trás, vi YaoWei parado, de cabeça baixa. Senti uma vontade enorme de abraçá-lo, mas era difícil entender que ele queria me sacrificar depois de tudo o que fiz por ele. Eu nunca pensaria em sacrificar alguém, nem mesmo ele. Isso é c***l e injusto; deveria haver outra forma de conseguir o remédio. Mas, por agora, meu foco será encontrar uma saída e que ele se vire sozinho. Eu lutaria fortemente contra a vontade de ajudá-lo. Afinal, ficou óbvio que ele estava ao meu lado apenas para me ver morrer.
Andei por aquela floresta imensa, com árvores grandes e tenebrosas, enquanto o vento fazia as folhas baterem umas nas outras. Andei até não aguentar mais e caí em um longo choro. Minhas pernas ficaram bambas e eu caí de joelhos no chão, desabando ali. Era apavorante estar sozinha em um jogo, com minha família desesperada em casa e sabendo que meu único amigo aqui queria apenas me sacrificar. Minha mente se encheu com um turbilhão de pensamentos que me sufocavam e causavam uma dor aguda no peito. Apertei meus dedos no chão, que estava coberto de folhas secas, mato e terra.
Eu me sentei no chão por um tempo, tentando controlar meu choro e acalmar minha mente. Respirei fundo, tentando afastar o turbilhão de pensamentos que me atormentava. A floresta ao meu redor era silenciosa agora, exceto pelo som das folhas secas sendo sussurradas pelo vento. Levantei com dificuldade, decidida a seguir em frente e encontrar uma saída.
Enquanto caminhava, mantive os olhos atentos para qualquer sinal que pudesse me guiar para fora daquele jogo. O ambiente era opressivo e as árvores pareciam se fechar sobre mim, mas eu estava determinada a não deixar o medo me dominar. Cada passo era um esforço para manter a calma e continuar a busca.
De repente, um som estranho se aproximou, era um rosnado baixo e ameaçador. Sem tempo para pensar, um grupo de criaturas sombrias surgiu entre as árvores, avançando em minha direção. Meu coração disparou, e eu sabia que estava em perigo iminente.
Antes que eu pudesse reagir, um movimento rápido e ágil surgiu à minha esquerda. YaoWei apareceu, lutando com destreza contra as criaturas. Seus movimentos eram precisos e calculados, e ele conseguiu afastar os monstros com eficiência surpreendente. As criaturas recuaram, e, por um momento, a batalha parecia ter terminado.
YaoWei se aproximou de mim, ofegante e com o rosto preocupado.
— Vicky, você está bem? — perguntou ele, tentando encontrar algum sinal de ferimento.
Fiquei em silêncio por um momento, o misto de alívio e irritação lutando dentro de mim. Agradeci mentalmente pela sua ajuda, mas a raiva ainda queimava.
— Eu não precisava da sua ajuda — respondi com a voz firme, tentando esconder a tremedeira. — Eu estou procurando uma saída, e você não tem o direito de interferir.
YaoWei me olhou com uma expressão de preocupação.
— Eu sei que você está chateada, mas não posso simplesmente deixá-la sozinha aqui. Esse lugar é perigoso e eu preciso garantir sua segurança.
— Não é isso — eu disse, meu tom endurecendo. — Você quer me proteger para que eu continue viva e possa ser sacrificada no final. Sua ajuda só me lembra do que está em jogo aqui.
YaoWei ficou em silêncio por um momento, sua expressão mudando para uma mistura de dor e determinação.
— Não é isso que quero. Eu entendo que você não se sente segura comigo e com razão, mas meu objetivo é garantir que você esteja sempre protegida. Eu não quero que nada de r**m aconteça com você. — YaoWei disse engolindo uma palavra atrás da outra, tentando me convencer de que só queria cuidar de mim.
A frustração em minha voz era palpável. Eu o olhava e só conseguia lembrar daquele sacrifico i****a, só conseguia pensar que ele não tem a mesma consideração por mim.
— Então, se você realmente se importa com minha segurança, me dê espaço para encontrar a saída sozinha. Não me use como uma garantia de sobrevivência para depois me sacrificar.
YaoWei hesitou, o olhar de arrependimento se tornando mais evidente. Finalmente, ele acenou lentamente.
— Se é isso que você deseja, eu vou respeitar. Estarei perto, mas não irei interferir, a menos que seja absolutamente necessário.
Com um último olhar de compreensão, ele se afastou, mantendo-se à distância, mas ainda dentro do meu campo de visão. Continuei minha exploração pela floresta, cada passo mais resoluta. Sabia que o caminho seria difícil, mas estava determinada a superar cada obstáculo e encontrar uma maneira de sair daquele pesadelo. O tempo diria se conseguiria reconciliar minhas emoções conflitantes, mas, por agora, minha prioridade era escapar e manter minha própria segurança.